Antes que a Rua Joaquim Távora se transformasse no principal corredor boêmio-gastronômico da Vila Mariana, o Barxaréu já estava ali, de portas abertas, na esquina com a Rua Rio Grande.
Em meio a edifícios residenciais de vinte e tantos andares, habitados por paulistanos de classe média-alta, e quase colado ao prédio da pós-graduação da ESPM, era o endereço mais simplório da vizinhança.
A maior parte de suas mesinhas ficava espalhada pela calçada porque, além de a área externa ser mais agradável, lá dentro havia um balcão de madeira sobre o qual repousava uma boa dúzia de potes de vidro com conservas muito bem-temperadas. Havia um para o picles, outro para o queijo, sem falar no daquelas deliciosas batatas-bolinhas curtidas no azeite com pimenta.
Esse balcão cumpria dupla função: como em todo boteco que se preze, era ponto de encontro, mais, de entrosamento. Era possível chegar sozinho, pedir uma cerveja e se ninguém viesse puxar papo com você, o anfitrião, Paulinho Meirelles, tratava de contar uma piada – e olha que o sujeito conhecia umas boas… Além disso, o balcão era o alívio imediato a quem chegasse com fome ao bar. Enquanto esperava pelos sequíssimos bolinhos de abóbora com carne-seca, o freguês enganava o estômago com as tais conservas.
Pois voltei ao Barxaréu, depois de uns dois anos, no fim da tarde de domingo. Soube que o Meirelles não está mais lá. E vi, e lamentei, que no lugar do velho balcão havia… o nada. Para acomodar mais três ou quatro mesinhas, o balcão se foi, as batatinhas, os picles também. (Ao menos chegaram ao cardápio o delicioso escondidinho e os pasteizinhos de gorgonzola com camarão.)
Não sou contra reformas ou recauchutagens mas não me conformo com o tipo de transformação que rouba um punhado da alma de um lugar. Lamento que isso aconteça cada vez mais com restaurantes, com estádios de futebol, com a rua em que morávamos, com as praças.
E quando não reconheço mais um dos meus botecos preferidos, então, só me restam, mesmo, as mesinhas na calçada.
Barxaréu. Rua Joaquim Távora, 1150, Vila Mariana, tel. (11) 5539-2444.
Já foi no Paralelo 12:27?Depois dá uma passada no meu blog pra ler a respeito..http://botequeiros.wordpress.comÉ mto bom, cara…vale a pena mesmoAbraços
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Olá Miguel, não pode haver nenhuma discordância que o dono do bar ou boteco está ali para ganhar dinheiro. Mas há um certo exagero em procurar conquistar clientes passageiros que vão “lotar” apenas no começo e depois vâo procurar outros de “gente bonita”. Certas tradições não podem ser abandonadas. Grande abraço, José Maia
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Olha se tratando de Vila Mariana, prefiro o Barbirô…lá os petiscos são diferentes…chega de batata frita, bolinho ..fui lá e comi o tal pastel de feijoada…show de bola…depois os esfomeados da mesa pediram uma asinha desossada e recheada com bacon…pensei que era hist´ria de pescador..adorei…e além do ótimo atendimento tinha uma banda dos anos 60…me esbaldei…um abraço
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também não reconheço mais o barxaréu. muito menos os bolinhos, que andam pra lá de oleosos. Nem tive coragem de votar no boteco bohemia. Na Vila Mariana, fico com o Ypê. Cerveja gelada, sanduíche fantástico e atendimento nota 10!
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