Um almoço no Mercado Central de BH

foto: Comida di Buteco/ divulgação

Durante mais uma viagem vapt-vupt a Belo Horizonte esta semana, tive tempo apenas de dar uma passadinha pelo Mercado Central, o meu marco zero na cidade – para quem gosta de comer e beber, os mercados públicos devem ser sempre o primeiro destino ao chegar em algum lugar desconhecido (o que não era o meu caso). Hora do almoço de terça-feira, momento em que seus corredores estreitos, coloridos e tomados pelos mais inebriantes cheiros costumam receber bastante gente. Não estava assim como aquele formigueiro que a gente vê nas manhãs de sábado no Mercado Municipal paulistano mas alguns botecos locais chegam a ficar lotados, até com espera.

Minha primeira opção para a refeição, o Casa Cheia estava realmente com todas as mesas repletas. Como eu teria de aguardar na fila – havia duas pessoas à minha frente -, decidi dar uma volta e parar em outro ponto.

Abençoado por Gobbo, o anjo dos bares, segui em direção à saída da Rua Santa Catarina, em frente da qual fica o Bar da Lora. Havia uma – e apenas uma – banqueta livre no balcão da casa, que não dispõe de mesas para acomodar os clientes. Não pense o leitor que se trata de desfeita, o problema é falta de espaço mesmo. Notei que os bares dali, todos com não mais de cinco ou seis metros quadrados, ganharam uma espécie de cerca. Imagino que essa tenha sido uma decisão da administração do Mercado para evitar um congestionamento pelos corredores. Quem está dentro é freguês. Quem está fora, aguarde a vez (área vip é isso aí!).

Vencedor da categoria “melhor tira-gosto” na décima edição do fabuloso Festival Comida di Buteco, realizado no primeiro semestre deste ano, o Bar da Lora reserva à cozinha não mais do que o canto em que cabe uma chapa. Estive lá em maio, época em que a casa ainda era uma das concorrentes do festival. E não resisti a fazer o repeteco e provar a receita que seria a campeã: “pura garra da lora”.

É uma porção de garrão (cubos de músculo bovino cozido) com molho de cerveja Malzibier e linguiça, acompanhado de purê de mandioca com queijo, pimenta biquinho e jiló na chapa. Pela meia-porção paguei R$ 12,00 (a inteira, mais do que suficiente para duas pessoas, sai por R$ 19,90).

Munido apenas de um garfo e de um pão murcho que cumpriu o papel de faca, finalizei o prato em menos de quinze minutos. Enfrentá-lo requer alguma perícia. Recomendo o seguinte passo-a-passo:

1. segure uma fatia de pão com a mão esquerda. Deite uma fatia de jiló e uma ou duas pimentas biquinho sobre o miolo;

2. espete uma fatia de linguiça no purê de mandioca e arranje um espaço para essa mistura sobre aquela mesma fatia de pão

3. com a lateral do garfo, parta um dos cubos de carne em um pedaço menor e leve-o à boca. Em seguida, faça o mesmo caminho com o outros ingredientes.

4. mastigue com calma, sinta a explosão da pimenta biquinho na boca, aliada à mistura de sabores e texturas.

Você ficará com sede. Tudo bem, tome uns goles de cerveja para limpar a garganta.

Bar da Lora. Avenida Augusto De Lima, 744, loja 115 (acesso pela Rua Santa Catarina), centro, Belo Horizonte

8 thoughts on “Um almoço no Mercado Central de BH

  1. Oi Miguel,

    Sou uma leitora, apesar de silenciosa, assídua do seu blog.
    Tenho ele no meu feed…
    Criei um blog e o meu primeiro post é justamente sobre a visita ao campeão do ‘comida di boteco’ aqui de Salvador. Estava na maior dúvida, achando o conteúdo grande demais. Acabei de descobrir que estou no caminho certo.
    Parabéns!

    Lídia

    Ps- Acho que a Vejinha Salvador deveria rever seus conceitos. Aqui em Salvador somos a unica publicação que exclui a categoria Pescados e inclui comida baiana além da categoria já existente, Regional… No mínimo é redundante. É surreal BH, por exemplo, ter o melhor pescado e Salvador não.

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    • Oi, Lídia.
      Obrigado por seu comentário.
      Sobre a edição de VEJA SALVADOR “Comer & Beber”, da qual sou um dos editores, esclareço que a escolha das categorias não é fixa nem definitiva. A cada ano aresentamos novas categorias e retiramos outras, de acordo com as tendências gastronômicas do cenário local. A separação entre as categorias ‘Brasileiro” e “Cozinha Baiana”, por exemplo, atende a esse quesito. Afinal, exitem boas casas de comida sertaneja, mineira etc na cidade. Fique certa de que acompanhamos o movimento daí e das outras dezenove regiões em que são publicadas as edições “Comer & Beber”. Convido-a visitar o site http://www.vejacomerebeber.com.br, lançado há poucas semanas.

      Um abraço, sucesso com o blog e volte sempre!

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    • Olá Semiramis,

      Pode colocar na lista mesmo e reservar um bom tempo para curtir a cidade. BH é uma delícia!
      Obrigado e volte sempre ao blog.

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  2. Opa! Obrigada pela pronta resposta.
    Acho uma loucura ainda assim. Que tendência pode excluir ‘melhor pescado’ de uma cidade litorânea?
    Não sabia que era editor… fiz a crítica na direção certa!
    Infelizmente aqui em Salvador o site ainda não foi modificado.

    Abraços

    Lídia

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    • Olá, Lídia,
      A nova versão do site vai entrar no ar assim que a nova edição de VEJA SALVADOR chegar às bancas, o que deve ocorrer na segunda semana de novembro.
      abraços,
      Miguel

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  3. Pingback: 11 botecos em 4 horas | Boteclando

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