No fim de semana começou a temporada 2008-2009 da Bundesliga, o campeonato alemão de futebol, que se divide entre a primeira e a segunda divisões.
E, meninos, eu estava lá, na arquibancada recém-inaugurada do estádio do St. Pauli, para o jogo de estréia do time da casa, contra o Osnabrück, pela segundona. Em 2010, o clube vai completar 100 anos e, nesse século de vida, passou pouquíssimo tempo entre os grandes do país.
Em uma nota anterior, eu disse que o clube é um misto de Juventus e Portuguesa. Preciso reformular essa definição, já que vejo um pouco de cada um dos times paulistanos na alma do St. Pauli.
As porções Lusa e palestrina, por exemplo, se devem ao fato de que seu acanhado estádio está incrustado num bairro próximo ao centro, acessível por metrô. Com a nova arquibancada (ingressos com lugares marcados a 38 euros), a capacidade passou para 24 000 pessoas – no jogo, que aconteceu às 18h de sexta-feira, havia 22 210 torcedores.
Essa gente toda reunida, num horário em que as pessoas deveriam estar indo ao bar para a happy hour e não a uma partida de futebol, lembra, devo admitir, a devoção que a Fiel torcida tem pelo Corinthians. Nem nos piores momentos – como o atual, hehe – os fãs desses dois times os abandonam. Aliás, o St. Pauli só não fatura mais com venda de camisetas e merchandising do que o todo-poderoso Bayern de Munique.
Além do nome, há outra coincidência entre o St. Pauli e o meu tricolor paulista: suas cores também são três, no caso, marrom, branco e vermelho.
Para entender a porção juventina, aqui vai uma inconfidência: assim como vi na Rua Javari, há cerveja à venda, com a diferença que na Alemanha o comércio é permitido. Meus amigos Dinho Luiz e Jones Rossi hão de lembrar do clássico Juventus e Nacional que assistimos uns dois anos atrás, numa manhã de domingo, e dos torcedores formando fila para comprar sua Antarctica (ou seria outra?).
O do St. Pauli, convém dizer, é o único estádio alemão que tem o aval para a presença de bebida alcoólica. Além de estar à venda nos bares das sociais, homens como este aí da foto circulam pela área de acesso à platéia carregando os barris de cerveja nas costas (3 euros o copo da Astra, patrocinadora do time).
Assistir a um jogo como esse é uma experiência e tanto. O St. Pauli entra em campo, perfilado, ao som dos sinos e dos acordes iniciais de Hell’s Bells, do AC/DC! A cada gol, o DJ do estádio coloca nas caixas de som o riff de Song 2, do Blur.
Até fecharem-se as cortinas, como dizia Fiori Giglioti, há emoção: aos 15 minutos de jogo o St. Pauli ganhava por dois a zero, mas o Osnabrück empatou. Aos 45 do segundo tempo, os visitantes quase marcaram o gol da virada, mas o homem do placar, acostumado com os revezes do time, não hesitou: tacou lá o 2 a 3.
Mas voltou atrás a tempo de corrigir e de comemorar, num dos bares da vizinhança, o glorioso 2 a 2.