Compre na baixa, beba na alta


A notícia completa você lê no site internacional do canal Deutsche Welle. Não, não vou falar de assuntos tão sérios quanto economia ou política internacional neste espaço, mas chamou-me a atenção o que acontece no DAX-Bierbörse, um bar com sedes em cidades como Hannover, Hildesheim e Bielefeld, todas na Alemanha.
No DAX, o preço das diferentes marcas de cerveja flutua o tempo todo ao longo do dia, ou seja, varia conforme a procura, como se fosse uma bolsa de valores (börse) de cerveja (bier). Se, por exemplo, a Gilde está sendo muito vendida, ela vai ficando mais cara com o passar das horas. Por outro lado, se ninguém pede a Paulaner, ela passa a ser vendida cada vez mais em conta.
Genial, não? Cada vez que fico sabendo de uma história como essa, tenho vontade de perguntar a alguém que acaba de abrir mais um boteco-chique, mais um bar de espetinhos, mais um “pseudopub” (sim, um pub que acha que é pub), mais um lounge nova-iorquino ou mais um bar que serve feijoada com pagode, o seguinte: Cadê a autenticidade? A originalidade? A novidade?
Já temos bons e suficientes estabelecimentos desses e de outros gêneros na cidade. Precisamos de mais do mesmo? Além disso, não é de uma hora para outra que um lugar recém-aberto vai se transformar num Léo, num Frangó, num Bar do Luiz Nozoie ou mesmo num Original.
Se uma vez já dei as dicas para alguém que queira matar um bar (clique aqui), desta vez modestamente escrevo a quem pensa em abrir o seu. Quer copiar alguma idéia, OK, que esta seja realmente muito boa, ou que seja ao menos nova por aqui. Mas não seria mais legal pensar em algo realmente novo e diferente?
DAX-Bierbörse. Boulevard 3, tel. 00XX49-521-5281250, Bielefeld; Hamburger Allee, 4, tel. 00XX49-511-3888440, Hannover; e Am Ratsbauhof, 4, tel. 00XX49-512-1998377, Hildesheim.

50 na cabeça

Esta semana está sendo dada a largada do Boteco Bohemia 2007, o concurso gastronômico que vai agitar o mundo da, como diz o escritor Ruy Castro, “baixa gastronomia”. Diferentemente das edições anteriores, neste ano haverá participação popular já no processo de escolha dos 31 bares que irão concorrer no quesito melhor petisco.

No site www.botecobohemia.com.br há uma lista de 50 estabelecimentos pré-selecionados. O Bar do Luiz Fernandes (foto), vencedor de 2006, é o único classificado por antecipação. Justo. Você tem até o dia 4 de setembro para votar. Tá esperando o quê?

Trancinhas

– A coisa mais difícil é você se apaixonar e alguém se apaixonar por você ao mesmo tempo. É difícil. Eu me apaixonei desse jeito umas 4 ou 5 vezes, cara.
– É mesmo?
– Paixão é uma coisa meio estranha.

Escutei esse trecho de conversa numa noite dessas, quando fui ao Tiro Liro. Descendente do já afamado Dona Felicidade, é um bar que existe há quatro anos e fica numa bucólica esquina, na qual os funcionários instalam três ou quatro mesas na calçada, que não atrapalham o tráfego, porque ele praticamente inexiste naquele sobe-e-desce de Perdizes.

– Aí ela foi namorar lá com o mané, né? Um imbecil. Eu me lembro até hoje, cara, das trancinhas dela. Me apaixonei, primeira série, cara, primeira série.

No pequeno salão há mais uma dúzia de mesas, que se espalham de frente para o belo balcão de madeira e granito no qual ficam a chopeira (chope apenas razoável, R$ 3,50) e a vitrina de acepipes (100 gramas, R$ 4,10). Ali chama atenção uma vistosa sardinha a escabeche.

Não encarei uma dessas, mas optei pela fina lingüiça a Augusto (R$ 16,00) que, de modo artesanal, é preparada com carne de porco e pimentão. À mesa, chega misturada com cebola, numa chapa quente. Uma delícia, assim como a caipirinha montada em copo longo (R$ 9,00 com vodca).

O Tiro Liro nunca ficou abarrotado, não é um bar de modinhas. É daqueles refúgios de bairro, protegido das vias mais movimentadas e que normalmente se prestam a uma happy hour calma e a um fim de noite tranqüilo. Tão tranqüilo que serve como cortesia os diálogos de fregueses sensíveis, a exemplo desse dos amigos que falavam de paixão.

– Na oitava série ela começou a sair com o tal mané. Aí veio a decepção: ela ficou grávida do cara!

A eles peço desculpas pela minha bisbilhotice, mas aqui cabe uma explicação pela indelicadeza: adquiri esse hábito de xeretar a conversa alheia por estar muitas vezes sozinho nos bares. Por sugestão de um amigo, expert no assunto, acabei aprimorando esse dom de ouvir o que não queria.

– Anos depois me achou na internet. Agora tem dois filhos. Era das mais inteligentes da escola. Deu dó, sabe?

Com a garrafa de uísque 8 anos já pela metade, os amigos se despedem com um aperto de mãos, que logo se transforma em um abraço. E vão embora, um pela Rua Cotoxó, o outro pela Cajaíba.

– A gente é muito certinho, cara.

Tiro Liro Rua Cotoxó, 1185, Perdizes, tel. 3868-3551. 17h/1h (sáb. 12h/20h; fecha dom).

2000 vezes Frangó

Foto: Ricardo D’Angelo

A partir desta quinta-feira (2), estará à venda no Frangó um lote único da cerveja La Trappe Tripel Reserva Especial Frangó. São duas mil garrafas de 750 ml produzidas no mosteiro de Onze Lieve Vrouwe van Koningshoeven, na Holanda, em comemoração aos 20 anos do bar paulistano.
Uma das raras cervejas do tipo trapista elaboradas fora da Bélgica – não chegam a dez as marcas desse tipo no mundo –, a La Trappe é feita em várias versões. Esta Reserva Especial é uma bebida clara, de alta fermentação e encorpada: tem 8% de álcool. “O aroma e o sabor são complexos, e na degustação aparecem notas cítricas”, comenta Cassio Piccolo, um dos donos do Frangó. “Deve ser degustada a uma temperatura entre 8 e 10 graus.”
O namoro entre a La Trappe e o Frangó começou em abril de 2006. Piccolo foi conhecer a fabricação da cerveja in loco e voltou da Holanda com uma boa novidade: é o único bar a servir, com exclusividade, o chope da marca em São Paulo. Agora, quando a casa completa sua segunda década, a La Trappe envia esta série da cerveja, cujas garrafas têm o rótulo personalizado e texto bilíngue, português e holandês.
Quem quiser degustar a La Trappe Tripel Reserva Especial Frangó diretamente no bar vai pagar R$ 56,00 pela garrafa. Se levar para casa, o valor cai para R$ 47,00. Um presentaço.

Frangó – Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó, 168, Freguesia do Ó, tel. 3932-4818.