Vinho na Bienal

Entrada da Wine Weekend no prédio da Bienal: estandes de 24 importadoras / Foto: Miguel Icassatti

Entrada da Wine Weekend no prédio da Bienal: estandes de 24 importadoras / Foto: Miguel Icassatti

Pelo quarto ano consecutivo, acontece de hoje (25) a domingo (28) em São Paulo a Wine Weekend, feira que reúne 24 pequenas importadoras de vinhos e algumas das principais vinícolas brasileiras.

É a primeira vez que a feira acontece no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, o prédio da Bienal, no Parque Ibirapuera — nos anos anteriores ocorreu no estacionamento do Jockey Club.

O ponto mais bacana deste evento, porém, é que, diferentemente de outras feiras, o visitante pode não apenas degustar os vinhos, mas principalmente comprar as garrafas (em geral, com desconto) ali mesmo. E quantas garrafas quiser ou conseguir acomodar nos carrinhos de supermercado colocados à disposição.

Casa Valduga, Lídio Carraro, Pericó, Perini, Aurora e Salton são as principais vinícolas nacionais presentes. No estande da Salton, por exemplo, o Talento (elaborado com as uvas cabernet sauvignon, merlot e tannat), tinto servido à comitiva do papa Francisco, está à venda por R$ 49,00. Na compra da caixa com seis unidades (R$ 294,00), ganha-se uma garrafa. O tinto Desejo (100% merlot) sai a R$ 55,00 e o branco Virtude, feito com a uva chardonnay, custa R$ 45,00.

Entre as importadoras, destacam-se a De La Croix, com seu portfólio dedicado aos vinhos franceses, a Qual Vinho? (com boa oferta de sul-africanos), a Cantu (que vende o fantástico Quinta do Vallado Reserva Field Blend 2008, R$ 125,00) e uma novata, a Weinkeller. Fundada há um ano, essa importadora é especializada em vinhos alemães, muitos deles com boa relação entre preço e qualidade, caso do branco Pfaffmann riesling (R$ 49,00).

A quem vai de carro, a boa notícia é que para estacionar não se gasta mais do que os R$ 3,00 do bilhete Zona Azul. Palestras e degustações temáticas, assim como uma exposição do cartunista Hermé, completam o programa.

Wine Weekend São Paulo Festival 2013. Pavilhão Ciccillo Matarazzo (Bienal), Parque Ibirapuera, portões 3 e 4. Ingresso: R$ 50,00, com direito a uma taça de cristal. http://www.wineweekend.com.br.

No meio do caminho tinha três botecos

Bar da Lôra: o melhor do Mercado Central de BH

Bar da Lôra: o melhor do Mercado Central de BH

Este texto está sendo escrito e publicado com 26 dias de atraso, mas em se tratando de botecos belorizontinos, é sempre tempo de correr atrás do tempo perdido.

Minha visita mais recente a Belo Horizonte ocorreu no dia 26 de junho, quando fui acompanhar a semi-final da Copa das Confederações, a da vitória do Brasil sobre o Uruguai.

Pois bem. Uma vez que meu voo havia chegado por volta das 10 da manhã em BH, não consegui fazer o check-in no hotel antes do meio-dia. Aproveitei as duas horinhas livres daquela manhã ensolarada e segui para o Bar da Lôra, no Mercado Central, um dos meus botecos prediletos na cidade.

Ex-campeão do festival Comida di Buteco e quinto colocado na edição deste ano, o bar já estava cheio àquela hora. Motivos, na verdade, não faltam para que a freguesia cerque o pequeno balcão a que se resume o estabelecimento instalado numa esquina do mercado. O mais novo deles, ao menos para um forasteiro como eu, é o versão da lôra, tira-gosto que a casa inscreveu no festival. Compõe-se de linguiça, angu (polenta, para os paulistanos), carne de panela, jiló em conserva, mandioca cozida e um molho de linguiça que poderia muito ser oferecido sozinho, como um caldinho servido em copo americano rodeado por fatias de pão francês. Espetacular e com sustança suficiente para segurar a onda depois de uma megadose de cachaça Vale Verde e alguns copos de Original.

Durante o jogo, encontrei-me com Eduardo Maya, que vem a ser o melhor cicerone da cidade de BH. Não bastasse sua generosidade em receber a todos, foi ele quem criou, justamente, o Comida di Buteco. Uma vez mais ele surpreendeu, e desta vez não só a mim, mas também aos colegas paulistanos com que fui ao Mineirão — que, aliás, está mais lindo do que antes.

Bar do Véio: linguiça de arroz carreteiro, a invenção do ano

Bar do Véio: linguiça de arroz carreteiro, a invenção do ano

Seguimos, então, para o Bar do Véio, que fica escondido ali no bairro Caiçara, em um rápido desvio no meio do caminho entre a Pampulha (onde fica o Mineirão) e a região central. Ali tive a chance de degustar o que para mim, até o momento, é a invenção do ano: uma linguiça recheada de arroz carreteiro, que corresponde a 50% da porção tropa mineira. Os outros 50% são preenchidos com croquetes de mandioca deliciosos. A foto acima mostra bem o que é a linguiça de arroz carreteiro. É ou não é a invenção do ano?

Dali seguimos para o João da Carne, o terceiro e último botecaço do dia. Terceiro e último, convém dizer, porque o grau etílico da caravana paulistana foi vencido pela cerveja e pela soberba maciez da picanha servida pelo seu João, que atende ao público em companhia dos filhos.

João da Carne: orgulho do Carlos Prates / Fotos: divulgação Comida di Buteco
João da Carne: orgulho do Carlos Prates / Fotos: divulgação Comida di Buteco

Também contribuiu para que decidíssemos encerrar a noitada ali, a porção sonho de valsa, que reúne linguiça de carne de sol, linguiça de pernil, mandioca cozida no açafrão com creme de cebola, geleia e pimenta biquinho.

Em Beagá é assim. Sempre tem um boteco, ou dois, ou três, no meio do caminho.

Bar da Lora. Avenida Augusto de Lima, 744 loja 115, Mercado Central (saída Rua Santa Catarina), tel. (31) 3274-9409.

Bar do Véio. Rua Itaguaí, 406, Caiçara, tel. (31) 3415-8455.

João da Carne. Rua Sabinópolis, 172, Carlos Prates, tel. (31) 3462-4899.

Bar e bola

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Hoje em dia, na impossibilidade de estar na arquibancada ou na numerada, tenho preferido o sofá da sala na hora de assistir a jogos de futebol.

Dia desses, na impossibilidade de estar no estádio — era Wembley, no caso — e no sofá de casa, pois uns amigos gringos queriam ver àquela partida em um bar, fui ao Artilheiros Bar.

Dois fatores fazem do Artilheiros uma boa opção para quem gosta de juntar futebol e bar:. 1. a bela coleção de capas de PLACAR reproduzidas nas paredes, como a da foto acima (edição n. 263, de abril de 1975); 2. os dois telões, que permitem que o freguês/torcedor acompanhe o desenrolar dos jogos à distância.

Quando começamos a falar de cardápio, a coisa muda um pouco. A porção de pasteizinhos (R$ 17,00 com dez unidades) é apenas razoável, assim como o espetinho que pedi (de linguiça, R$ 6,00, que veio um tanto frio à mesa).

Entre as bebidas, tudo nos conformes: Original bem gelada (R$ 8,50 a garrafa) e caipirinha bem feita (R$ 17,00, com cachaça Nega Fulô).

Um alerta: grupos tocam samba e pagode no fundo do salão, que não tem tratamento acústico adequando. Haja tímpanos.

Artilheiros Bar. Rua Mourato Coelho, 1194, Vila Madalena, tel. (11) 2922-0314, http://www.artilheirosbar.com.br.

 

Com quantas fatias de mortadela se faz um sanduíche no Mercadão?

Bar Mortadela Brasil: sanduíche de escabeche de sardinha / Foto: divulgação

Bar Mortadela Brasil: sanduíche de escabeche de sardinha / Foto: divulgação

“São doze a quinze fatias de mortadela, que perfazem 290 a 300 gramas”, disse-me o garçom do Mortadela Brasil, um dos bares que faziam lotar o mezanino do Mercado Municipal Paulistano, por volta da 1 da tarde de hoje.

O Mortadela Brasil não foi o inventor — não foi, ao menos, ali no Mercadão — do megassanduíche de mortadela (R$ 19,00, com queijo) que há muitos anos faz com que longas filas se formem nesse e em outros bares do local. Mas, para quem se dispõe a encarar esse exagero da gula, é uma das alternativas ao do famoso Hocca Bar, cujo ponto original fica no térreo do mercado. Ali, aliás, a atendente limitou-se a me dizer que o sanduíche tem 300 gramas. Recusou-se a me dizer quantas fatias vão no lanche (R$ 15,00, quente ou frio).

Para falar a verdade, tanta mortadela assim de uma vez, seja do Mortadela Brasil, seja do Hocca, não faria tão bem ao meu coração, ainda mais na véspera de mais um São Paulo x Corinthians, de modo que optei pelo sanduba de escabeche de sardinha, a mais popular fonte de ômega 3 que se conhece, a fim de proteger minhas artérias.

Alguns meses atrás eu havia provado a deliciosa versão fria do lanche criado pelo Mortadela Brasil. Para os padrões da casa, ele tem o tamanho médio, o que significa, talvez, uns 150 gramas do peixe. Hoje resolvi pedir a versão quente (R$ 16,00), e confesso que me decepcionei, já que tive de descartar boa parte do recheio, que estava torrada demais. O pão e o azeite com o qual reguei o sanduíche, em compensação, estavam muito bons, assim como o chope (R$ 7,00), tirado com capricho.

No fim das contas, voltar ao Mercadão é sempre um bom programa.

Mortadela Brasil. Rua da Cantareira, 306, mezanino, box 4 (Mercado Municipal Paulistano), tel. (11) 3311-0024, http://www.mortadelabrasil.com.br

 

 

 

Sabiá desafinado

Sabiá: nem tão bom, nem tão ruim / Foto: Mario Rodrigues

Sabiá: nem tão bom, nem tão ruim / Foto: Mario Rodrigues

Dias atrás, fiquei no trabalho até mais tarde para evitar, na volta para casa, os transtornos decorrentes de mais uma manifestação na Paulista. Bateu a fome e tive de caçar algum bar com a cozinha aberta depois da meia-noite.

Eu não voltava ao Sabiá desde 2008, 2009, por aí. O salão vivia vazio, até que, de fato, fechou. O bar foi reaberto em 2011 e desde então uns amigos vinham comentado que, agora sim, o bar estava enchendo, legal e tal, e resolvi passar por lá.

O apetite, dizem, é o melhor cozinheiro. Mas convém não abusar de sua boa vontade, certo?

Pois é. Cheguei com fome e com sede e logo pedi um chope (bem tirado, R$ 5,50) e um pastel de camarão (gostoso, bem recheado, R$ 8,00).

Com o estômago já tranquilizado, relaxei e pedi uma dose de Claudionor (R$ 6,30), mais um sanduíche de bife à milanesa com rúcula (R$ 20,00).

Mas errei feio na pedida. E o bar desafinou legal na produção do sanduba. A começar pelo pão, que veio um pouco murcho. Para mim, se estiver 0,1% murcho, já é razão para reprovar. Com pão eu não brinco. E o recheio, confesso, me decepcionou. Faltou sal, tempero, sabor. Não valem os R$ 20,00 cobrados.

Antes de ir embora, tive tempo de flagrar algo que não gostaria. Eu estava aguardando pela nota fiscal, no caixa, quando vi um garçom devolvendo um copo de caldinho de feijão para o cozinheiro. O freguês havia reclamado da temperatura. Em vez de servir uma porção nova, aquecida, direto da panela, o que fez o cozinheiro?

Mandou pro microondas. Imperdoável.

Sabiá. Rua Purpurina, 370, Vila Madalena, tel. (11) 3032-1617.