Vinho e comida de boteco

Foto: Ricardo Toscani

Desde meados do ano passado, faço parte de um grupo que se reúne uma vez por mês para degustar vinhos.

Um dos intuitos dessa confraria ainda sem nome, composta por cinco amigos – agora somos seis – é descobrir e visitar restaurantes e bares de boa relação preço-qualidade e, nesses lugares, harmonizar a comida da casa com vinho.

Já fomos, por exemplo, ao Mocotó (receitas sertanejas), à cantina Pasquale e ao Del Mar (boteco espanhol).

Cada um de nós tem de levar uma garrafa e, muitas vezes, até mesmo os copos mais adequados para provar a bebida já que nos lugares mais simples a gente encontra copo americano – e olhe lá.

Ontem à noite, embora desfalcada de dois confrades, nossa turma fez algo ousado: propusemo-nos a combinar vinho com comida de boteco. Escolhemos como a casa da vez o Veloso, boteco na Vila Mariana do qual já falei algumas vezes aqui no blog.

Éramos quatro e os quatro vinhos – que cada um comprou ou escolheu previamente de suas adegas particulares – foram: Pizzato Chardonnay 2006 (branco) e Salton Talento 2004, nacionais; mais o chileno Panilonco Carménère 2005 e o champanhe Tattinger.

Entre os petiscos, provamos bolinhos de bacalhau, bolinhos de camarão com catupiry, coxinhas, bolinhos de arroz com lingüiça, sanduíche de lingüiça moída, bolinhos de carne e empadinhas de palmito. Tudo muito bom, apenas o bolinho de bacalhau um pouco aquém dos demais.

Provamos o vinho branco acompanhando os bolinhos de bacalhau e os de camarão – boa combinação.

Os demais tira-gostos foram degustados com os tintos e, de todas os cruzamentos, o mais interessante foi o do Salton Talento com os bolinhos de carne. Na boca, grosso modo, a mistura deixou um agradável sabor de bala de café (“retrogosto” é como os experts em vinho falam dessa sensação que a bebida deixa depois que ela é engolida). Na harmozinação com a empadinha, o grupo notou um sabor de goiaba.

Todos os petiscos, obviamente, casaram-se perfeitamente com champanhe.

O próximo encontro dessa confraria deverá ser em uma churrascaria. Espero que, até lá, a gente já tenha lhe dado um nome.

Veloso. Rua Conceição Veloso, 56, Vila Mariana, tel. (11) 5572-0254.

6 thoughts on “Vinho e comida de boteco

  1. Nossa… voces comem, hein?Desculpe, mas nao achei a sua ideia NADA criativa, a de provar petiscos com vinho. É claro que vai funcionar, dado que os vinhos e os petiscos sejam de boa qualidade. É isso que fazem (já fazem há muito tempo), pessoas na Franca, Italia, Espanha, e muitos outros paises, pessoas que em geral bebem vinho diariamente. Voce está achando que “descobriu a America”??? Tente algo mais criativo da proxima vez e quem sabe terá um pouco mais da minha atencao como leitora da Veja. Fora isso, boas baladas e comilancas com os seus amigos!

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  2. Cara leitora “anônima”,Você tem toda razão. Combinar petiscos, tapas e pintxos, por exemplo, com vinhos é um hábito espanhol arraigado. Tanto é que existem excelentes “bares de tapas” e “bares de copas” em todas as regiões do país. Na Itália, da mesma forma, é possível encontrar um sem-fim de bares e cafés com cardápio de antepastos e uma boa e seleta carta de vinhos. Sem falar na França e até mesmo na cervejeira Alemanha, país em que qualquer baiúca terá rótulos interessantes a vender. Além disso, grande parte do que seriam os botecos de lá sabem armazenar a bebida e servi-la em copos adequados. Obrigado, volte sempre e pode deixar: beber e comer em companhia dos amigos é um dos meus maiores prazeres!Miguel Icassatti

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  3. Caro Alexandre,Alguns estabelecimentos cobram a chamada taxa de rolha caso o cliente queira levar seu própio vinho. Outros simplesmente não aceitam e há também lugares como o Veloso, que não cobram nada.No entanto, uma regra básica de etiqueta deve ser cumprida: jamais leve um vinho que seja vendido pelo restaurante. Quanto á coxinha, opa!, fez parte da degustação sim.Abraço!

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  4. Obrigada pela sua super educada resposta, Miguel. Só por isso, vou continuar acompanhando as suas aventuras. Uma vez, por uma critica muito mais amena que fiz a um colunista da “Revista da Folha”, eu recebi uma resposta super fresca dizendo “que mau humor, hein!”. Bom, desejo a voce sucesso nas suas aventuras, mas gostaria de ainda mais ousadia. Quem sabe conseguimos um maior incentivo a tornar a ideia de “levar a sua propria garrafa de vinho a um restaurante” menos repugnante para alguns estabelecimentos, ainda cumprindo todas as regras de boa educacao (como por exemplo nao levar um rotulo presente na carta).Até.

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  5. Cara “Anônima”,Obrigado a você por sua atenção. Uma das boas razões de ser blogueiro é esta mesmo, a de aproximar quem escreve de quem lê. Sempre que tiver alguma idéia ou crítica, por favor, escreva.Um abraço e bom fim de semana.

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