Recife e Olinda

Boa Viagem/ Foto: divulgação

Voltar a Pernambuco é sempre uma bênção – no verão e a poucas semanas do carnaval é ainda melhor. Os blocos mais tradicionais de Recife e da vizinha Olinda, como o das Virgens, começam a realizar as suas prévias, festas que tomam conta das ladeiras e ruas das duas cidades.

Ainda que eu tenha passado apenas duas noites em Recife, pude conferir o novo point na orla de Boa Viagem. A faixa de areia em frente ao Edifício Acaiaca, na altura do número 3500 continua sendo o “Posto 9” local, agitada e sempre cheia nos fins de semana. Cheia até demais, para falar a verdade. Não é à toa que neste verão os mais descolados recolheram as cadeiras de praia e o guarda-sol e decidiram marcar presença algumas centenas de metros mais adiante, em direção ao Pina, onde um barraqueiro esperto teve a ideia de estender um tapete vermelho do calçadão à areia, a fim de receber seus clientes.

Trata-se da Barraca do Pezão, que fica num trecho com poucos arrecifes, portanto, ideal para um mergulho naquele mar sempre verde e quente. Sob o guarda-sol, ele entrega ao cliente-banhista caipiroscas feitas com vodca Absolut e, comodidade impensável, aceita pagamentos com cartão de crédito. Diria, sem medo de errar, que ali está o novo Acaiaca.

Pude também voltar a Olinda, ainda que por meia tarde. Para quem é forasteiro e já passou alguns carnavais subindo e descendo suas ladeiras de paralelepípedo – no meu caso, foram três, em 1997, 2000 e 2010 – torna-se obrigatório visitar a cidade em um período que não seja o da folia.

Dois dos melhores representanets da gastronomia local estão localizados na cidade, o Oficina do Sabor e o Maison do Bomfim, onde almocei desta vez, embora tenham lugar cativo na minha memória a caipirinha de seriguela e os jerimuns recheados, ora por camarão, ora por carne de sol, do primeiro.

Como o Oficina, o Maison do Bomfim também ocupa um casarão no centro histórico. Sua cozinha está a cargo do franco-ganense Jeff Colas, que transformou um antigo albergue da juventude nesse restaurante especializado em culinária francesa. Pedi uma das opções de camarão, que veio grelhado com ervas-finas e, para a sobremesa, o crepe suzette.

Para acompanhar a refeição, meia-garrafa do Casa Valduga Chardonnay, produzido no Vale dos Vinhedos (RS). Aqui coube um comentário com a garçonete sobre a carta de vinhos, que trazia rótulo chilenos, argentinos e franceses. Uma vez que o Vale do São Francisco está próximo dali, por que não oferecer opções de brancos, espumantes e mesmo do shiraz que são elaborados ali? Em geral são bebidas leves, perfeitamente coerentes para ser apreciadas no eterno calor nordestino.

Para fazer a digestão, caminhei pela cidade, passei pela Rua do Amparo, os Quatro Cantos – o epicentro do carnaval –, desci a Prudente de Moraes. Somente ao entrar na fabulosa Basílica de São Bento (1582) é que percebi que estava a cantarolar o célebre hino dos Elefantes de Olinda: “Olinda, quero cantar/ a ti esta canção/ Teus coqueirais…”

Barraca do Pezão. Praia de Boa Viagem, altura do número 2000, Recife.

Maison do Bomfim. Rua do Bonfim, 115, carmo, Olinda, tel. (81) 3429-1674.

1 thought on “Recife e Olinda

  1. Valeu pela dica da barraca. Sou um recifense no exílio e da próxima vez que for pra casa, vou descer direto do avião e ir pra lá. “Voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço…”

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