Brasília é legal. O Universal Diner também

Universal Diner (Foto: Ana Araujo)

Até conhecer Brasília – o que ocorreu há doze anos, nos meus tempos de repórter da PLAYBOY – eu ficava imaginando como seria essa cidade, que brotou do Cerrado ao longo dos cinco anos da era JK.

Seria possível, da janelinha do avião, notar com clareza a simetria das duas asas abertas, a Norte e a Sul, e o Eixo Monumental, que formam o Plano Piloto? Seria verdade que não haveria esquinas na capital do país? Eu encontraria senadores, deputados e políticos em geral a cada quadra?

Bom, transcorrido todo esse tempo voltei a Brasília umas cinco ou seis vezes, a mais recente delas na semana passada. Em outros anos passei alguns apuros com o calor absurdo e a qualidade do ar – para um alérgico como eu não há coisa pior do que umidade e secura extremas, secura que é uma característica brasiliense. Desta vez, porém, surpreendi-me ao constatar que em São Paulo os dias têm estado mais quentes do que lá e o ar, menos respirável.

Políticos, a bem da verdade, só os vi quando fiz um rápido tour pela Câmara e o Senado, em 2009, e nos eventos de premiação de VEJA BRASÍLIA “Comer & Beber”. Quando estive no Palácio do Planalto em 2008, ciceroneado pelo amigo Ivan Marsiglia, que trabalhava na área de comunicação do Governo Federal, fui até a famosa “antesala da Presidência” e o gabinete da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Mas ela não estava lá.

Esse papo de que não há esquinas em Brasília é conversa fiada. Para mim, esquina e cruzamento são a mesmíssima coisa.

O fato é que cada vez que estou em Brasília descubro algo de bacana. Os palácios que só via pela TV, os traços de Oscar Niemeyer crescendo para todo lado, os amigos, os prédios não tão altos e que não tampam o horizonte, os bares e os restaurantes, como foi o caso do Universal Diner, onde jantei na quinta-feira da semana passada.

O Universal Diner é um do três empreedimentos de Mara Alcamin, eleita a chef do ano da edição VEJA BRASÍLIA “Comer & Beber” em 2007 e 2008. Fica ao lado do Zuu a.Z. d.Z. e na mesma quadra do Quitinete, que é um empório.

Mara Alcamin, na cozinha da casa (Foto: Ana Araujo)

Se considerarmos que o Universal Diner foi aberto em 1997, não seria exagero dizer que é também o pioneiro no gênero “dinning club” no Brasil. Hoje espalhados por São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades, os dinning clubs são uma mistura arriscada de restaurante e casa noturna.

Mara Alcamin correu esse risco e passou no duplo teste de servir comida decente e criar um espaço megadescontraído. Os diversos ambientes, inclusive o mezanino, têm decoração kitsch, com objetos coloridos, móbiles, armários de cozinha e árvores no meio do salão dos fundos, que tem iluminação baixíssima e fachada envidraçada, com vista para a entrequadra arborizada.

O som, sempre em volume mais alto no ambiente da frente, passa por Sidney Magal, Jorge Benjor e Roberto Carlos. Vê-se que o público compõe-se de tudo um pouco: turmas de jovens, periguetes, executivos, forasteiros, gays.

No cardápio – cujos preços não são nada baratos – há pratos com a marca da chef Mara: a ousadia na mistura de ingredientes. Saí de lá satisfetíssimo após provar os cubos de filé de frango com molho de limão-siciliano guarnecidos de risoto de chutney de banana (R$ 49,00). Os pasteizinhos de queijo de coalho que pedi na entrada estavam oleosos, seriam dispensáveis.

O serviço, embora simpático, poderia ser mais rápido, ainda que para isso tivesse de deixar para lá a bobagem do “Voi la…

Ainda assim, saí dali com a vontade de voltar.

E quanto a ver o Plano Piloto, de uma ponta à outra, lá do alto, continuo na expectativa. Quem sabe um dia, com céu limpo, e a caminho do Norte?

Universal Diner. 210 Sul, bloco B, loja 30, tel. (61) 3443-2089, http://www.universaldiner.com.br.

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