
Paulo Martins em ação
Na madrugada de hoje, por volta das 4 horas, morreu em Belém (PA) o chef Paulo Martins, que fundou 38 anos atrás, ao lado da mãe, Anna Maria, o restaurante Lá em Casa.
Arquiteto por formação e cozinheiro autodidata, Martins foi um incansável divulgador da culinária amazônica. “A comida paraense é a melhor representação da culinária brasileira, pois toda a sua base é composta de produtos de origem indígena”, afirmou ele a VEJA BELÉM em 2007, ano em que foi eleito pela segunda vez o chef do ano.
Diante da exuberância de recursos naturais ao alcance de suas mãos ou da ponta do anzol, Paulo Martins usou frutos, temperos e pescados regionais para conquistar a admiração de seus clientes e colegas de profissão. Em 1999, criou o Festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense, evento anual que já reuniu em Belém cozinheiros como o paulista Alex Atala e a fluminense Flávia Quaresma.
A amizade de Martins com Alex Atala, aliás, começou em meados daqueles anos 90. O Lá em Casa tornara-se conhecido por integrar a Associação da Boa Lembrança, da qual fazia parte o Filomena, de São Paulo, onde Alex começava a despontar. “Liguei para ele, me apresentei e pedi dicas, pois estava começando a usar ingredientes amazônicos no Filomena”, contou Atala em entrevista ao blog.“Ele foi sempre muito generoso, um bandeirante da cozinha brasileira”.
Foi Alex quem apresentou o chef Ferran Adrià a Paulo Martins. Na Espanha, o catalão cedeu a cozinha de seu laboratório à dupla e em retribuição provou alguns pratos preparados com os 30 quilos de produtos amazônicos que Paulo e Alex levavam na bagagem. “Ele gostou de tudo, até que, por último, experimentou o jambu”, contou Paulo Martins em um bate-papo com a culinarista Bettina Orrico, da revista Claudia Cozinha, em 2006. De fato, em seu livro de receitas editado em 2008, Adrià incluiu uma receita com tucupi, depois que visitou Paulo Martins em Belém.
Entre as geniais criações creditadas a Paulo Martins está o hadoque paraense, que nada mais é do que a gurijuba, um peixe barato, cuja carne sempre fora desprezada. Comida de pobre, dizia-se. Decidiu banhá-lo numa salmoura com urucum e defumá-lo. Pronto, surgia assim uma nova iguaria e o preço da gurijuba nas peixarias belenenses nunca mais seria o mesmo…
Estive três vezes no Lá em Casa, já no ponto situado na Estação das Docas, belíssimo complexo gastronômico e cultural às margens da baía do Guajará.
Sei que se comenta que no novo Lá em Casa não se come tão bem quanto nos endereços anteriores, primeiro a própria casa em que Paulo morava, e o seguinte, no bairro do Umarizal.
Esse é um comentário irrelevante quando o comensal tem à mesa, diante de si, um surpreendente menu degustação criado por Martins, como o corridinho de peixe.
Trata-se de uma sequência que começa com uma posta de pirarucu fresco na chapa e segue com picadinho de tambaqui, hadoque paraense, filhote no tucupi, pescada amarela à milanesa, arroz de jambu, farofa de pirarucu e feijão-manteiguinha de Santarém. Inesqucível.
Na manhã seguinte, estava eu lá no Mercado Ver-o-Peso em busca de um quilo de feijão-manteiguinha, coisa que faço toda vez que volto a Belém.
O Paulo alem de um grande Mestre na minha vida, deixa um legado que devemos continuar. Obrigado Miguel e a todos do boteclando.
Alex
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Bom dia…
Gostaria de te enviar um convite para o coquetem de lançamento do “Festival de Gastronomia Mexicana” dia 13 de setembro.
Qual é o seu e-mail de contato?
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Olá, Ricardo.
Meu e-mail é micassatti@abril.com.br.
Obrigado.
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Triste, ele era um grande divulgador da cozinha paraense…
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Tudo bem, Miguel? Estou trabalhando na produção de um vídeo sobre Brasília e gostaria de conversar com vc sobre a noite de lá. Obrigado
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Olá Guilherme,
por favor, anote meu e-mail: micassatti@abril.com.br
abraços.
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Và com Deus,grande Chefe e grande ser humano!!!!
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O Brasil e principalmente o Para perderam um grande expoente da gastronomia. No seu jeito simples de tratar a comida e a sua pesquisa sobre novos sabores e mistruras revolucionaram os sabores da cozinha paraense, colocando Belem no circuito dos sabores. O Braisl perdeu um arquiteto da gastronomia. Obrigado Paulo Martins
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Como se diz por aqui, Paulo Martins não morreu, ficou encantado nos cheiros e sabores da culinária paraense.
Pode ter certeza que ele já faz falta.
Obrigada pelo texto carinhoso sobre esse chef de peso da cozinha paraoara.
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Olá Danielle,
Obrigado por seu comentário.
Volte sempre ao blog!
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Cadê as reclamações…
Foram retiradas deste Blog?
Mexeram em algum vespeiro…
É, essa turma de padaria é da pesada, não é?
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Olá Jurema, obrigado por voltar ao blog.
Todos os posts e comentários estão publicados.
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Saudadess..Paulo marcou minha infancia,nasci em ananindeua..mas o sonho continua Paulo e IMORTAL
meu sonho e ter um restaurante de comida paraense,esse sonho esta perto e vai ser realizado.
com certeza Paulo me influenciou muito.
obrigada Paulo,eterno mestre.
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Olá, Barbara.
Belas palavras as suas. Obrigado pelo comentário e volte sempre ao blog!
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paulo martins o mestre! pois na primeira vez que foi a belem fiquei encantado com aculinaria e principalmente com o la em casa isso fpi em 1994
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