O melhor chinês de Japatown

Deem uma olhada no vídeo abaixo, que recebi de um amigo. Em seguida voltamos a conversar.

httpv://www.youtube.com/watch?v=auhHl5-6VdY

Assim que vi esse vídeo, lembrei-me do Rong He, sobre o qual escrevi há muito tempo, restaurante chinês localizado no bairro da Liberdade, o Japatown de São Paulo.

Quem quiser encontrar o malabarista do vídeo acima provavelmente terá de viajar meio mundo e procurá-lo em algum restaurante de Xangai ou de Pequim.

Mas àqueles que quiserem conferir um show similar – e ao vivo! – mas com outro malabarista das massas, a dica é baixar no Rong He e conferir as habilidades do chef Yang. Através do vidro que separa a cozinha do salão de decoração simples, ruidoso, o público pode ver Yang esticar, puxar e cortar a massa do macarrão (que será servido ensopado, como os noodles, em diferentes receitas). É um verdadeiro show.

Entre as opções do cardápio, não se deve dispensar o macarrão picante com frutos do mar, bem como outras sugestões que fogem completamente do clichê yakisoba e rolinho primavera. Há muitas opções com essa pasta e pescados, pois a família de Yang é procedente da costa nordeste chinesa.

Além dessa inesperada sessão de malabares e das receitas com as pastas chinesas, o que me deixa com água na boca toda vez que lembro do Rong He é a porção de amendoins apimentados. São graúdos, cozidos, úmidos e temperados com pimenta entre outros condimentos. Para prová-los com alguma bebida, esqueça a cerveja e leve de casa uma garrafa de espumante.

Acredite, esses amendoins merecem um brinde.

Rong He. Rua da Glória, 622-A, Liberdade, tel. (11) 3275-1986.

Guarulhos – Lisboa – Buenos Aires

Não marquei a quantidade exata, mas no fim de semana bati meu recorde de consumo de carne. Em quatro investidas a parrillas portenhas, devorei peças de asado de tira (costela), bife de chorizo, ojo de bife e bife ancho em quantidades suficientes para abastecer uma família por semanas. Ou para garantir a alegria de um churrasco pré-jogo do Brasil. Acontece que passei o sábado e o domingo em Buenos Aires, na companhia de três de meus melhores amigos.

Desembarcamos em Ezeiza na tarde de sexta, depois de ter assistido a Brasil e Portugal num pubzinho que fica no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos.

Não é o lugar ideal para acompanhar uma partida de futebol, mas até que a experiência foi divertida, mesmo depois de ter pagado 8 reais por uma garrafa long neck de Kaiser Gold (que é uma cerveja muito boa, diga-se).

Coincidentemente, acomodado numa mesa à nossa esquerda, um portuga da gema, torcedor do Benfica, acompanhava o jogo ao lado de um inglês. Os outros 30 e poucos espectadores eram brasileiros, o pareciam ser.

No intervalo, puxei papo e disse a ele que em poucos dias viajo a Portugal – no que me passou uma dica de restaurante na cidade do Porto, que pretendo conferir. No mais, ele ficou impressionado por eu ter dito que conhecia a Vitória.

E quem é Vitória?

Vitória é uma águia que, com fitas vermelhas e brancas presas às garras, faz um voo rasante – como uma volta olímpica, a cada jogo do Benfica no Estádio da Luz, em Lisboa – e pousa no meio de campo. Após o pouso, o estádio irrompe numa festa. É emocionante.

httpv://www.youtube.com/watch?v=haCdUIwhutg

De volta a Buenos Aires, já à noite e acomodados no hotel Own, que fica no bairro de Palermo Holywood, seguimos para a rua em busca de algo para comer.

Para nosso azar (detesto essa palavra, mas…), havia na região uma manifestação do Sindicato dos Trabalhadores do Hotéis, Bares e Restaurantes. Os piqueteiros seguiam em marcha pixando carros e fachadas de estabelecimentos, invadirindo bares e restaurantes e obrigando seu fechamento imediato.

À mesa da parrila El Primo, depois de termos feito o pedido e de esvaziada uma garrafa de vinho, fomo gentilmente informados pela garçonete que nossos pratos não seriam servidos porque o patrão estava com medo que o local fosse invadido. Frustradíssimos, fechamos a conta.

Encontrar um restaurante ou bar aberto àquela hora seria uma tarefa dificílima, para não dizer inútil (deu pena de ver garçonetes a limpar as calçadas lotadas de panfletos jogados na rua).

Para nossa sorte, o Acabar (foto abaixo, de Pablo Souza) ficava perto dali.

Caminhávamos de volta ao hotel – esta é uma vantagem enorme de Palermo, a possibilidade de fazer muitas coisas a pé – quando notei que um casal deixava um bar cuja fachada estava compeltamente apagada. Consegui notar no entreabrir da porta um salão iluminado e bombando. Na cara de pau 9e com cara de faminto) perguntei ao porteir se poderíamos entrar. Era quase 1 da manhã.

Assim que entrei no salão, me dei conta que estive nesse mesmo bar em 2004, da primeira das três vezes que visitei Buenos Aires. É um bar-restaurante muito legal, em que é possìvel passar a noite a disputar partidas de ludo, Banco Imobiliário e outros jogos de tabuleiro que a casa deixa a disposição dos clientes. Dividimos uma picada (tábua de embutidos e queijos) e, para brindar, garrafas de Quilmes (10 pesos cada uma, o equivalente a 5,50 reais a garrafa de 1 litro). O ambiente e o astral do Exquisito!, na Bela Cintra, lembram muito esse Acabar, com a diferenta que o bar bonairense é maior, com vários ambientes. Grupos de garotas e turmas mistas dominavam o salão.

Para a primeira noite de um fim de semana em que assistiríamos ao jogo da Argentina de Maradona, Messi e Higuaín em território adversário (e não inimigo, certo, Galvão?), até que passamos por poucas e boas emoções.

Acabar. Calle Honduras, 5733, entre Bonpland e Carranza, Palermo Hollywood.

Parrilla El Primo. Calle Humboldt esquina com Gorriti, Palermo Hollywood.

PS: num próximo post, falo de uma das melhores carnes que já comi.

Rodízio de batatas fritas – à parisiense

foto: divulgação

Para celebrar a abertura da Copa do Mundo – e os meus primeiros pontos no bolão da redação –, hoje almocei com uns amigos no L’Entrecôte de Paris, no Itaim Bibi (devo ser umas das poucas pessoas no mundo a ainda chamar o bairro por este nome…). Pobre da França, que viria a empatar em 0 a 0 com a briosa seleção do Uruguai, do grande tricolor Lugano.

Já famoso por servir apenas o prato que lhe dá nome, ou seja, fatias de entrecôte (ou contrafilé ou rib eye, parte do prime rib) cobertas por um molho repleto de ingredientes, entre eles mostarda, o restaurante estava bem cheinho. Sorte que tínhamos uma reserva.

A carne ao ponto estava tenra, saborosa e macia. O serviço é bem interessante: o couvert traz baguete com manteiga, repostos constantemente. Em seguida vem a salada de folhas com nozes. Por fim chega o entrecôte, num prato com batatas fritas sequinhas e fininhas. Por esse menu cada comensal paga R$ 34,50. E, o melhor, tem direito à reposição de batatas fritas quantas vezes quiser!

L’Entrecôte de Paris. Rua Pedroso Alvarenga, 1135, Itaim Bibi, tel. 3078-6942.

Você tem coragem de comer isto?

Primeiro veja o vídeo a seguir. Em seguida voltamos a conversar.

httpv://www.youtube.com/watch?v=9ZLbdpuJvKc

Esses deliciosos pedaços de serpente – viva – com legumes à juliana me fizeram lembrar de certas iguarias que a maioria das pessoas entendem como esquisitas, mas que têm lá o seu valor e, sobretudo, o seu sabor.

Muito do estranhamento ou do apetite por uma receita depende, na verdade, do contexto cultural ou do local em que o comensal está. Se na China, como mostra o vídeo, peixe vivo faz sucesso, por aqui é legal lembrar que no Nordeste e no Espírito Santo a caranguejada se apresenta como receita típica. E, convém lembrar: quanto menor for o tempo da trajetória do crustáceo ainda vivo, do caritó até o pratoe passando pela penela, mais saboroso ele estará.

Abaixo, alguns lugares que servem petiscos, por assim dizer, diferentes:

Caranguejo do Assis: já que falamos de caranguejo, esse bar capixaba é um dos melhores lugares para apreciar o crustáceo. Convém não desrespeitar a etiqueta, isto é, empunhar um martelinho e destroçar pernas e casco do bichinho com a arma.

Avenida Estudante José Júlio de Souza, 290, Itapoã, Vila Velha, tel. (27) 3289-8486.

Mocotó: é difícil competir com o atolado de bode ou com o melhor torresmo de São Paulo, mas vale a pena experimentar a sertanejíssima passarinha, que vem a ser baço de boi.

Avenida Nossa Senhora do Loreto, 1100, Vila Medeiros, tel. (11) 2951-3056.

Valadares: o botecão da Vila Romana serve os famosos testículos de boi e de galo, fritos à doré, ao alho e óleo ou a milanesa. Reza a lenda que ainda nos anos 60, logo que o bar foi aberto, era comum ver rãs fujonas a saltitar pelo salão, certamente receosas de seu destino – a chapa.

Rua Faustolo, 463, Lapa, tel. (11) 3862-6167.

Os ditos-cujos do Valadares

PS 1: lembrei-me agora dos meus seis anos de idade, quando caçava tanajura num terreno da rua de terra em que morava, na cidade de Contagem (MG). A mãe de um vizinho fritava essas formigas bundudas com arroz.

PS 2: lembrei-me também de uma barraca que vi na feira de Marrakesh, no Marrocos, repleta de cabeças de carneiro. Não tive coragem.