Veloso, 7 anos

 

Veloso / Foto: Fernando Moraes

 

Foi no dia 29 de março de 2005 que o Veloso abriu, de frente para a caixa d’água da Vila Mariana, as suas duas portas de ferro pela primeira vez e exibiu ao público o piso de caquinho, o balcão de fórmica e as paredes parcialmente cobertas com fotos de artistas e jogadores de futebol – os quadros com as caricaturas de alguns fregueses e a bola de futebol que decora a prateleira do bar, enviada direto da Copa da Alemanha por um grupo de amigos da casa, viriam aos poucos.

Naquele dia, o já famoso Souza tirou o primeiro chope e montou o que seria a primeira das milhares de caipirinhas que iria servir dali em diante. Wil, um dos melhores garçons do Brasil, baixou às mesas as primeiras porções da hoje inimitável coxinha (R$ 20,00 com seis unidades) e do não menos saboroso bolinho de carne (R$ 18,40 com oito), o meu preferido, aliás.

No caixa, o patrão Otávio fechou, na ponta da caneta, orgulhoso e apreensivo as primeiras continhas.

Foi mais ou menos assim que nasceu, já como um clássico, o ariano Veloso.

Para comemorar o sétimo aniversário, Souza criou mais uma vez um menu especial de caipirinhas. Vou tentar passar lá mais tarde para provar a de pitaia com abacaxi (R$ 20,00), tá certo, Souza?

Veloso. Rua Conceição Veloso, 56, Vila Mariana, tel. (11) 5572-0254, www.velosobar.com.br

 

Girarrosto: primeiras (e não tão boas) impressões

Da mais recente safra de restaurantes em São Paulo, nenhuma casa tem gerado tanto zunzunzum quanto o Girarrosto, inaugurado em meados de fevereiro.

A expectativa se justifica, afinal, como contou o editor de gastronomia da Vejinha, Arnaldo Lorençato, os dois anos de obras no ponto em que funcionou o Pandoro por cinco décadas consumiram 10 milhões de reais de seus investidores, que preveem recuperar essa dinheirama em oito anos. 

À frente da cozinha está o chef e restaurateur Paulo Barroso de Barros (ex-Due Cuochi Cucina), escudado pelos também chefs Massimo Barletti (ex-Trebbiano, do L’Hotel) e Ivo Lopes, que comandou os bastidores da unidade do Due Cuochi no Shopping Cidade Jardim. 

Paulo Barroso de Barroso, em clique de 2010, durante o início das obras do Girarrosto / Foto: Mario Rodrigues

 

Pois bem, se o Girarrosto pretende perdurar por tanto tempo, a ponto de ser um dos três – entre cada 100 restaurantes abertos na cidade – a alcançar tamanha longevidade, precisa fazer alguns ajustes. E desde já.

Embora esse trio de chefs dê expediente por ali (Ok, no dia-a-dia quem de fato sua na cozinha é a dupla Barletti e Lopes), a execução dos pratos oscila. No dia em que almocei lá, a porcheta (R$ 45,00) acompanhada de batata rústica, cebola e minilegumes assados, estava absolutamente sem sal.

Entre as massas frescas produzidas na casa, optei pelo bigoli (lembra um espaguete com espessura mais grossa) com ragú de costela (R$ 40,00). O macarrão veio al dente, como se deve, mas o ragú deixou um amargor no paladar. Fiquei com a sensação de que algo no prato estava queimado.

Para sobremesa optei pelo correto tiramisù (R$ 19,00).

Quanto ao serviço, incomodou-me a insistência de uns dos maîtres em querer “empurrar” um determinado rótulo de vinho pela minha goela abaixo. De tanto ele falar do tal borgonha acabei escolhendo outra opção.

O salão principal tem agradável luminosidade na hora do almoço. Mas essa incidência de luz e calor, creio eu, vem vencendo o ar-condicionado. E a acústica, putz, precisa de tratamento urgente. Por demais barulhento o lugar.

Para o dias de tempo firme e temperatura amena, a área ajardinada nos fundos pode ser o melhor lugar a se acomodar.

Sem dúvida existem pontos positivos no Girarrosto.

A começar pelo couvert, que por R$ 9,50 inclui água com ou sem gás e um delicioso pão feito na casa.

O preço médio dos pratos mostra-se mais do que aceitável: a maioria fica na casa dos 30 e muitos ou 40 e poucos reais. O mais barato é o espaguete com sardinha (R$ 35,00) e o mais caro, o grelhado misto de frutos do mar (R$ 68,00).

E para os saudosos do velho e glorioso Pandoro, como eu, convém lembrar que o barman Guilherme está diariamente ali atrás do balcão a preparar incontáveis doses de caju amigo.

Girarrosto. Avenida Cidade Jardim, 56, Jardim Europa, tel. (11) 3062-6000, www.girarrosto.com.br.