Se ousasse definir Itapuã, eu diria que esse bairro onde fica a famosa praia estão mais para Lauro de Freitas, Arembepe, Itacimirim e Praia do Forte do que propriamente para Salvador. Parte integrante da orla norte da capital baiana, Itapuã fica a cerca de 30 quilômetros da região mais central e turística da cidade, composta pelo emaranhado de bairros formado por Barra, Ondina, Rio Vermelho, Pituba, Nazaré, Campo Grande e Pelourinho. Para quem quer distância do fervor soteropolitano e busca pedaços de areia mais sossegados, sol e coco fresco, Itapuã é o que há.
Monthly Archives: June 2013
Um peruano em Brasília
Foto: Ligia Skowronski
Em viagem a Brasília no fim de semana passado para a cobertura da estreia da seleção brasileira na Copa das Confederações, jantei no sábado na companhia de amigos no peruano Taypá.
Meus amigos alertaram-me que a casa é um sucesso na capital do país, razão pela qual tivemos de chegar às 20 horas ao restaurante. Nós não havíamos feito reserva.
De fato, a casa lotou logo depois que chegamos, mérito do chef Marco Espinoza, peruano que comanda também o Lima Gastrô Bar, no Rio de Janeiro, e de seu auxiliar, o compatriota Giancarlo Arakaki.
Eles propõem mudanças no cardápio a cada seis meses e, entre as novidades, está a adoção de pratos da cozinha nikkei, que funde as gastronomias andina e japonesa.
Eleito o melhor restaurante da cidade pelos jurados da edição “Veja Brasília – Comer & Beber 2013/2014”, o Taypá apresentou altos e baixos na minha visita.
A noite começou muito bem. Éramos cinco à mesa e pedimos, de entrada, o ceviche taypá (R$ 52,00), uma série de três tipos diferentes dessa especialidade, à escolha do cliente. Optamos pelos de atum com leche de tigre (caldo de peixe com alho, gengibre e limão), criollo (peixe branco e polvo com crème de coentro) e o clássico, apenas de peixe.
Para acompanhar, pedimos uma garrafa do Leyda Sauvignon Blanc (R$ 65,00, talvez um pouco menos, se não me engano). Uma delícia.<
Quando partimos para os pratos principais, fiquei um tanto decepcionado com minha pedida, o cerdo glaseado en soya (barriga de porco ao shoyu com aroma de especiarias, acompanhada de arroz salteado oriental, R$ 48,00). Embora o ponto de cozimento estivesse bom — a carne fica cinco horas na panela —, o sabor do shoyu dominou o prato e roubou o sabor da carne. Um lamentável desequilíbrio.
Em compensação, fechamos bem a noite com um malbec ao qual sempre reputo boa relação entre preço e qualidade, o argentino Alto las Hormigas.
Taypá. SHIS QI 17, conjunto F, loja 208, Fashion Park, Lago Sul, (61) 3248-0403 e 3364-0403. http://www.taypa.com.br.
BBB: Bacalhau Bom e Barato

Um dos salões da Casa Portuguesa: ambiente faz lembrar a região do Alentejo / Foto: divulgação
Semana sim, semana não — às vezes, semana sim, a outra também — saio para almoçar na Casa Portuguesa.
Esse restaurante simpaticíssimo, que ocupa um sobrado de esquina e cujos salões têm paredes pintadas de branco que me fazem lembrar as casinhas caiadas da região do Alentejo, prepara e vende os pratos de bacalhau mais baratos de Pinheiros e adjacências.
Ok, quando me sento à mesa, quase sempre uma daquelas instaladas ao lado da estante repleta de garrafas de vinho verde e tinto nas prateleiras, não espero encontrar o melhor dos cod ghadus morhua, o melhor e mais caro tipo de bacalhau — refiro-me ao ingrediente.
Mas nunca saio de lá arrependido por, uma vez mais, ter feito a opção pelo BBB, bacalhau bom e barato servido ali.
De segunda a sexta, há duas opções de prato do dia, que saem a R$ 23,00 cada uma. A partir de segunda, o menu varia entre bacalhau à gomes de sá e à eliseu (arroz de bacalhau com grão de bico); com natas e a brás (terças); ao forno e à gomes de sá especial (quartas); zé do pipo e com grão de bico (quintas); caldeirada, à brás e à gomes de sá especial (sextas).
Minha receita preferida, porém, é a do bacalhau à lagareiro (frito em posta, servido com batatas ao murro, brócolis e alho assado, R$ 38,00). Em geral, abro os trabalhos com dois bolinhos de bacalhau (R$ 3,00 cada um), divido essa receita e uma entrada (que pode ser a alheira, R$ 21,00) com mais uma pessoa.
Para beber, há rótulos de vinhos de diferentes regiões de Portugal, dos mais simples (a exemplo do Porca de Murça, R$ 35,00, produzido no Douro) aos que têm boa relação entre preço e qualidade, como o EA (Eugenio Almeida, alentejano, R$ 62,00).
Na falta de um bom vinho do Porto para acompanhar o pastel de nata na sobremesa (R$ 5,50), vale pedir um expresso bem tirado (R$ 3,00).
Atenção: a casa só atende durante o almoço.
Casa Portuguesa. Rua Cunha Gago, 656, Pinheiros, tel. (11) 3819-1987. http://www.casaportuguesa.com.br
D4: parece Baixo Augusta, mas está nos Jardins

D4: ambiente mezzo indie, mezzo fashion
A caveira feita com Lego, que aparece na foto acima, foi a primeira coisa que chamou a minha atenção quando cheguei ao D4 Boteco Galeria. É uma obra do artista Alê Jordão que está (ou estava, pelo menos até o dia em que visitei o bar) à venda por 80.000 reais.
Naquela hora lembrei-me do meu sobrinho Torben que, aos 5 anos, é um ás do Lego. Ele é capaz de passar horas, dias, semanas montando todo tipo de coisa: já deu forma a espaçonaves, a uma Kombi, a barcos, trens, castelos mil.
Torbinho, pensei, é um artista. Fiquei ainda mais convicto quando me aproximei do caveirão e notei que, na real, a obra à venda no D4 é apenas revestida de peças Lego: trata-se de um molde em forma de caveira, em cuja superfície as pecinhas foram coladas e encaixadas. Uma autêntica cabeça oca — de Legos, ao menos.
De todo modo, a caveira combina em cheio com o visual meio alternativo do ambiente, que tem as paredes do térreo e da pista, no mezanino, grafitadas. Se você chegar vendado ao bar, que foi aberto em agosto de 2012, num primeiro momento vai achar que está em algum lugar do Baixo Augusta, até notar que o público que chega tem mais a ver com os Jardins, mesmo, e está mais para, como dizem, “fashionistas”: garotas e rapazes esguios, na faixa dos 30, e um certo ar gay friendly.
Da carta de bebidas, vale a pena apostar nos drinques, sejam eles os clássicos (negroni, bem gostoso, equilibrado, R$ 22,00) ou os da casa, a exemplo do john coltrane (vodca, mel, lemoncello e licor de amora Chambord, R$ 26,00). Entre os petiscos, a porção joan miró é bem feita e foge da mesmice (bolinhos de risoto de ragú de cordeiro, R$ 26,00).
Depois das 23h, a pista de dança começa a esquentar, ao som de eletro, funk e rock.
D4 Boteco Galeria. Rua da Consolação, 3417, Jardim Paulista, tel. (11) 2338-8910, http://www.d4botecogaleria.com.
Se beber, não telefone
Taí uma ideia, a ser copiada: