
Azulejo nas paredes do bar / Foto: Miguel Icassatti
Continuo achando mal contada a história do chope Ashby vendido como se fosse Brahma, e que motivou a interdição do Bar Léo no dia 30 de março passado e a autuação do então gerente e da proprietária à época.
O vendedor ou o distribuidor da Brahma que atendia o local à época não teria percebido uma eventual redução na quantidade de barris comprados pela casa? Esta talvez seja a pergunta de 1 milhão de dólares para quem quiser saber por quanto tempo a antiga administração do bar enganou a freguesia.
Mas, como dizem, essas são águas passadas.
Afinal, o Bar Léo foi reaberto anteontem, no mesmo número 100 da Rua Aurora, onde foi inaugurado em 1940. O boteco agora é gerido pelo grupo Fábrica de Bares, que pertence a Alvaro Aoas, empresário que revitalizou outro célebre ponto da boemia de São Paulo, o Bar Brahma, na esquina das avenidas São João e Iprianga, doze anos atrás.
Estive lá ontem à noite e pude conferir que, felizmente, Aoas teve o cuidado de não mexer na decoração. Se muito, tirou um pouco do pó das garrafas de riesling doce que ficam perfiladas numa das prateleiras coladas à parede do salão. Também estão lá as mesas de tampo de fórmica vinho, as pesdas cadeiras, os quadros, as canecas de cerâmica.
“O que mudou mesmo foi só preço do chope”, brinca Luiz de Oliveira, figura mais ilustre das história da casa que, aos 91 anos, continua dando expediente ali, ora tirando chope (R$ 6,50, mesmo preço do inigualável bolinho de bacalhau servido às quartas e sábados), ora preparando um pratinho de canapés meio blumenau meio rosbife (R$ 27,00).
Luiz conta que ele próprio recrutou novamente parte dos ex-funcionários que estão de volta à casa. Nessa turma está Fernando Lopes, o gatilho mais rápido do centro na hora de tirar o chope – Brahma, de verdade, e impecável. A eles juntaram-se funcionários de confiança dos novos administradores.

Chope Brahma, o legítimo / Foto: Miguel Icassatti
Entre as novidades, registre-se que uma comanda está substituindo as bolachas na hora de fazer a contagem dos chopes consumidos pelos clientes.
E deve-se louvar o fato de que a partir de agora o horário de funcionamento se estende até as 23 horas de segunda e sexta e até as 20 horas aos sábados – uma pequena mas bem-vinda, talvez, contribuição para que aquele pedaço colado à cracolândia traga um pouco mais de vida ao pedaço.

Fernando Lopes e a chopeira histórica / Foto: Miguel Icassatti
No mais, tudo continua como está. Inclusive a prodigiosa memória do Sr. Luiz Oliveira, que recebe os fregueses mais antigos pelo nome.

Luiz Oliveira e o blogueiro / Foto: Marcos Santo Mauro
Bar Léo. Rua Aurora, 100, Santa Ifigênia, tel. (11) 3221-0247. www.barleo.com.br.