Floripa do sul

Um ano atrás, na edição de 19 de setembro de 2007, Veja publicou uma reportagem sobre o estilo dos milionários, muitos deles paulistas, aliás, que vivem no condomínio de Jurerê Internacional. Nessa área, uma espécie de Miami brasileira surgida na parte norte de Florianópolis, vêem-se mansões espetaculares, todas com seus dois ou três carros importados estacionados na garagem. A partir da ponte Hercílio Luz ou do aeroporto, quem chega à capital catarinense e segue para essa região mais setentrional da ilha, se encanta pelo cenário que exibe vias urbanizadas, com prédios modernos de um lado e, do outro, a orla, com as manezinhas (ah, as manezinhas…) caminhando, se alongando ou correndo.

Pois no lado oposto da ilha, cerca de 30 quilômetros dali, há uma Floripa de ruas estreitas, cercada de casebres e ar interiorano por todos os lados. Mesmo na temporada, é possível encontrar certa dose de sossego por ali. Dois bairros emblemáticos desse pedaço que parece ter parado no tempo são Ribeirão da Ilha, famoso pelo cultivo de ostras, e Pântano do Sul. E é nesse finzinho de mundo que fica um dos bares mais bacanas da cidade, ao qual pude voltar na terça-feira passada, depois seis anos.

Conhecido em toda a cidade (o taxista que me buscou no aeroporto sabia, é claro, chegar lá antes que eu terminasse de dizer o nome do lugar), o Bar do Arante fica exatamente no fim da rua que dá acesso à praia de Pântano do Sul.Dependendo da hora que se chega até ele, é necessário ter de desviar dos barcos que os pescadores puxam para longe da areia, a fim de escapar da subida da maré.

As paredes e o teto do bar são revestidas por milhares de pedacinhos de papel, com mensagens deixadas pelos clientes – uma herança dos tempos em que os primeiros fregueses que acampavam na praia passavam por ali e deixavam recados para seus companheiros. O salão amadeirado, com janelas vedadas de frente para o mar verde-azulado, pelas quais é possível ver gaivotas brigando por um naco de uma carcaça de peixe, faz lembrar uma cabine de uma embarcação.

O cardápio traz um festival de opções com peixes e frutos do mar. A melhor coisa a fazer, para experimentar de tudo um pouco, é optar pela (longa) seqüência de frutos do mar, uma espécie de menu-degustação.

O banquete à beira-mar começa com anchova frita. Em seguida vêm, de uma vez, camarões no bafo, ao alho e óleo e a milanesa, iscas de peixe-espada, mariscos (na falta desse item, comi um pastel de camarão), casquinha de siri e ostra gratinada. Quando você pensa que acabou, chegam dois filés de peixe ao molho de camarão, com salada, pirão e arroz. Antes que o leitor pense que exagerei, digo que esta é a porção para uma pessoa, segundo o cardápio.

Mas duas pessoas ficam bem satisfeitas com tanta comida, bem feita, ainda mais quando souberem que terão de pagar 39 reais pelo pedido (19,50 para cada um).

Bar do Arante. Rua Abelardo Otacílio Gomes, 254, Pântano do Sul, Florianópolis, tel. (48) 3237-7022.

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