Passei cinco dias da semana retrasada em Campinas, onde pude conhecer os melhores bares, restaurantes e casas de comidinhas locais. Ontem retornei à cidade para o evento de lançamento da quinta edição anual de Veja Campinas, que, aliás, chega às bancas neste sábado.
Não mais que uma hora de estrada separam São Paulo e a cidade que, pela primeira vez, pude explorar com alguma calma. Hospedei-me próximo ao Bosque dos Jequitibás, um míni Parque da Água Branca ao qual fugi em três fins de tarde. Corri em meio a cotias livres pelas alamedas e pude ouvir, de onde quer que estivesse, o rugido da leoa enquanto o maridão dormia o sono dos felinos. Caminhei muito pelo bairro do Cambuí – os Jardins de lá – e pelo centro.
Nesse perímetro está um dos dois botecos universais de Campinas. O outro fica no Taquaral, região norte. Esse conceito um tanto megalomaníaco e abstrato é inspirado numa lista que o globetrotter David Drew Zingg fez, em sua coluna da revista Playboy em abril de 2000, com os melhores bares do mundo. No rol de tio Dave estavam lado a lado, por exemplo, o Bofinger, que para os pragmáticos é uma brasserie, na Bastille, em Paris, e o Bar Léo.
“Quando o velho bebedor de cerveja Tio Dave bater as botas, ele espera que seu espírito seja enviado para o Bar Léo. Ali, ele tem certeza, será feliz para todo o sempre”, disse.
Em minha opinião, tio Dave quis dizer o seguinte: “para um bar pertencer a esta lista ou ser chamado como tal, seu balcão, seu barman, sua cerveja, seus petiscos ou seus drinques devem ter uma verdade, uma alma, um selo de qualidade incomensurável, um elo que os una e que os torne como que integrantes de uma confraria intangível.”
O que há de comum, por exemplo, entre o Léo e o Bofinger? É algo inexplicável, que somente horas e horas gastas em um balcão de bar trarão a explicação.
Pois em Campinas, eu dizia, há pelo menos dois botecos universais. São eles o Nosso Bar (que nome maravilhoso!) e o Bar do Cação.
O primeiro foi eleito o melhor bar de happy hour da cidade. Fica num corredor lateral do Mercado Campineiro, tem um cardápio com cerca de 160 cervejas, além de uns 50 vinhos na carta, e não mais que um balcão em formato de L para que o público se acomode. Faça o que for possível para sentar-se numa das banquetas, reserve um minuto de silêncio, peça uma caneca de Krombacher (peça duas e ganhe a terceira) e você vai entender o que David Zingg quis dizer.
O Bar do Cação, ou Cação Chopperia, tem aquele ar pueril das manhãs de sábado, quando muitas vezes uma Coca-Cola cai melhor do que a primeira dose do dia. Giulio, o filho do fundador e atual administrador do local, é uma espécie de devoto. Entre o balcão e as mesas, recebendo muito bem quem chega à sua casa, ele está lá todos os dias, servindo chope e camarão empanado aos fregueses, religiosamente.
Cação Chopperia. Avenida Armando Sales de Oliveira, 55, Taquaral, tel. (19) 3255-7346.
Nosso Bar. Rua Barão de Jaguará, 988, boxe 2 (Mercado Campineiro), centro, tel. (19) 3233-9498.