Bar do Torto, em Santos Foto: Alexandre Schneider
No tempo em que eu usava camiseta preta com nome de bandas como Deep Purple, Black Sabbath, Nirvana e Metallica, eram ainda raros os shows desses grupos no Brasil.
Era início dos anos 90 e, assim que era anunciada a chegada de um desses nomes, eu e meus amigos começávamos a juntar dinheiro para encarar as filas monumentais para comprar o ingresso – geralmente, claro, para o setor mais barato e mais distante do palco. Ainda assim, sabendo que de nada adiantaria, no dia do show chegávamos quatro ou cinco horas antes dos primeiros acordes.
Enquanto esperávamos o grande dia, nos contentávamos com as apresentações de bandas cover em bares como o Café Piu-Piu, o Café Aurora, o Black Jack Rock Bar e até o Fofinho Rock Club.
Ou seja, os bares em que havia música ao vivo eram o lugar onde podíamos fazer, sem nenhum constrangimento, nossas delirantes performances de air guitar ou de batera nas coxas.
Neste sábado, 24, o Deep Purple faz sua oitava escala em São Paulo para um show e eu vou estar lá, frente a frente com Ian Gillan, Ian Paice e Roger Glover pela quarta vez. É o primeiro grande show de rock do ano. Na semana seguinte tem Iron Maiden.
A bem da verdade, no som do carro tenho escutado mais um jazzinho e até música clássica, mas vou tentar achar um tempinho para dar um pulo num dos bons bares de rock da cidade a fim de afinar a garganta.
Como versa um dos milhões de clichês do gênero: “o rock ainda corre nas veias”.
A seguir, vai a lista dos melhores bares de música ao vivo de todas as cidades em que publicamos as edições VEJA – O Melhor da Cidade e os respectivos links.
São Paulo
Baretto: é um dos bares mais refinados da cidade, logo, nunca um guitarrista de rock deu canja por lá. Mas é possível ouvir, diariamente, standards de jazz e canções de MPB tocados por músicos competentes. Nomes como Bobby Short, Marina Lima e Caetano Veloso já se apresentaram lá.
ABC
Mansão Kaufmann: fica no “A”, ou seja, em Santo André.
Belém
Café Imaginário: o repertório privilegia jazz e blues, mas abre espaço para outros gêneros.
Belo Horizonte
Vinnil Cultura Bar: na Savassi, funciona em uma construção dos anos 40.
Brasília
Calaf: ganhou também o título de melhor bar para paquerar.
Campinas
Casa São Jorge: no balcão há uma imagem do santo que dá nome à casa, eleita também o melhor bar para dançar.
Curitiba
Santa Marta: cada noite há uma programação diferente.
Espírito Santo
Jazz Café: fica na Praia do Canto, em Vitória, e, apesar do nome, há jazz mesmo só às terças. Nos demais dias, rock, pop e MPB.
Manaus
Aqui há um empate, entre o All Night Pub e o Ton Biz.
Natal
Shock Bar: tem clima praiano, mas fica no bairro de Petrópolis.
Porto Alegre
Opinião: existe desde os anos 80. Em seu palco já subiram, mas faz tempo, nomes como Cazuza e Lobão.
Praia – Baixada Santista
Torto: já ouviu falar dos prédios de Santos que são inclinados? Pois é, o bar fica num dos mais tortos da orla.
Recife
UK Pub: é preciso ter dose dupla de paciência se quiser ter acesso à casa. Desde que abriu, vive lotada. Papou também os títulos de melhor bar para dançar e para paquerar.
Rio de Janeiro
Trapiche Gamboa: em plena zona portuária, no bairro da Saúde, a roda de samba rola num casarão de 1867.
Salvador
Bahia Café Aflitos: de quebra, tem vista para a baía de Todos os Santos.
Santa Catarina
Jinga Bar: fica na Lagoa da Conceição e pertence a um baterista, que conhece os melhores músicos do pedaço, ou seja, garantia de bons sons.
Mar & Montanha (Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira e Litoral Norte de SP)
Em São José dos Campos (Vale), o melhor é o Anexo da Nena.