Contra a gastromonotonia

Não me lembro exatamente do dia em que parei no semáforo do cruzamento da Apinajés com a Piracuama, em Perdizes, e reparei que a videolocadora e a pizzaria que dividiam o imóvel da esquina não estavam mais ali.

Como a casa da minha mãe fica a três quarteirões daquele ponto, fui acompanhando, aos poucos, a transformação do local no que hoje é o Gabiroba.

Quando o bar foi aberto, três semanas atrás, minha primeira impressão não foi das melhores: “lá vem mais um boteco como tantos outros, desses com cara bonitinha, bebida mais ou menos e que não conseguem servir nada além dos bolinhos de abóbora com carne seca e pasteizinhos de sempre”, pensei.

Pensei e, felizmente, pensei errado. Se a decoração não chega a supreender – basicamente, há um salão com algumas mesas diante de um balcão recuado e um aparelho de TV ligado, cercado por uma varanda em formato de ‘L’–, o cardápio foge da mesmice que caracteriza muitos dos bares de hoje em dia.

Não espero que um bar tenha um daqueles enormes menus de cantina italiana, mas espero sempre por algo novo, uma tendência, um tira-gosto criativo, bem-feito e saboroso. Algo que me tire de uma certa ‘gastromonotonia’ –, com o perdão do neologismo.

Sim, no Gabiroba há saladas, como a ceasar (R$ 16,50), mas aqui ela leva deliciosas fatias de rosbife no lugar do frango. No preparo do rosbife, o chef Davi Costa deixa a peça de lagarto marinando em uma mistura de vinha d’alho e ervas por doze horas. Em seguida, sela na frigideira. A carne resulta em um miolo róseo, suculento, com a parte externa bem-passada e bem-temperada. Ótima opção de entrada.

Uma das especialidades do barman Marcos, por exemplo, é o pisco sauer (R$ 12,90), drinque que combina pisco (destilado de uva moscatel, típico do Peru e do Chile), limão, açúcar, clara de ovo, angostura e gelo. Mas ele, que trabalhou três anos na churrascaria Vento Haragano, também prepara uma boa caipirinha (R$ 11,90).

E tem ainda empadão goiano (recheado com frango, calabresa e palmito, R$ 21,90), siri cremoso (que lembra um escondidinho, coberto por purê de mandioquinha, R$ 24,90) e cinco tipos de lingüiças artesanais recheadas. Esses enchidos são feitos por um dos sócios do bar, de forma artesanal. Além de três variações de toscana (apimentada, frango e fina), há a de erva-doce e a da casa, temperada com vinagrete desidratado. Gostosas, mas poderiam ter menos gordura.

Outros poucos ajustes podem ser feitos na chopeira – o líquido sai da máquina com muito gás – e, a meu ver, no principal, o serviço: as duas pernas da varanda são os lugares mais legais, mas a garçonete informou que era a área reservada aos fumantes. Por que não repartir esse privilégio, deixando uma delas para quem não quer fumaça?

Gabiroba. Rua Apinajés, 1012, Perdizes, tel. (11) 3803-8638.

8 thoughts on “Contra a gastromonotonia

  1. Eu estive no Gabiroba este último fim de semana e adorei o lugar! Um dos poucos lugares cujo bolinho de bacalhau tem bacalhau…Bjs,Laís

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  2. Adorei!O lugar é mt simpático e a linguiça ,fabricada por um dos sócios, é sensacional. Experimentem também caipirinha de mexerica c/ manjericão.

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  3. Fui semana passada no Gabiroba e achei show de bola!!Lugar agradável, com ótima comida, chopp cremoso, drinks bem preparados e atendimento de primeira!!Aconselho a todos!!Abs

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  4. frequentador dos bares do bairro há aproximadamente 20 anos, ouso dizer que o Gabiroba está entre os melhores bares de Perdizes… e porque não de São Paulo?! Recomendo a todos!abs, Vítor

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  5. Querido Miguel:Cheguei no seu blog por acaso através do blog da Marina Fuentes – o La Movida – e que grata surpresa. Costumo frequentar alguns blogs de “comidas” e este seu de botecos é simplesmente o máximo !!!Minha mãe tb mora a 3 quadras do gabiroba e vi a transformação da videolocadora tb…interessante saber que o lugar é legal e tem petiscos diferentes.Parabéns pelo blog. Vou dar um pulo no gabiroba e depois te conto se consegui sentar na varanda mesmo não sendo fumante…srsrsrAbraçosCássia

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