Elas não deslizam de patins pelo salão do bar nem usam maiôs e saiotes como as garçonetes do Hooters. Duvido que tenham posado nuas para a Playboy, caso das hostesses do Na Mata Café. Improvável que, para servir pratos, bebidas e carregar bandejas, tivessem de apresentar seus books ao gerente. As garçonetes do centenário Café Paris, que existe desde 1882 numa rua próxima à prefeitura de Hamburgo, não tem os traços da Ana Paula Arosio nem o corpo da Juliana Paes. E esqueça, leitor: estão longe de ser exemplares daquela linha de montagem de onde saíram über models como Heidi Klum ou Claudia Schiffer.
Ainda assim – ou por não corresponder a nenhuma dessas expectativas – são lindas. Cada uma a sua maneira, tornam-se mais belas ainda quando se deixam notar por seus (perdão, leitoras) defeitos.
Uma delas, a que me emprestou a caneta para que eu tomasse as notas para escrever este post, vê-se logo, deve ter problemas com a balança. Coisa pouca, com a qual não deveria se preocupar. Ao deixar o primeiro copo de Duckstein (cerveja do tipo altbier, ou seja, de alta fermentação, cor vermelha), sua colega sorriu e por um segundo vi uma pedra brilhante colada num dos dentes caninos.
Magra, frágil, com um pescoço quase tão longo como o da Olivia Palito e dona de olhos grandes, arredondados e que se destacavam no rosto branquelo, a terceira garçonete, que me trouxe a segunda cerveja, o café e a conta, pareceu-me a mais graciosa de todas.
Por seu nariz, digamos, bem proeminente, se fosse retratada em uma pintura, pode ser que o artista chegasse a pensar que errou a pincelada logo ali, no meio do rosto dela. Se fosse um gênio como Vermeer, saberia que estava diante de sua moça com brinco de pérola.
Café Paris. Rathaustrasse, 4, tel. 00XX49 0403252-7777.