No Chile, onde foi elaborado, não existe mais nenhuma garrafa do vinho Alfa Centauri Sauvignon Blanc 2008 à venda. A maioria das 900 unidades produzidas nesta primeira safra pela vinícola O. Fournier foi comprada pela importadora brasileira Vinci, que vai começar a vendê-lo aqui a 59,90 dólares (em torno de R$ 95,24). As unidades restantes serão privilégio dos passageiros que embarcarem na Primeira Classe dos voos da Bristish Airways que saírem e partirem da América do Sul e do Caribe entre os meses de setembro e novembro.
Tive a oportunidade de provar este e outros vinhos na segunda-feira, durante a apresentação a jornalistas feita pelo espanhol José Manuel Ortega Gil-Fournier, proprietário das Bodegas O. Fournier. Ex-executivo do Banco Goldman Sachs, ele se dedica há cerca de dez anos à empresa, que mantém vinhedos na Argentina, na Espanha e, mais recentemente, no Chile.
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Na minha opinião, o Alfa Centauri é um vinho benfeito (ah, essa nova ortografia…), um tanto quanto robusto, frutado e com o sabor marcado pela madeira – afinal, ficou doze meses maturando em barricas novas de carvalho farncês. Mas sua persistência no paladar é incrível e longa e o retrogosto, bem agradável.
Boa compra, talvez melhor, será o Centauri Sauvignon Blanc 2009 (sem o ‘Alfa’ no nome, notem), com clara tipicidade da uva. Por tipicidade entenda-se a presença intensa das características dessa cepa cuja origem está na região francesa do Vale do Loire e que também é muito cultivada em Bordeaux: extremamente aromática, com toques cítricos. Na boca, boas surpresas são uma certa mineralidade e o fato de não ser enjoativo, como vem acontecendo com muitos sauvignon blancs chilenos.
Sem contar que na comparação com o Alfa Centauri, sai 20 dólares mais em conta, a 39,90 dólares (61,60 reais no site da Vinci).
Tanto quanto os vinhos, porém, chamaram-me a atenção a ousadia e as convições que José Manuel Ortega Gil-Founier emprega em seu negócio.
Um exemplo? Num caminho inverso ao que os produtores de vinho europeus fizeram na América do Sul no século XIX, quando trouxeram mudas para serem produzidas aqui e dar início à produção comercail de bons vinhos, a O. Fournier trasladou e enxertou 60 pés de uva malbec argentina nos vinhedos na região espanhola da Ribera del Duero. Em 2012, disse José Manuel, eles já devem entrar em produção.
Os tintos que produz no Chile resultam de vinhedos centenários, como é o caso do Centauri Blend 2009 (US$ 53,90/ R$ 76,64), um corte de cabernet sauvignon (vinhedo de 100 anos), carignan (80 anos), merlot (60 anos) e cabernet franc (120 anos!). O que isso significa? Que esses vinhedos superantigos já não rendem tanto – 4.000 a 5.000 quilos de uva por hectare – quanto os mais novos – 12.000 por hectares – mas a qualidade de suas frutas, em compensação, tende a ser bem superior.
Menos, sim, é mais!