Senti-me feliz e intrigado na tarde de domingo, quando almocei no Chiado da Costela. Feliz porque vi cheia aquela simpaticíssima casa revestida por paredes de tijolos à vista. Sobre a intriga, falo mais adiante.
Lembro-me que ali funcionou por um tempo o saudoso Tanoeiro Bar, que servia um gostoso caldinho de piranha. Dois anos atrás, mais ou menos, cheguei ao então boteco e instalei-me numa mesinha de canto, logo na entrada. Meio de lado, meio de costas para mim, numa mesa no canto oposto, estava um senhor alto, de cabelos grisalhos, bebendo um uísque em copo longo, com gelo.
Sabe quando você tem a impressão que conhece a pessoa de algum lugar? Pois passei por essa situação, até que me dei conta de que o dito cujo era simplesmente Pedro Rocha, o grande craque uruguaio do Peñarol e do São Paulo (clubes que, aliás, podem se trombar na Libertadores da América 2009). Diz a lenda que Pelé teria dito alguma vez que o maior craque a quem desafiou em campo foi Pedro Rocha.
Não me lembro de tê-lo visto jogar, mas lembrei-me de meu pai comentar que o camisa 10 do São Paulo era uma fera, assim como outros jogadores de sua época, como Dicá e Dirceu Lopes.
Passada a boníssima lembrança, agora sim, vou dizer o porquê de ter ficado intrigado. Eu não sabia que costela chiava. Ao menos, nunca prestei atenção a esse fato – será que fiquei surdo?
Paulinho Pellota, dono do Chiado da Costela (e que foi proprietário do Tanoeiro), me conta que em seu bar a costela é temperada apenas com sal grosso, antes de ir ao espeto e ser envolvida no celofane. Passa quatro ou cinco horas no alto da churrasqueira, até sair do envelope para, mais perto do fogo, ser defumada e ganhar aquela suculenta cor dourada.
Se você chegar pertinho da churrasqueira pouco antes de a carne sair do celofane, vai escutar aquele shshshshshh que, na verdade, resulta do aquecimento da gordura – quem garante é o Pellota.
No cardápio da casa há outras carnes bem assadas, a exemplo do galeto al primo canto (R$ 22,40), mas, a bem da verdade, você deve optar pela costela, é claro. Pelo valor fixo de R$ 29,80, pode-se comer à vontade. acompanhada de farofa, arroz, feijão e salada de rúcula com agrião.
Para beber, não arrisquei no chope, fui no garantido: caipirinha (R$ 11,90) bem feita com cachaça Santo Grau. E saí de lá desejando paz na terra aos homens de botequim, como diria o Pellota.
Chiado da Costela. Rua Roque Petrella, 325, Brooklin, tel. (11) 5533-4309.
Excelente! Tambpem estive lá no sábado e acredito ter podido saborear uma das melhores costelas que já pude provar. Certamente fará parte do meu roteiro gastronômico!
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Salve Miguel, e lembrar que o Paulo é autor do “Paz na terra aos homens de botequim” com deliciosas crônicss e histórias do universos dos botecos.Grande abraço, José Maria
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Entrei aqui para falar sobre o livro do Paulo, mas vejo que o José Maria já o fez. Então, pra não perder a viagem, dou fé às suas palavras.
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fiquei morreeeendo de vontadevou lábjs
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