Família feliz em Santiago

Parque Bicentenario, em Vitacura, Santiago; ao fundo a Torre Costanera Norte / Foto: Camila Antunes Icassatti

Uma fila de carrinhos de bebê toma conta do acesso ao elevador da estação de metrô. Babás e vovós passeiam de mãos dadas com seus pimpolhos pelas ruas. Três casais amassam maçãs e bananas e servem papinha a seus filhotes enquanto tomam o café da manhã no hotel. No restaurante, para qualquer lado que se olhe, veem-se recém-nascidos no colo de um adulto.

Pode ser que o olhar de um neopai, como é o meu caso, esteja viciado nesse universo de carrinhos, bebês-confortos, fraldas e pomadas. Mas acabo de voltar de Valparaíso e de Santiago — na verdade, “acabamos” de voltar de lá Camila, eu e minha pequena Maria Cecília, que aos 5 meses de vida cumpriu suas primeiras horas de voo numa boa —com a convicção de que esse pedaço do Chile está se tornando um destino para viagens em família. Ou que está vivendo um baby boom, graças, quem sabe, ao 44o. posto que ocupa no ranking de Desenvolvimento Humano da ONU, o que o coloca entre o de melhor qualidade de vida na América Latina e Caribe.

Não foi assim tão por acaso que escolhi o Chile como destino dessa viagem de curtas férias, que seria a de estreia de Maria Cecília e o farewell da licença maternidade de Camila. Embora a pediatra não tivesse se oposto à nossa ideia original, de visitar minha irmã na Alemanha, resolvemos lançar mão de (alg)uma dose de prudência e concordamos que 4 horas de voo seria o limite para nossa filhota que, afinal, ainda está amamentando. Sair do país já seria uma aventura e tanto. Além disso, já conhecíamos Santiago e havíamos gostado da cidade (aqui neste post de 2009, o primeiro de três, eu descrevo um pouco daquela viagem), que é plana e organizada.

É claro que, desta vez, a viagem foi mais light, isto é, não fizemos mil coisas por dia. Taí a um primeiro conselho: programe apenas uma atividade por dia. O que vier a mais é lucro.  Bebês de cinco meses — como a minha Maria Cecília — podem ser bons companheiros de viagem mas dormem, acordam, choram, fazem número 1 e número 2 várias vezes ao dia e se cansam.

E essa é a deixa para o conselho número 2: se você está acostumado a economizar na hospedagem, agora que viaja com um bebê trate de desembolsar uma grana a mais para um hotel que seja bem localizado, e que tenha uma boa infra-estrutura, com academia, restaurante, sauna e piscina, por exemplo. Ah, e que tenha um bom banheiro no quarto.

Desta vez nossa base foi a região de Las Condes, a área mais moderna de Santiago. Suas ruas de calçadas largas e uniformes concentram bons hotéis, restaurantes, belos casarões, prédios residenciais e muitos arranha-céus comerciais. Está sendo erguido ali o Gran Torre Costanera (foto), com 300 metros de altura e 64 andares, que será o mais alto da América Latina — não por acaso os locais se referem ao pedaço como “Sanhattan”.

Nosso hotel, o quatro estrelas Plaza El Bosque Park, estava a um quarteirão da Avenida Isidora Goyenechea, onde estão lado a lado restaurantes como o Piola, o Bariloche (onde comi, no primeiro dia, um bom ceviche e um razoável asado de tira), o Nolita e o Miguel Torres, que funciona também como enoteca. Miguel Torres, aliás, é uma vinícola espanhola e uma das pioneiras a produzir bons vinhos no Chile. A comida, para minha frustração, não estava à altura dos vinhos — comi, provavelmente, a pior rabada da minha vida.

A cerca de 15 minutos dali, em Vitacura, fica o Parque Bicentenário, também conhecido como Parque de las Américas. É um espaço espremido entre uma encosta do Cerro San Cristobal e as vias que margeiam o rio Mapocho, com gramados bem cuidados, pouca sombra, mas que nos fins de semana coloca à disposição dos visitantes espreguiçadeiras e guarda-sóis.

Madame Ciça e seu motorista-blogueiro no Parque Bicentenario / Foto: Camila Antunes Icassatti

Outra área verde bacaninha é o Jardim das Esculturas, em Providência, bairro um pouco mais central, também repleto de bares, escritórios e restaurantes. Em 2009, hospedei-me nesse bairro. Pequeno, à beira do rio Mapocho, não vai tomar mais do que uma hora de seu passeio. Fizemos uma pausa na livraria instalada no local, antes de seguirmos para o almoço, que foi no simpaticíssimo El Jardín de Epicuro, na rua Orrego Luco. Nessa arborizada ruazinha há cinco ou seis restaurantes cujos terraços parecem se confundir. Tomei ali o primeiro pisco sour da viagem e comi um delicioso côngrio grelhado.

De volta a Las Condes, três endereços são imperdíveis: 1. a Praça Peru, que tem um parquinho para a criançada passar uma boa hora gastando energia; 2. em frente, no térreo do hotel W, fica a autoexplicativa El Mundo del Vino, megaloja especializada em rótulos chilenos mas que também vende vinhos produzidos em outros países. Há uma filial no shopping Parque Arauco mas esta daqui é muito maior — e mais legal; e 3. o restaurante Happening, especializado em carnes. É uma filial de uma casa argentina, que até faz lembrar o Rubaiyat.

Nesses quatro dias em Santiago, ainda consegui rever o Pátio Bellavista, um centro gastronômico que abriga também umas lojinhas boas para comprar suvenir, cercado por universidades, bares e restaurantes instalados em casas antigas. Mas frustrei-me por não ter podido voltar ao Ligúria, que está em reforma.

No próximo post vou contar sobre Valparaíso, ok?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2 thoughts on “Família feliz em Santiago

  1. Tenho muitas saudades do meu lindo país, espero que os brasileiros não falem mal do meu país quando viajarem para lá, bom texto esse

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