No fim de semana passado estive em Salvador para o casamento de uma grande amiga – aliás, pelas minhas contas, nos últimos onze meses assisti a doze, eu disse doze!, casamentos…
Sábado de manhã decidi almoçar no Porto do Moreira, que conheci no fim de 2006, dias antes do inesquecível réveillon que passei na capital da Bahia. A casa fica num largo na região central, que no Carnaval integra o circuito de trios elétricos do Campo Grande.
Em 2008 completa 70 anos, os mais recentes sob a administração dos filhos do português José Moreira, que foi até citado no romance “Dona Flor e Seus Dois Maridos.”
Desta vez encontrei-me com meu amigo Caio, irmão da noiva e chapa dos caras da Nação Zumbi, com quem dividia duas mesas instaladas lado a lado, perto do balcão. Arrastamos uma terceira mesa e juntei-me a eles.
Ao chegar ao Porto do Moreira, os talheres cruzados mostravam que os ‘cabras’ tinham passado bem: Jorge Du Peixe elogiava a fantástica galinha ao molho pardo enquanto Lúcio Maia olhava vidrado para a panela de pedra que trazia, àquela altura, só o caldo da moqueca de camarão.
Como cheguei tardenão consegui provar a galinha – tive de puxar da memória a experiência de um ano e meio atrás.
Experimentei, então, o bacalhau a martelo (R$ 42,00), desfiado e temperado com cebola, coentro e azeitona. E acompanhei a moçada em várias cervejas.
Enquanto estava naquela maresia, fazendo a digestão, fiquei observando o ambiente. Um corredor com paredes de azulejo branco, alguns com o nome da casa gravado, acomoda dez ou doze mesas. Tem uma simplicidade autêntica, que se traduz nos pratos de pescado, moqueca e de carnes do sertão nordestino, como bode e carneiro.
Um dos quadrinhos na parede emoldurava um telegrama recebido em meados de 1996. Dizia mais ou menos assim: “Emocionado ao ver matéria no Fantástico. Saudades do Moreira.”
Remetente: Jorge Amado.
Porto do Moreira. Largo do Mocambinho, 488, Carlos Gomes, Salvador, tel. (71) 3322-4112.