
Sete horas depois que entrei no táxi e pedi ao condutor para tocar até o aeroporto de Congonhas, às 6h45 da manhã de quinta-feira passada, cheguei à quente, úmida, cheirosa e surpreendente capital do estado do Pará para participar do evento de lançamento de Veja Belém – O Melhor da Cidade.
Mal deixei as malas no hotel e segui para o Mangal das Garças, um parque à beira do rio Guamá, que abriga um borboletário, um viveiro de pássaros e o restaurante Manjar das Garças, cuja cozinha recebeu consultoria do chef Rodrigo Martins (do Pomodori e Pomodori Wine Bar, de São Paulo).
Vatapá, filhote (um peixe amazônico) no tucupi e salada de camarãozinho foram alguns dos itens que pedi – e repeti – do bufê. O fato de a casa pertencer aos mesmos donos da Cervejaria Amazon Beer fez com que eu pedisse logo um copo do fresquíssima e leve chope Pilsen da marca. Boa parte do sucesso dessa boa cerveja deve-se à expertise do mestre-cervejeiro Reynaldo Fogagnolli, que trabalhou na extinta Cervejaria Continental, de São Paulo, e na Universitária, de Campinas.
O chopinho do almoço, a menos de uma hora de meu desembarque em Belém, foi um sinal de que as 26 horas seguintes prometiam…
Logo após o evento de Veja Belém, seguimos em caravana (eu e meus colegas da área de marketing) para a fabulosa Estação das Docas, um antigo armazém do porto à beira da baía do Guajará, que foi restaurada e hoje abriga, lado a lado, alguns dos melhores bares e restaurantes da cidade.
Ali, fiz um rápido pit-stop na Cervejaria Amazon Beer (olha ela aí de novo). O bacana do lugar é que os tanques de cobre e de aço inoxidável, nos quais a cerveja é produzida, ficam à vista do público.
De lá segui para a Taberna São Jorge, onde o garçom gente-boa conseguiu achar, no fundo da geladeira, as duas últimas garrafas de Cerpinha para me servir. É incrível como há diferença entre beber essa cerveja aqui em São Paulo e lá na terra em que é feita. Como as garrafas passam dias viajando de caminhão, balançando e tomando chuva e sol, chegam aqui deterioradas, com espuma defeituosa e não-raro com gosto de choca, passada. Em Belém, não: estava perfeita, refrescante. Tão boa quanto os bolinhos de feijão (feitos de farinha de mandioca e feijão-preto amassado), que fizeram, entre outros petiscos, com que a casa fosse eleita o melhor boteco e o melhor bar para petiscar na cidade.
Não sei quanto tempo fiquei ali no bar, que está localizado em plena Cidade Velha – o entorno me lembrou muito a região de Havana Vieja, em Cuba – , só sei que a hora voou a ponto de o bar ter encerrado o expediente comigo ali dentro.
A saideira seria no Bar do Parque, que é um ponto histórico da boemia belenense. Reza a lenda e contam meus amigos de lá que este bar 24 horas só fecha no segundo domingo de outubro, quando a multidão que segue a imagem de Nossa Senhora de Nazaré passa por ali em procissão, durante o Círio. Suas mesas e cadeiras de ferro preenchem uma espécie de deque elevado sobre a praça da República. Por um momento, sob aquelas árvores todas e após algumas cervejas, cheguei a achar que aquele lugar lembrava a praça em que está a Biblioteca de Nova York, entre a Quinta Avenida e a Rua 42 – juro que naquela mesa havia quem concordasse comigo.
Na manhã seguinte, antes de embarcar de volta a São Paulo, tive duas horas livres nas quais caminhei novamente pela Estação das Docas até o Mercado Ver-o-Peso. Nessa secular feira de produtos amazônicos comprei castanha-do-pará e tratei de me precaver da inveja alheia, abastecendo-me na barraca da Miraci com garrafadas coloridas com elixires do “Anjo da Guarda”, “Contra olho gordo” e “Desatrapalha”. Depois de uma chuva absolutamente inesperada, estava demorando…, despedi-me da cidade no Boteco das Onze (foto), bar-restaurante que fica na Casa das Onze Janelas, um prédio do século XVIII que abriga um museu e dá vista para a baía do Guajará. Assim como na chegada, provei uma posta de filhote, desta vez com um delicioso purê de macaxeira.
A caminho do aeroporto ainda tive tempo de prometer ao taxista – um sósia do Wando e fã do The Fevers, conforme revelou a capa do CD esquecida no painel –, que da próxima vez que eu for a Belém irei contar com os serviços dele. Se Deus quiser haverá ao menos uma próxima.
Amazon Beer. Estação das Docas, galpão 1, Campina, tel. (91) 3212-5401.
Bar do Parque. Rua da Paz, s/n, Praça da República, tel. (91) 9147-0594.
Boteco das Onze. Praça Frei Caetano Brandão, s/n, Complexo Feliz Lusitânia, Cidade Velha, tel. (91) 3224-8599.
Manjar das Garças. Parque Ecológico Mangal das Garças, Cidade Velha, tel. (91) 3242-1056.
Taberna São Jorge. Travessa Joaquim Távora, 438, Cidade Velha, tel. (91) 8146-4546.