Um voto para a picanha do Fuad

 

Com o início do horário eleitoral gratuito na TV e no rádio, dei-me conta que esta será a primeira eleição sem a presença de Fuad Sallum, mentor do Esquina Grill do Fuad, talvez o boteco mais tradicional da região de Santa Cecília.

Em eleições anteriores, era batata: político que estivesse em campanha e quisesse arranjar uns votos a mais ou fazer uma média com os eleitores da área, tinha de tirar uma foto ao lado de Fuad Sallum, que dirigiu o conselho de segurança do bairro. Estão lá na parede do bar que ocupa a esquina das ruas Martim Francisco e Imaculada Conceição, registros do anfitrião ao lado de representantes da esquerda à direita, de Paulo Maluf a Dilma Rousseff.

Fuad Sallum morreu em 2013 e o bar mantém-se sob comando da família. Na parede central do salão reformado, branquinho da silva, chama atenção a churrasqueira, da qual saem porções generosas de carnes, que acabam por perfumar com cheiro de brasa quem se instala por ali. É por isso que prefiro esperar sempre, no frio ou no calor, por uma das mesas da calçada.

Estive lá algumas semanas atrás, numa tarde de domingo, e comecei pelos pasteis de carne, queijo e palmito (R$ 8,40 a porção com uma unidade de cada sabor). Na dúvida entre  a picanha saralho (servida no réchaud coberta com alho dourado) e o chuletão na brasa, optei pelo plano C, a picanha a la Ronaldo (R$ 67,90). Duas pessoas traçam com tranquilidade o corte servido em fatias, com arroz-de-carreteiro, agrião e um bolinho de mandioca bem gostoso. A carne não é a melhor do mundo, mas a pedida (ao ponto para mal-passado, não se esqueça) tem um ótimo custo-benefício, também por causa dos acompanhamentos.

Esquina Grill do Fuad. Rua Martim Francisco, 244, Santa Cecília, tel. (11) 3666-4493, www.esquinagrill.com.br.

 

 

 

 

5 botecos a caminho do Itaquerão *

Nos arredores da estação Artur Alvim do metrô, na qual, recomenda-se, devem descer os torcedores que vão acessar o setor oeste do Itaquerão, até os botequins têm padrão Fifa. Uniformizados, muitos deles, ao menos os que se colocam na rota de quem chega e sai do estádio, tiveram suas fachadas pintadas de vermelho – cor predominante da cerveja Brahma e da Coca-Cola, marcas que patrocinam a Copa do Mundo.

Em dias de jogos do Mundial na Arena de São Paulo, esses bares têm ganhado mais movimento, sobretudo de turistas estrangeiros. “Já atendi ingleses, holandeses e chilenos”, disse-me o garçom do Bola Bar, situado dois quarteirões acima da estação do metrô.

No dia do jogo Bélgica e Coreia do Sul, aproveitei para dar uma volta e conhecer a vizinhança de Artur Alvim, região que leva o nome do engenheiro-chefe da antiga companhia férrea. Foi ele quem projetou a malha ferroviária naquela região da ZL paulistana.

Um quarteirão acima, próximo à entrada principal do condomínio Santa Bárbara, de predinhos ao estilo Cohab, deparei-me com uma pracinha, no entorno da qual circulavam alguns ônibus e lotações. Vi um SRD guiado por sua dona ceder à provocação de um vira-latas liberto, crianças brincando na gangorra e balançando sobre um pneu amarrado a uma árvore, em frente a uma imobiliária que anunciava apartamentos “grandes” ao preço de “médios” na Cohab I (ou seja, 195.000 reais, e diante de pequenos estabelecimentos comerciais, todos vizinhos de parede: uma assistência técnica de eletrodomésticos, uma lan house e o Xaveco’s, um dos cinco bares que descrevo a seguir.

Xaveco’s

Morador do condomínio Santa Bárbara, que fica a não mais de 100 metros do bar, o sergipano  Carlos Alberto Santos é quem comanda o bar. Santos me contou que vive em São Paulo desde 1973 e que abriu o negócio 25 anos atrás. Ele próprio decorou as paredes e o teto dos 9 ou 10 metros quadrados do lugar com objetos de toda sorte, recolhidos em suas viagens para pescar ou presenteados por amigos: bonecas, luvas de boxe, um tatu empalhado, um pedaço de couro de onça e até um chifre de rinoceronte, arrematado de um amigo que viajou à África estão entre as dezenas de quinquilharias. É por causa dessa decoração que ele não serve comida ali, apenas uns traguinhos: caipirinha (10 reais) e cerveja (Brahma e Skol a 7 reais; Seramalte e Original a 8 reais), por exemplo. Carlos Alberto é irmão do ex-meia Antonio Carlos, que nos anos 80 atuou pelo Mogi Mirim, o América do México e o Botafogo carioca. “Ele jogou com o finado Berg, o Josimar e o Alemão”, disse-me. O outro irmão, Paulo Santos, também foi jogador e fez carreira em times de Sergipe, como o Itabaiana e o Lagarto. E por que Carlos Alberto não seguiu o mesmo caminho da família?  “Mano, sou ruim de bola. Mas joguei capoeira”, contou-me.

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Xaveco’s Bar. Rua Maria Eugênia Celso, 91-A (em frente à Praça Augusto Rodrigues de Souza). 10h às 14h e 16h à 0h.

Fotos Miguel Icassatti

Bola Bar

Cheguei ao Bola, duas quadras acima da saída do metrô e cuja fachada foi pintada de vermelho, guiado pelos decibéis emitidos (muito acima do suportável) por um carro de som estacionado em frente ao bar. “A Brahma tá bancando”, disse-me o garçom. E o Bola até que se preparou para a Copa: instalou um telão e deixou dois aparelhos de TV ligados na programa. A seleção musical era um pot-pourri de sertanejo, arrocha e até pagode cantado em inglês, estilos bem distintos do que faz supor quem chega ali e repara na decoração, pontuada por painéis fotográficos com imagens de um sorridente Mick Jagger, Beatles, Elvis e Freddy Mercury. Às sextas e sábados, vi num cartaz, há pop e rock ao vivo e aos domingos, sertanejo. No sábado, aliás, a casa fica bem cheia, disse o garçom que me serviu um passável churrasquinho no pão, graças à feijoada (16 reais, para um comensal; 25 reais para dois; 39 reais para quatro). Fiquei curioso para conferir a porção de batata frita servida na telha, com bacon (19 reais) e parmesão (16 reais).

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Bola Bar. Rua Maria Eugênia Celso esquina com Rua Inês Monteiro, tel. (11) 2742-3111.

Casa das Empadinhas

Na movimentada via que sai da estação de metrô, e na qual os pedestres em marcha pelo meio-fio parecem ter transformado em um calçadão, essa lanchonete se destaca por suas estufas que exibem salgados às centenas: coxinhas, quibes, bolinhas de queijo e empadinhas em versão miniatura, a preço único de 70 centavos (ou três unidades por 2 reais). Atenta ao fluxo de gringos famintos, a gerência até arriscou descrever em inglês, num destacado papelzinho cor de rosa, o conteúdo de alguns dos itens, caso dos croquetes de carne (meat), das empadinhas de frango (chicken) e das de palmito (palmito, em vez de palm heart).

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Casa das Empadinhas. Rua Doutor Campos Moura, 295.

ScarBar

“É fiscalização?”, perguntou-me o dono do bar, Wilson, desconfiado, ao ver-me chegando ao balcão, depois de eu ter tirado uma foto da fachada do boteco. Ao saber que eu estava fazendo uma reportagem, relaxou: “A ficha do bilhar é R$ 1,50, mas já vou parar o jogo para que a freguesia assista ao jogo”. Sobre a grelha da churrasqueira, já em cinzas, vi espetinhos esturricados de carne e de linguiça (4 reais cada um) e, na estufa, duas ou três costelinhas de porco e uma pequena montanha de torresmos gigantes (3,50 reais cada um). Na outra ponta do balcão pude ver uma turma devorando cumbucas de caldinho de mocotó, a 7 reais cada uma, mesmo preço da de feijão e da de vaca atolada (mandioca com costela). Para beber, cerveja Skol e Budweiser a 10 reais o litro, além de Skol e Brahma a 7 reais (a garrafa de 600 mililitros). “Esse é o preço de Copa”, explicou-me, dizendo que ao fim do evento vai baixá-los.

foto (9)

ScarBar. Rua Doutor Campos Moura, 75-B, tel. (11) 3747-5264. 10h/1h (fecha segunda).

Arena Sports Bar

Dos mesmos donos do Bola Bar, o Arena foi aberto em abril de 2014, com vista para a estação de metrô. Tem um ambiente “mais social”, conforme me havia dito o garçom do Bola Bar. Por mais social, entenda-se um salão com um balcão de pedra e uma chopeira, mesinhas de madeira escura, elemento, aliás, que permeia a decoração, que está tinindo de nova. Os preços, ali, são mais elevados: o chope, por exemplo, sai por 5,90 reais e, nos dias de jogo, é servido lamentavelmente em copo de plástico. A caipirinha custa 14,90 reais e os espetinhos, 3,90 reais (de carne, frango e coração). Têm feito sucesso, disse-me o garçom, as porções de  bolinhos de mandioca com carne seca (26,90 reais, com 8 unidades) e a de picanha no réchaud (67,90 reais). Mas àquela hora, com os times de Bélgica e Coreia do Sul perfiladas para cantarem o hino de seus países, ninguém comia. Enquanto a rapaziada postava-se nas mesas mais próximas ao telão, com copos de cerveja ao lado, em uma mesinha de canto próximo à janela, duas garotas tomavam refrigerante e bisbilhotavam nos respectivos aparelhos de celular.

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Arena Sports Bar. Avenida Doutor Luiz Aires, 1618, tel. (11) 2639-0462

*publicado por este blogueiro originalmente no blog Clima de Copa, no site de PLACAR

Os novos e os clássicos drinques no SubAstor

 

Não sei quanto a você, mas na minha opinião a dobradinha Astor e SubAstor é o bunker perfeito para a temporada de noites frias. A combinação entre boa cozinha, salões e balcões invariavelmente floridos e coquetelaria respeitável é matadora.

Tenho sentido falta das caipirinhas do Tarcísio, barman que foi promovido a gerente do Pirajá (bar que pertence aos mesmos donos do Astor) do Morumbi Shopping) e que de vez em quando trazia de suas férias na Zona da Mata mineira boas garrafas de cachaça.

Em compensação, Neto, que atendia no SubAstor, subiu para o balcão do Astor e tem segurado a bronca com louvor: mandou muito bem no negroni e no manhattan que pedi.

Estive lá na semana passada e pude conferir um dos 20 novos drinques criados pelo barman Fabio La Pietra para o Sub. O apelo desses novos birinaites é a experiência sensorial. Foram reunidos num menu coquetéis que aguçam os sentidos — caso de uma receita servida em taça de prata, que estimularia o tato.

O frappê à la negroni (foto) é uma releitura do clássico da coquetelaria internacional, cuja base mescla vermute tinto com gim. Aqui é misturada a com creme, ganha um paladar levemente adocicada e é servida numa taça de frappé. Sai por 28 mangos.

Não achei ruim, para falar a verdade, mas não fiquei tão empolgado com as novidades.

Num símbolo da boemia paulistana, como é o caso do Astor e de seu adendo Sub, prefiro ficar com a segurança dos clássicos.

Astor e SubAstor. Rua Delfina, 163, Vila Madalena, tel. (11) 3815-1364, SãoPaulo, SP

Por 10 mil reais, o champanhe do Senna

Há exatos trinta anos, o piloto Ayrton Senna conquistava o seu primeiro pódio na Fórmula 1, no Grande Prêmio de Mônaco. Aquele 2º lugar, debaixo de chuva, seria inesquecível não apenas para ele mas para todas as pessoas que, como eu, gostam de automobilismo. A bordo de sua Toleman, Senna voava debaixo do toró que caía no Principado e vinha ultrapassando a todos os adversários, entre eles Niki Lauda, René Arnoux e Michele Alboreto. Quando estava para emparelhar com o líder da corrida, Alain Prost, a organização da prova encerrou a prova, antes mesmo de terem sido completadas todas as voltas, numa decisão mais do que polêmica. Você pode ver os melhores momentos dessa prova aqui.

Pois hoje pela manhã foi lançada na sede do Instituto Ayrton Senna, em São Paulo, uma série especial de 41 garrafas double magnum (3 litros) do champanhe Moët & Chandon Impérial, em homenagem às 41 vitórias conquistadas por Senna — naqueles tempos mais emocionantes da F1, era com uma Impérial que os campeões brindavam.

Cada garrafa traz uma réplica da assinatura do tricampeão — que guardava em seu acervo o vasilhame ganho após cada vitória, não sem antes grafar seu nome no rótulo —, assim como uma versão da etiqueta da bebida à época.

Essas 41 garrafas estarão à venda apenas no Brasil, a partir desta sexta, 6 de junho, por 10.000 reais cada uma, em lojas de bebidas e bares de alguns hotéis — até o momento, porém, a Moët & Chandon não informa quais são esses pontos — mas se você for um Sennista, já pode dar um toque ao gerente do banco.

Beba duas vezes por semana e seja feliz

Happy hour: duas vezes por semana, no mínimo / Foto: Romero Cruz

Happy hour: duas vezes por semana, no mínimo / Foto: Romero Cruz

A Organização Mundial de Saúde e entidades científicas internacionais de grande reputação, como o hospital da Universidade Johns Hopkins e a American Dietetic Association — além da minha nutricionista, a quem tive de recorrer no início desta semana depois que levei um presta-atenção do meu check-up mais recente por causa do colesterol —, recomendam os benefícios do vinho tinto para combater inimigos como as placas de gordura nas veias, a má circulação sangüínea e o mais ardiloso de todos os vilões (ao menos, no meu caso), o mau colesterol.

Na consulta de segunda-feira passada, Livia, a nutricionista, me deu o aval: “tudo bem, pode beber uma a duas taças de vinho por dia, não tem problema.”

Ok, para mim a boa notícia não era exatamente tão nova assim. Tipo, eu-já-sabia! Mesmo assim, meus olhos brilharam, ela há de ter percebido. Afinal, agora eu tinha um aval científico dito em alto e bom som.

Devo tamanha alegria aos queridos resveratrol e aos flavonoides, compostos presentes na uva, que têm respectivamente ação antioxidante e favorecem a produção de colesterol bom no  fígado.

Além dessa preciosa confirmação, dez dias atrás um interessantíssimo estudo comandado pelo neurocientista Robin Dunbar, da Universidade de Oxford foi divulgado. (Leia a notícia, em inglês, aqui.)

De acordo com Dunbar, homens que saem duas vezes por semana para beber com os amigos tendem a ter uma saúde melhor, a se recuperar mais rapidamente de doenças e a ser mais generosos.

Convenhamos, duas noitadas por semana em companhia dos amigos não farão mal a nenhum relacionamento.

Moderação e equilíbrio, no bar e na vida, não fazem mal a ninguém.

 

Bar do Giba e a voz do povo

Bar do Giba: eleito o boteco do ano por Veja São Paulo

Bar do Giba: eleito o boteco do ano por Veja São Paulo

Nesta semana circula mais uma edição anual do guia Comer & Beber de Veja São Paulo. Desta vez, a revista decidiu escolher os melhores bares, restaurantes e comidinhas da cidade pautada apenas pelo voto do internauta que visita o site da publicação. É a voz povo, digitalizada.

Se a voz do povo é a voz de Deus, Ele elegeu o fantástico Bar do Giba como o boteco do ano em São Paulo.

E Ele sabe mesmo o que faz. Havia uns bons anos que eu não ia ao Giba, até que, na sexta, recebi um convite-alerta do amigo Luis Alvim, para que fôssemos almoçar lá no sábado, antes que a maioria das bancas e assinantes da Vejinha recebessem seus exemplares e resolvessem conferir alguns dos melhores do ano já no sabadão.

Prontamente atendi, ou melhor, atendemos. Camila e eu chegamos por lá às 2 e meia da tarde e fomos os últimos a nos juntar à mesa. A turma já havia devorado uma paleta de cabrito e dado fim a umas caipirinhas e pasteizinhos (recomendo fortemente o de camarão e o de palmito).

Apesar do atraso, conseguimos alcançar os demais, ao pedirmos uma porção de barrinha de cereal (isto é, de barriga de porco frita), mais pasteizinhos e uma costela de cabrito, além de algumas garrafas de Serramalte e uma caipirinha feita com a boa cachaça Solar.

Não me perguntem o preço desses itens porque, como não há cardápio na casa, não tenho ideia do quanto nos foi cobrado por cada cosia que pedimos. Só sei que a conta total bateu nos R$ 540,00, o que significa que cada um deixou R$ 90,00 na casa.

Confesso que essa falta de menu me causa certa preguiça. Permaneço, portanto, no desfalcado time dos chatos que gostam de ver as opções e preços dos comes e bebes. Quem se queixava que o Giba só recebia pagamentos em dinheiro e cheque, a boa nova, ao menos para mim, é que cartões de débito agora são bem-vindos.

No mais, deixo meus parabéns para o Giba. Título merecidíssimo.

A lista completa dos vencedores de Comer & Beber de Veja São Paulo pode ser conferida aqui.

Bar do Giba. Avenida Moaci, 574, Moema, São Paulo, SP, tel. (11) 5535-9220.

Bar do Luiz: 43 anos em 12 horas de botecagem

Bar do Luiz: festança no Sambódromo

Bar do Luiz: festança no Sambódromo

Ainda dá tempo de garantir o ingresso para a quarta edição da festa “12 Horas de Boteco”, que o Bar do Luiz Fernandes vai realizar neste sábado, 24 de agosto, no Sambódromo do Anhembi, para celebrar os seus 43 anos de vida.

A partir das 15h10, vão rolar shows, em sequência, de Ana Clara, Bala de Troco, Toquinho, Leci Brandão, Demônios da Garoa, Diogo Nogueira, Osquestra Voadora, Mariene de Castro, Samba da Vela, Arlindo Cruz e a bateria da Mocidade Alegre.

O ingresso para a maratona custa R$ 300,00 e dá direito a uma camiseta da festa, acesso aos shows e consumo de bebidas e petiscos à vontade. Além dos famosos e deliciosos bolinhos de bacalhau do bar, será possível degustar as receitas das casas convidadas: o restaurante Mocotó, o Veloso Bar, a kombi do Rolando Massas, a churrascaria Anhembi e  o japonês Sushi Hiroshi.

São esperadas 6.000 pessoas na festa.

Informações: http://www.bardoluizfernandes.com.br

 

Vinho na Bienal

Entrada da Wine Weekend no prédio da Bienal: estandes de 24 importadoras / Foto: Miguel Icassatti

Entrada da Wine Weekend no prédio da Bienal: estandes de 24 importadoras / Foto: Miguel Icassatti

Pelo quarto ano consecutivo, acontece de hoje (25) a domingo (28) em São Paulo a Wine Weekend, feira que reúne 24 pequenas importadoras de vinhos e algumas das principais vinícolas brasileiras.

É a primeira vez que a feira acontece no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, o prédio da Bienal, no Parque Ibirapuera — nos anos anteriores ocorreu no estacionamento do Jockey Club.

O ponto mais bacana deste evento, porém, é que, diferentemente de outras feiras, o visitante pode não apenas degustar os vinhos, mas principalmente comprar as garrafas (em geral, com desconto) ali mesmo. E quantas garrafas quiser ou conseguir acomodar nos carrinhos de supermercado colocados à disposição.

Casa Valduga, Lídio Carraro, Pericó, Perini, Aurora e Salton são as principais vinícolas nacionais presentes. No estande da Salton, por exemplo, o Talento (elaborado com as uvas cabernet sauvignon, merlot e tannat), tinto servido à comitiva do papa Francisco, está à venda por R$ 49,00. Na compra da caixa com seis unidades (R$ 294,00), ganha-se uma garrafa. O tinto Desejo (100% merlot) sai a R$ 55,00 e o branco Virtude, feito com a uva chardonnay, custa R$ 45,00.

Entre as importadoras, destacam-se a De La Croix, com seu portfólio dedicado aos vinhos franceses, a Qual Vinho? (com boa oferta de sul-africanos), a Cantu (que vende o fantástico Quinta do Vallado Reserva Field Blend 2008, R$ 125,00) e uma novata, a Weinkeller. Fundada há um ano, essa importadora é especializada em vinhos alemães, muitos deles com boa relação entre preço e qualidade, caso do branco Pfaffmann riesling (R$ 49,00).

A quem vai de carro, a boa notícia é que para estacionar não se gasta mais do que os R$ 3,00 do bilhete Zona Azul. Palestras e degustações temáticas, assim como uma exposição do cartunista Hermé, completam o programa.

Wine Weekend São Paulo Festival 2013. Pavilhão Ciccillo Matarazzo (Bienal), Parque Ibirapuera, portões 3 e 4. Ingresso: R$ 50,00, com direito a uma taça de cristal. http://www.wineweekend.com.br.

Com quantas fatias de mortadela se faz um sanduíche no Mercadão?

Bar Mortadela Brasil: sanduíche de escabeche de sardinha / Foto: divulgação

Bar Mortadela Brasil: sanduíche de escabeche de sardinha / Foto: divulgação

“São doze a quinze fatias de mortadela, que perfazem 290 a 300 gramas”, disse-me o garçom do Mortadela Brasil, um dos bares que faziam lotar o mezanino do Mercado Municipal Paulistano, por volta da 1 da tarde de hoje.

O Mortadela Brasil não foi o inventor — não foi, ao menos, ali no Mercadão — do megassanduíche de mortadela (R$ 19,00, com queijo) que há muitos anos faz com que longas filas se formem nesse e em outros bares do local. Mas, para quem se dispõe a encarar esse exagero da gula, é uma das alternativas ao do famoso Hocca Bar, cujo ponto original fica no térreo do mercado. Ali, aliás, a atendente limitou-se a me dizer que o sanduíche tem 300 gramas. Recusou-se a me dizer quantas fatias vão no lanche (R$ 15,00, quente ou frio).

Para falar a verdade, tanta mortadela assim de uma vez, seja do Mortadela Brasil, seja do Hocca, não faria tão bem ao meu coração, ainda mais na véspera de mais um São Paulo x Corinthians, de modo que optei pelo sanduba de escabeche de sardinha, a mais popular fonte de ômega 3 que se conhece, a fim de proteger minhas artérias.

Alguns meses atrás eu havia provado a deliciosa versão fria do lanche criado pelo Mortadela Brasil. Para os padrões da casa, ele tem o tamanho médio, o que significa, talvez, uns 150 gramas do peixe. Hoje resolvi pedir a versão quente (R$ 16,00), e confesso que me decepcionei, já que tive de descartar boa parte do recheio, que estava torrada demais. O pão e o azeite com o qual reguei o sanduíche, em compensação, estavam muito bons, assim como o chope (R$ 7,00), tirado com capricho.

No fim das contas, voltar ao Mercadão é sempre um bom programa.

Mortadela Brasil. Rua da Cantareira, 306, mezanino, box 4 (Mercado Municipal Paulistano), tel. (11) 3311-0024, http://www.mortadelabrasil.com.br

 

 

 

Sabiá desafinado

Sabiá: nem tão bom, nem tão ruim / Foto: Mario Rodrigues

Sabiá: nem tão bom, nem tão ruim / Foto: Mario Rodrigues

Dias atrás, fiquei no trabalho até mais tarde para evitar, na volta para casa, os transtornos decorrentes de mais uma manifestação na Paulista. Bateu a fome e tive de caçar algum bar com a cozinha aberta depois da meia-noite.

Eu não voltava ao Sabiá desde 2008, 2009, por aí. O salão vivia vazio, até que, de fato, fechou. O bar foi reaberto em 2011 e desde então uns amigos vinham comentado que, agora sim, o bar estava enchendo, legal e tal, e resolvi passar por lá.

O apetite, dizem, é o melhor cozinheiro. Mas convém não abusar de sua boa vontade, certo?

Pois é. Cheguei com fome e com sede e logo pedi um chope (bem tirado, R$ 5,50) e um pastel de camarão (gostoso, bem recheado, R$ 8,00).

Com o estômago já tranquilizado, relaxei e pedi uma dose de Claudionor (R$ 6,30), mais um sanduíche de bife à milanesa com rúcula (R$ 20,00).

Mas errei feio na pedida. E o bar desafinou legal na produção do sanduba. A começar pelo pão, que veio um pouco murcho. Para mim, se estiver 0,1% murcho, já é razão para reprovar. Com pão eu não brinco. E o recheio, confesso, me decepcionou. Faltou sal, tempero, sabor. Não valem os R$ 20,00 cobrados.

Antes de ir embora, tive tempo de flagrar algo que não gostaria. Eu estava aguardando pela nota fiscal, no caixa, quando vi um garçom devolvendo um copo de caldinho de feijão para o cozinheiro. O freguês havia reclamado da temperatura. Em vez de servir uma porção nova, aquecida, direto da panela, o que fez o cozinheiro?

Mandou pro microondas. Imperdoável.

Sabiá. Rua Purpurina, 370, Vila Madalena, tel. (11) 3032-1617.