Na última hora, juntei-me no jantar de ontem a um grupo de amigos que se encontrou no Ráscal do Shopping Pátio Higienópolis.
A ideia da reunião foi de um dos meus confrades, Marcos Santo Mauro, que é integrante de pelo menos mais outras duas confrarias dedicadas ao vinho.
Ao me convidar, o Marcão disso que seria um jantar nada formal, que bastava levar uma garrafa de um tinto e algumas taças. Degustamos seis rótulos às cegas, de países como Espanha, França, Itália e Portugal.
Lá pelas tantas, alguém à mesa comentou que certa vez tinha participado de uma degustação em que cada pessoa deveria levar uma garrafa de seu “vinho do coração”. E deveria explicar o porquê da escolha.
Que ótima ideia!, pensei.
Imediatamente comecei a puxar da memória qual seria (ou quais seriam) os vinhos do meu coração. Só parei de matutar quando decidi escrever este texto. Vamos lá:
Champanhe Piper-Heidschek (França) – Ter conhecido esse champanhe é uma prova de que sou uma pessoa de sorte. Na edição de dezembro de 1997, a revista PLAYBOY publicou uma reportagem com uma degustação de espumantes e champanhes. Para produzir as fotos dessa matéria, o então editor especial Ricardo Castilho comprou uma garrafa extra de cada um dos dezessete rótulos testados e depois realizou um sorteio entre todos na redação. Como free lancer, eu acabara de chegar à equipe para cuidar do atendimento aos leitores do recém-lançado site www.playboy.com.br. No sorteio, a Piper, que havia alcançado o 5º lugar na prova, ficou comigo. Três meses depois eu brindaria com ela a minha contratação definitiva como repórter da PLAYBOY.
Salton Classic Merlot (Brasil) – Num tempo em que minha carteira só permitia comprar garrafas de boa relação custo-benefício, esse vinho era presença constante à mesa. Provavelmente, um dos vinhos que mais tomei até hoje.
Adega Cooperativa Borba (Portugal) – Já cumprindo a função de repórter da PLAYBOY, comecei a acompanhar profissionalmente as degustações e apresentações de vinhos organizadas pelas importadoras. Toda vez que vejo esse rótulo feito de cortiça na prateleira de um supermercado, lembro-me do fim dos anos 90, quando decidi que o Alentejo, região em que é produzido, estaria presente entre meus futuros destinos turísticos. Passaram-se dez anos áté que finalmente eu cruzasse o Tejo, em julho de 2010, mas a espera compensou. E muito.
Salentein Merlot (Argentina) – Naquela ola argentina do fim dos anos 90 e início dos 2000, esse vinho me chamou a atenção por sua potência e elegância. Passei a comprá-lo com certa frequência e graças a ele comecei a formar meu paladar para os vinhos. De quebra, é um rótulo de sangue holandês, como o meu.
Alión 1995 (Espanha) – O primeiro grande vinho que tomei e que marcou meu paladar por sua história e sua elegância. Beber uma taça de Alión – e saber que está tomando um vinho desse naipe – é como um batismo e um autorreconhecimento de que você tornou-se um homem e já não é apenas um menino.
Domaine Leon Barral 2002 (França) – Comprei esse vinho na primeira vez que fui a Paris, em 2003, na maravilhosa Lavinia, aonde voltei no fim do ano passado em tempo de comprar mais uma garrafa. Um funcionário da loja me convenceu que se tratava de um belo rótulo de Faugères, uma das áreas de produção de origem controlada no Languedoc, sul da França. Ao degustá-lo, em setembro de 2007, consegui surpreender um amigo que é um dos maiores experts em vinho que conheço.
PS: fiquei surpreso com o bom serviço de vinhos do Ráscal, em especial com a gentileza do maître, Damião.
Ráscal. Shopping Pátio Higienópolis, tel. 3823-2667, http://www.rascal.com.br.