Salvem (usem) os mercados

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Mercado da Ribeira, em Lisboa / Foto: Miguel Icassatti

Já há alguns anos eu tenho ido com alguma frequência a Portugal, graças ao trabalho como correspondente do grupo Essência do Vinho, do Porto, que publica a Revista de Vinhos, mais importante publicação do segmento no país – e uma das mais prestigiadas no mundo.

Na visita mais recente, em novembro de 2017, fiquei vários dias em Lisboa e pude explorar algumas regiões. Uma delas, a do Cais da Ribeira, era uma zona deteriorada da cidade – essa é a memória que eu guardava desde minha primeira ida à cidade em 2006.

Mas eis que tudo mudou por ali e um símbolo dessa mudança, positiva, é claro, é o Mercado da Ribeira.

Esse mercado foi restaurado em 2014 depois de décadas de um quase abandono. Desde então, além dos boxes de frutas, peixes e elementos em geral surgiram 30 pontos gastronômicos, entre bares e restaurantes de chefs badalados por aqui.

Por volta das 10 da noite o Mercado estava absolutamente lotado, com gente se servindo nos boxes/estandes e indo se acomodar nas mesas coletivas. Ouvi sotaque em inglês, francês, alemão e até português aí da Mooca, o meu.

Esta é a terceira vez que venho ao Mercado desde 2015 e já é um dos meus lugares preferidos na cidade. E o legal é que as ruas no entorno, antes escuras, ermas e nada convidativas, ganharam restaurantes, bares e – o principal – com muita gente na rua. Ou seja, a cidade ganhou.

Então, é inevitável comparar essa experiência de nossos irmãos portugueses com a situação dos mercados em São Paulo, que abrigam muitos bares e botecos sensacionais.

No Mercado da Lapa, por exemplo, eu gosto de ir pra comprar miúdos, carnes e alguns temperos, e aproveito para comer um sanduíche na Casa da Mortadela.

No Mercadão Municipal, não tem como não se divertir com o fuzuê, as cores, os cheiros e a confusão nas barracas de frutas, açougues e peixarias e finalizar as compras num dos bares do mezanino. Eu gosto demais do Mortadela Brasil e do Elidio, além do Bar do Mané e do Café Jardim.

E no de Pinheiros, tenho ido à Comedoria Gonzalez comer o delicioso choripan da casa.

Esses dois últimos mercados, aliás, até que passaram por reformas, vieram a ser mais frequentados, mas eu sinto falta dessa conexão maior com a cidade. Poderiam ser mais bem aproveitados em dias e horários alternativos, poderiam ser o gatilho para que as ruas do entorno também ganhassem mais vida.

No caso do Mercado da Ribeira, o sucesso é fruto de investimento privado, apoio do governo local e a crença por parte da população de que vale a pena valorizar esse lugar.

Da minha parte, convido você, raros leitores,  a conhecerem ou voltarem a frequentar esses e os outros mercados paulistanos, seja para fazer uma comprinha, seja para tomar uma cerveja, seja para petiscar. Não haverá programa mais paulistanamente legal.

Mercado Municipal. Rua da Cantareira, 306, centro.

Marcado da Lapa. Rua Herbart, 47, ao lado do terminal de ônibus da Lapa.

Mercado de Pinheiros. Rua Pedro Cristi, 89, no Largo da Batata.

Bom fim de semana a todos!

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