Fotos: Miguel Icassatti
Com um bom atraso, conto aqui uma breve e felicíssima experiência que tive nas duas horas livres em Madri, em fevereiro passado, durante a conexão do meu voo de volta do Porto ao Brasil – duas horas, que fique entendido, mais o tempo necessário para fazer os procedimentos de desembarque e embarque, além do trajeto de ida e volta entre o aeroporto de Barajas e a cidade, é claro.
Nesses 120 minutos, resolvi rever um boteco que conheci em 2015 e que desde então passou a ocupar minha lista dos prediletos: La Bodega Ardosa.
Peguei o metrô, desci na estação Tribunal e caminhei três quarteirões num friozinho danado, sob aquela chuvinha de molhar bobo, até a Ardosa, que fica muito perto do Mercado de Santo Ildefonso.
É um bar existe desde o fim do século 19, é a coisa mais linda, com ares de pub, cardápio escrito em lousas, gente, turistas a entrar e a sair o tempo todo, e um cardápio de tapas e pintxos muito bem feitos.
O relógio marcava umas 8 e meia da noite, o salão estava cheio e me aboletei no balcão. Pedi um copo de vinho Rioja e uma tortilla de batata, que veio servida com um pão absolutamente delicioso.
Tomei uma segunda taça e resolvi pedir a conta porque ainda tinha uns 30 minutos livres.
Foi quando lembrei que, entre a estação de metrô e o bar, eu havia passado por outros dois ou três bares que me pareceram interessantes.
Eis que junto da dolorosa, recebi um voucher para provar, gratuitamente, as “melhores batatas bravas do mundo”, num bar que fica exatamente ao lado de La Ardosa.
E foi o que fiz. Peguei minha mochila, sacola, guarda-chuva, voucher e desembarquei no balcão do bar vizinho, Casa Baranda.
No balcão, entreguei o papelzinho ao barman, pedi uma cerveja e ganhei uma porçãozinha de azeitonas como cortesia.
E, naquele balcão, diante de uma parede repleta e réplicas de cartazes de touradas, além de barris contendo vinhos Jerez, me dei conta desta maravilhosa tradição dos bares madrilenhos, que é a oferta de um pratinho com aperitivo a quem chega ao balcão.
Essa gentileza talvez seja a primeira lição de marketing que os bares do mundo todo poderiam aprender com os de Madri.
A segunda é essa ideia do voucher de cortesia para quem queira degustar uma porção em um outro bar. É claro que, vim a saber ao perguntar pro barman, o Casa Baranda pertence ao mesmo dono de La Bodega Ardosa. Enquanto eu bebia minha cerveja, vi um casal chegar com o mesmo voucher, pedir as batatas e enquanto esperava o preparo, consumir duas taças de vinho.
Não seria uma boa se alguns botecos paulistanos que são geridos pelos mesmos donos se inspirassem nessa história? Certamente sairiam ganhando. Portanto, #ficaadica.