Da mais recente safra de restaurantes em São Paulo, nenhuma casa tem gerado tanto zunzunzum quanto o Girarrosto, inaugurado em meados de fevereiro.
A expectativa se justifica, afinal, como contou o editor de gastronomia da Vejinha, Arnaldo Lorençato, os dois anos de obras no ponto em que funcionou o Pandoro por cinco décadas consumiram 10 milhões de reais de seus investidores, que preveem recuperar essa dinheirama em oito anos.
À frente da cozinha está o chef e restaurateur Paulo Barroso de Barros (ex-Due Cuochi Cucina), escudado pelos também chefs Massimo Barletti (ex-Trebbiano, do L’Hotel) e Ivo Lopes, que comandou os bastidores da unidade do Due Cuochi no Shopping Cidade Jardim.

- Paulo Barroso de Barroso, em clique de 2010, durante o início das obras do Girarrosto / Foto: Mario Rodrigues
Pois bem, se o Girarrosto pretende perdurar por tanto tempo, a ponto de ser um dos três – entre cada 100 restaurantes abertos na cidade – a alcançar tamanha longevidade, precisa fazer alguns ajustes. E desde já.
Embora esse trio de chefs dê expediente por ali (Ok, no dia-a-dia quem de fato sua na cozinha é a dupla Barletti e Lopes), a execução dos pratos oscila. No dia em que almocei lá, a porcheta (R$ 45,00) acompanhada de batata rústica, cebola e minilegumes assados, estava absolutamente sem sal.
Entre as massas frescas produzidas na casa, optei pelo bigoli (lembra um espaguete com espessura mais grossa) com ragú de costela (R$ 40,00). O macarrão veio al dente, como se deve, mas o ragú deixou um amargor no paladar. Fiquei com a sensação de que algo no prato estava queimado.
Para sobremesa optei pelo correto tiramisù (R$ 19,00).
Quanto ao serviço, incomodou-me a insistência de uns dos maîtres em querer “empurrar” um determinado rótulo de vinho pela minha goela abaixo. De tanto ele falar do tal borgonha acabei escolhendo outra opção.
O salão principal tem agradável luminosidade na hora do almoço. Mas essa incidência de luz e calor, creio eu, vem vencendo o ar-condicionado. E a acústica, putz, precisa de tratamento urgente. Por demais barulhento o lugar.
Para o dias de tempo firme e temperatura amena, a área ajardinada nos fundos pode ser o melhor lugar a se acomodar.
Sem dúvida existem pontos positivos no Girarrosto.
A começar pelo couvert, que por R$ 9,50 inclui água com ou sem gás e um delicioso pão feito na casa.
O preço médio dos pratos mostra-se mais do que aceitável: a maioria fica na casa dos 30 e muitos ou 40 e poucos reais. O mais barato é o espaguete com sardinha (R$ 35,00) e o mais caro, o grelhado misto de frutos do mar (R$ 68,00).
E para os saudosos do velho e glorioso Pandoro, como eu, convém lembrar que o barman Guilherme está diariamente ali atrás do balcão a preparar incontáveis doses de caju amigo.
Girarrosto. Avenida Cidade Jardim, 56, Jardim Europa, tel. (11) 3062-6000, www.girarrosto.com.br.