O boteco mais seguro do Rio de Janeiro

Demorou um bocado, mas finalmente fui conhecer o Pavão Azul, boteco localizado na esquina as ruas Barata Ribeiro e Hilário de Gouveia, em Copacabana.

Foi uma visita rápida, é bem verdade, a meio caminho entre Ipanema e o Aeroporto Santos Dumont, quarta-feira passada.

Mas com tempo suficiente para pescar, acho eu, um tiquinho da alma do bar que — diferentemente de outros botecos da Zona Sul carioca, que costumam valer-se da fortuna de sua localização como vantagem competitiva, esquecendo-se do que realmente importa: atendimento, comida e bebida.

Percebi verdade naquelas pataniscas (uma espécie de primo pobre e disforme do bolinho de bacalhau, R$ 2,30 a unidade) e no chope, servido em copo adequado (tipo Hannover, com pezinho).

Não consegui me acomodar em uma das mesas sobre a calçada, mas o garçom deu um jeito de me arranjar uma banqueta, sobre a qual coloquei copo, petiscos e porta guardanapos, quase no meio-fio. A uns 5 metros de distância, alguns clientes tomavam cerveja e conversavam, encostados nos carros parados nas vagas a 45 graus.

A uma distância ainda menor, duas freguesas trocavam segredos, copo de cerveja na mão, pernas cruzadas e cadeiras descansando sobre o capô de um carro da polícia, também estacionado ali — a 12ª Delegacia de Polícia fica ali em frente, no que deve fazer do Pavão Azul o bar mais seguro do Rio de Janeiro.

Pavão Azul. Rua Hilário de De Gouveia, 71, Copacabana, tel. (21) 2236-2381.

5 bares para ver a Copa, nos 5 cantos da cidade

 

Vamos falar a verdade: os dois melhores lugares para assistir a um jogo de futebol, seja do meu Tricolor ou da seleção, são 1. a arquibancada, 2. o sofá da sala do meu apê.

Mas se considerarmos que Copa do Mundo é uma festa, que essa balada possa também ser curtida em uma mesa de bar. Se esse é o seu caso, caro leitor, e mesmo que você já esquematizado tudo para a o jogo de abertura, lembre-se que teremos outras 63 partidas. O blog indica cinco bares, um em cada região da cidade, nos quais vale a pena reunir a galera para assistir Neymar, Messi, CR7 e cia.

ZONA NORTE

Bar do Luiz Fernandes — Nos dias de jogo do Brasil o melhor boteco da ZN está preparando a balada “7 horas de festa”. O bar vai ser ponto de encontro daqueles que quiserem esticar para a sede da Associação dos Oficiais da Polícia Militar de São Paulo. Nos R$ 150 (+ R$ 10 de transfer ida de volta) do pacote de cada dia está tudo incluso: bebida (chope e água à vontade), comida (bolinhos de carne e de bacalhau, sanduíche de churrsaco à vinagrete e calabresa apimentada; massas, churros e cachorro quente do Rolando Massinha; e baião-de-dois, dadinho de tapioca e caldinho de feijão de corda, do Mocotó) e samba. No dia 12, o esquenta tem Edu Batata e Grego e depois do jogo Brasil x Croácia — que será transmitido num telão HD de 90 metros quadrados —, o som fica a cargo de Leci Brandão. No dia 17 (Brasil x México), os Demônios da Garoa comandam a maloca e no dia 23 (Brasil x Camarões), Neguinho da Beija-Flor. Quem quiser apenas ver os jogos no próprio bar, vai poder, é claro. Rua Augusto Tolle, 610, Mandaqui, tel. (11) 2976-3556.

 

ZONA LESTE

Elídio Bar — Na primeira Copa sem a presença de seu mentor, Elídio Raimundi, o boteco tocado agora por suas filhas vai organizar um bolão para todos os jogos que rolarem às quartas-feiras: dia 18, Espanha x Chile e Austrália x Holanda; dia 25, Honduras x Suíça e Equador x França. O vencedor ganha uma feijoada, que é uma das melhores da cidade. Rua Isabel Dias, 57, Mooca, tel. (11) 2966-5805.

 

ZONA OESTE

Valadares — Esse clássico da boemia paulistana não está com nenhuma programação especial para a Copa do Mundo. O que, convenhamos, pode até ser uma boa notícia. Mas desde as 11 da manhã, horário em que a casa abre, as cinco TVs estarão ligadas nas partidas. Portanto, o melhor a fazer é descolar uma mesa legal, pedir uma Serramalte (R$ 9), uma porção de batata serragem (R$ 15) ou de testículos de boi (R$ 32) e secar os gringos. Rua Faustolo, 463, Lapa, tel. (11) 3862-6167.

 

ZONA SUL

Quintal do Espeto — Antes e depois dos jogos do Brasil, a moçada terá música ao vivo. Na hora do apito, telão e aparelhos de TV estarão espalhados pelos diversos ambientes. Parte do salão das três unidades estará destinada para os que fizerem reserva, parte para quem arriscar na hora, por ordem de chegada. Para acompanhar a caipirinha (cachaça Espírito de Minas, limão rosa, tangerina e canela, R$ 18) ou a cerveja Original (R$ 8,90), o espetinho de picanha sai por R$ 9,90. Avenida Pavão, 872, Moema, tel. (11) 5095-6565. Mais dois endereços.

 

CENTRO

Aconchego Carioca — A cada jogo estarão à disposição 40 pacotes da Torcida Aconchego (R$ 72), que dá direito a 4 cervejas, uma porção mista de bolinhos (virado, feijoada etc) e uma camiseta. Quem quiser optar pelo cardápio regular da casa, pode começar com uma taça do chope Delirium Tremens (R$ 19), seguir com uma porção de bolinho de aipim com bobó (R$ 26, com 6 unidades) e fechar com o bobó de camarão, prataço dos bons, por R$ 86 (paar duas pessoas). Alameda Jaú, 1372, Jardim Paulista, tel. (11) 3062-8262.

Na Vila Olímpia, um delicioso leitão à bairrada

 

Você certamente não há de ter reparado, meu querido leitor, mas alguma coisa mudou aí neste texto acima, à direita da minha foto, que contém o meu perfil. Além do orgulho de continuar contando minhas impressões em relação ao que ando comendo e bebendo de bom ou de ruim (em geral, de bom, por acreditar que é isso que pode lhe interessar), desde março passei a integrar a equipe da revista Men’s Health Brasil.

Como você pode imaginar, o período de transição profissional nunca é fácil, razão pela qual há de compreender minha ausência por algumas semanas neste espaço. Uma boa notícia durante esse intervalo é que pude voltar a Nova York, onde conheci novos endereços, dos quais vou compartilhar em breve. E, claro, visitei e revi alguns abres e restaurantes que, da mesma forma, creio que mereçam um relato.

Quero (re)começar falando do delicioso leitão à bairrada servido no Rancho Português. O Rancho pertence aos mesmos donos do Rancho 53, que fica na Rodovia Castelo Branco, quilômetro 53, e que serve um famoso bacalhau — vale a viagem, certamente.

Pois na imensa casa inaugurada em 2013, na esquina da Rua Alvorada com a Avenida dos Bandeirantes, e que comporta uma senhora adega de vinhos e um empório, eu diria que a atração maior da cozinha é o leitão à bairrada, ou seja, temperado com sal e pimenta e levado ao forno. Os fornos em que o bichinho é assado, aliás, foram importados de Portugal. Um dos pratos mais famosos da gastronomia lusitana, o preparo requer atenção especial com a matéria-prima: para que sejam preservadas as características originais da receita, o leitão deve ser abatido com cerca de 6 semanas de vida e 6 a 8 quilos de peso.

O Rancho até prepara uma versão, digamos, pocket, a R$ 129, para duas a três pessoas. Mas a graça está em encomendar o leitão inteiro (R$ 520), reunir 8 a 10 amigos, e refestelar-se.

Rancho Português. Avenida dos Bandeirantes, 1051, Vila Olímpia, São Paulo (SP), tel. (11) 2639-2077, http://www.ranchoportugues.com.br

 

 

Vinho na Bienal

Entrada da Wine Weekend no prédio da Bienal: estandes de 24 importadoras / Foto: Miguel Icassatti

Entrada da Wine Weekend no prédio da Bienal: estandes de 24 importadoras / Foto: Miguel Icassatti

Pelo quarto ano consecutivo, acontece de hoje (25) a domingo (28) em São Paulo a Wine Weekend, feira que reúne 24 pequenas importadoras de vinhos e algumas das principais vinícolas brasileiras.

É a primeira vez que a feira acontece no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, o prédio da Bienal, no Parque Ibirapuera — nos anos anteriores ocorreu no estacionamento do Jockey Club.

O ponto mais bacana deste evento, porém, é que, diferentemente de outras feiras, o visitante pode não apenas degustar os vinhos, mas principalmente comprar as garrafas (em geral, com desconto) ali mesmo. E quantas garrafas quiser ou conseguir acomodar nos carrinhos de supermercado colocados à disposição.

Casa Valduga, Lídio Carraro, Pericó, Perini, Aurora e Salton são as principais vinícolas nacionais presentes. No estande da Salton, por exemplo, o Talento (elaborado com as uvas cabernet sauvignon, merlot e tannat), tinto servido à comitiva do papa Francisco, está à venda por R$ 49,00. Na compra da caixa com seis unidades (R$ 294,00), ganha-se uma garrafa. O tinto Desejo (100% merlot) sai a R$ 55,00 e o branco Virtude, feito com a uva chardonnay, custa R$ 45,00.

Entre as importadoras, destacam-se a De La Croix, com seu portfólio dedicado aos vinhos franceses, a Qual Vinho? (com boa oferta de sul-africanos), a Cantu (que vende o fantástico Quinta do Vallado Reserva Field Blend 2008, R$ 125,00) e uma novata, a Weinkeller. Fundada há um ano, essa importadora é especializada em vinhos alemães, muitos deles com boa relação entre preço e qualidade, caso do branco Pfaffmann riesling (R$ 49,00).

A quem vai de carro, a boa notícia é que para estacionar não se gasta mais do que os R$ 3,00 do bilhete Zona Azul. Palestras e degustações temáticas, assim como uma exposição do cartunista Hermé, completam o programa.

Wine Weekend São Paulo Festival 2013. Pavilhão Ciccillo Matarazzo (Bienal), Parque Ibirapuera, portões 3 e 4. Ingresso: R$ 50,00, com direito a uma taça de cristal. http://www.wineweekend.com.br.

No meio do caminho tinha três botecos

Bar da Lôra: o melhor do Mercado Central de BH

Bar da Lôra: o melhor do Mercado Central de BH

Este texto está sendo escrito e publicado com 26 dias de atraso, mas em se tratando de botecos belorizontinos, é sempre tempo de correr atrás do tempo perdido.

Minha visita mais recente a Belo Horizonte ocorreu no dia 26 de junho, quando fui acompanhar a semi-final da Copa das Confederações, a da vitória do Brasil sobre o Uruguai.

Pois bem. Uma vez que meu voo havia chegado por volta das 10 da manhã em BH, não consegui fazer o check-in no hotel antes do meio-dia. Aproveitei as duas horinhas livres daquela manhã ensolarada e segui para o Bar da Lôra, no Mercado Central, um dos meus botecos prediletos na cidade.

Ex-campeão do festival Comida di Buteco e quinto colocado na edição deste ano, o bar já estava cheio àquela hora. Motivos, na verdade, não faltam para que a freguesia cerque o pequeno balcão a que se resume o estabelecimento instalado numa esquina do mercado. O mais novo deles, ao menos para um forasteiro como eu, é o versão da lôra, tira-gosto que a casa inscreveu no festival. Compõe-se de linguiça, angu (polenta, para os paulistanos), carne de panela, jiló em conserva, mandioca cozida e um molho de linguiça que poderia muito ser oferecido sozinho, como um caldinho servido em copo americano rodeado por fatias de pão francês. Espetacular e com sustança suficiente para segurar a onda depois de uma megadose de cachaça Vale Verde e alguns copos de Original.

Durante o jogo, encontrei-me com Eduardo Maya, que vem a ser o melhor cicerone da cidade de BH. Não bastasse sua generosidade em receber a todos, foi ele quem criou, justamente, o Comida di Buteco. Uma vez mais ele surpreendeu, e desta vez não só a mim, mas também aos colegas paulistanos com que fui ao Mineirão — que, aliás, está mais lindo do que antes.

Bar do Véio: linguiça de arroz carreteiro, a invenção do ano

Bar do Véio: linguiça de arroz carreteiro, a invenção do ano

Seguimos, então, para o Bar do Véio, que fica escondido ali no bairro Caiçara, em um rápido desvio no meio do caminho entre a Pampulha (onde fica o Mineirão) e a região central. Ali tive a chance de degustar o que para mim, até o momento, é a invenção do ano: uma linguiça recheada de arroz carreteiro, que corresponde a 50% da porção tropa mineira. Os outros 50% são preenchidos com croquetes de mandioca deliciosos. A foto acima mostra bem o que é a linguiça de arroz carreteiro. É ou não é a invenção do ano?

Dali seguimos para o João da Carne, o terceiro e último botecaço do dia. Terceiro e último, convém dizer, porque o grau etílico da caravana paulistana foi vencido pela cerveja e pela soberba maciez da picanha servida pelo seu João, que atende ao público em companhia dos filhos.

João da Carne: orgulho do Carlos Prates / Fotos: divulgação Comida di Buteco
João da Carne: orgulho do Carlos Prates / Fotos: divulgação Comida di Buteco

Também contribuiu para que decidíssemos encerrar a noitada ali, a porção sonho de valsa, que reúne linguiça de carne de sol, linguiça de pernil, mandioca cozida no açafrão com creme de cebola, geleia e pimenta biquinho.

Em Beagá é assim. Sempre tem um boteco, ou dois, ou três, no meio do caminho.

Bar da Lora. Avenida Augusto de Lima, 744 loja 115, Mercado Central (saída Rua Santa Catarina), tel. (31) 3274-9409.

Bar do Véio. Rua Itaguaí, 406, Caiçara, tel. (31) 3415-8455.

João da Carne. Rua Sabinópolis, 172, Carlos Prates, tel. (31) 3462-4899.

Um peruano em Brasília

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Foto: Ligia Skowronski

 

Em viagem a Brasília no fim de semana passado para a cobertura da estreia da seleção brasileira na Copa das Confederações, jantei no sábado na companhia de amigos no peruano Taypá.

Meus amigos alertaram-me que a casa é um sucesso na capital do país, razão pela qual tivemos de chegar às 20 horas ao restaurante. Nós não havíamos feito reserva.

De fato, a casa lotou logo depois que chegamos, mérito do chef Marco Espinoza, peruano que comanda também o Lima Gastrô Bar, no Rio de Janeiro, e de seu auxiliar, o compatriota Giancarlo Arakaki.

Eles propõem mudanças no cardápio a cada seis meses e, entre as novidades, está a adoção de pratos da cozinha nikkei, que funde as gastronomias andina e japonesa.

Eleito o melhor restaurante da cidade pelos jurados da edição “Veja Brasília – Comer & Beber 2013/2014”, o Taypá apresentou altos e baixos na minha visita.

A noite começou muito bem. Éramos cinco à mesa e pedimos, de entrada, o ceviche taypá (R$ 52,00), uma série de três tipos diferentes dessa especialidade, à escolha do cliente. Optamos pelos de atum com leche de tigre (caldo de peixe com alho, gengibre e limão), criollo (peixe branco e polvo com crème de coentro) e o clássico, apenas de peixe.

Para acompanhar, pedimos uma garrafa do Leyda Sauvignon Blanc (R$ 65,00, talvez um pouco menos, se não me engano). Uma delícia.<

Quando partimos para os pratos principais, fiquei um tanto decepcionado com minha pedida, o cerdo glaseado en soya (barriga de porco ao shoyu com aroma de especiarias, acompanhada de arroz salteado oriental, R$ 48,00). Embora o ponto de cozimento estivesse bom — a carne fica cinco horas na panela —, o sabor do shoyu dominou o prato e roubou o sabor da carne. Um lamentável desequilíbrio.

Em compensação, fechamos bem a noite com um malbec ao qual sempre reputo boa relação entre preço e qualidade, o argentino Alto las Hormigas.

Taypá. SHIS QI 17, conjunto F, loja 208, Fashion Park, Lago Sul, (61) 3248-0403 e 3364-0403. http://www.taypa.com.br.

O melhor sanduíche do mundo


Pão, carne, repolho e maionese. Sem mais / Foto: Miguel Icassatti

Quando o Peru’s mudou de endereço, em 2007, do velho, acanhado e surrado salão na Rua Júlio de Castilhos para o megaponto na Rua Cajuru, eu choraminguei. O velho boteco do Belenzinho, em que eu comia o maior e melhor churrasco da minha infância, havia se tornado um restaurante enorme, com decoração mais moderna, serviço de bufê e estação de grelhados, mais ou menos como um daqueles restaurantes de estrada, tipo Graal.

Por isso, quando quero comer o melhor sanduíche do mundo, me acomodo no balcão logo à entrada e guardo uma distância respeitosa para o salão. Não consigo mais ver a chapa pelando de quente, a carne fritando, a fumaça mas fico de olho na boqueta, à espera do meu lanche.

Nesses últimos seis anos, voltei ao Peru’s umas três ou quatro vezes — menos do que gostaria — e, na real, pude constatar que naquilo que o Peru’s me é caro, que é fazer o melhor sanduíche do mundo, ele continua o mesmo, inigualável.

O melhor sanduíche do mundo compõe-se de pão francês crocante, contra-filé temperado, molho de repolho e maionese (R$ 13,60). Na versão completa, a do segundo melhor sanduíche do mundo, cabem ainda alface, queijo e tomate (R$ 15,70).

Felizmente, o meu sanduba continua o mesmo. Fui eu quem mudei, troquei o guaraná da infância pelo chopinho.

Peru’s. Rua Cajuru, 1164, Belenzinho, tel. (11) 2694-6861, http://www.perussandubas.com.br

 

Aconchego paulistano

 

Aconchego Carioca, no Rio de Janeiro / Foto: Fernando Frazão

 

Boteco para uns, restaurante para outros, o Aconchego Carioca é um boteco-restaurante, hehehe, que há uns bons cinco anos (foi aberto há dez) se tornou um dos protagonistas do cenário gastronômico do Rio de Janeiro.

Ganhou fama por servir, ali na região da Praça da Bandeira, no meio do caminho entre o centro da cidade e o Maracanã, bolinhos saborosos preparados pela cozinheira e proprietária, Kátia Barbosa.

O chef francês Claude Troigros, inclusive, nunca economizou nos elogios à casa, que também se destaca por ter uma variada carta de cervejas.

Um mês atrás, mais ou menos, o Aconchego ganhou sua primeira filial, aqui em São Paulo, na Alameda Jaú, entre a Ministro Rocha Azevedo e a Padre João Manuel.

Embora pareça um tanto paradoxal o fato de uma casa da Zona Norte carioca ter uma filial no empertigado bairro paulistano dos Jardins, fiquei com a primeira impressão de que ao menos na decoração as duas casas se identificam: as geladeiras repletas de cervejas, redes penduradas no teto e fachadas pintadas na mesma cor.

Kátia Barbosa agora toma a ponte aérea (ou encara a Dutra) toda semana para dar conta das duas cozinhas. Seu sócio paulistano, Edu Passarelli, expert em cervejas e ex-Melograno, na Vila Madalena, comanda o salão no dia-a-dia.

Autor da carta de cervejas do bar, Passarelli montou uma seleção abrangente de rótulos, procedentes de países como Brasil, Bélgica, Holanda, Rússia, Itália, Irlanda, Estados Unidos e Alemanha. A lista está organizada de duas formas: por família de fermentação e por países, o que facilita a busca por entre as dezenas de opções.

Entre as sugestões nacionais estão o chope Bamberg (R$ 5,00, o item mais em conta na carta), produzido em Votorantim (SP),  e a cerveja catarinense Eisenbahn Lust Prestige, fabricada no método champenoise, com 11,5% de teor alcoólico (R$ 190,00, curiosamente a mais cara à venda). Na seção dedicada às trapistas belgas, a Affligen Triple (8,5% de álcool, R$ 14,50 a garrafa de 330 mililitros) e a Westmalle Dubble (R$ 16,00, 7%) oferecem boa relação preço-qualidade.

Bolinho de virado à paulista / Foto: Ricardo D'Angelo

 

Com o quesito bebidas resolvido, é hora de voltar à cozinha. O cardápio tem muitos dos petiscos que fazem sucesso entre ox cariócax, entre eles o incensado bolinho de feijoada (R$ 21,00 a porção com 4).

Pois achei esse bolinho uma decepção: textura muito massuda e o sabor, suave demais. Feijoada na versão bolinho, pra falar a verdade, eu prefiro o brasileirinho, do Bar do Luiz Fernandes.

E não vale me chamar de bairrista, nem por isso nem pelo fato de, nas duas vezes em que estive ali, eu ter gostado mais do bolinho de virado à paulista (R$ 21,00 a porção com 6), uma delícia feita com massa de feijão carioca com recheio de couve, linguiça, bisteca e ovo.

Gostei também do baião-de-dois (R$ 65,00), que na verdade aplaca a fome de três ou quatro comensais, ainda mais se as três ou quatro panças tiverem sido forradas pelos bolinhos e amaciadas com a cervejinha. Peça a versão acompanhada de carne seca.

E como estou vivendo uma fase bem “família”, não posso deixar de avisar às raras leitoras-mamães que o banheiro feminino é equipado com um trocador de fraldas. Boa ideia.

Serviço:

Aconchego Carioca. Alameda Jaú, 1372, Jardim Paulista, tel. (11) 3062-8262. 12h/15h e 17h30/0h (sáb. sem intervalo; dom. só almoço até 18h; fecha seg.).

The Queen’s Head, um pub bom e barato

Balcão do Queen's Head Pub / Foto: Mario Rodrigues Jr.

Que eu me lembre, o belo prédio do Centro Brasileiro Britânico (CBB), em Pinheiros, já cedeu espaço aos finados pubs Poet’s Corner — que se instalou apenas no salão fechado no térreo do edifício, no início dos anos 2000 — e Drake’s. Esse último teve vida mais longeva e se manteve em atividade de 2004 a 2011, dividindo-se entre o ambiente interno e uma agradável área na parte externa do CBB.

Depois que o Drake’s encerrou as atividades, o grupo que controla os pubs Kia Ora e All Black decidiu assumir o ponto e abrir ali, no fim de 2011, o The Queen’s Head.

No novo pub, que ocupa apenas o salão interno, chama a atenção a boa relação entre preço e qualidade dos petiscos. Afinal, não há muitos bares nesta cidade em que seja  possível consumir algum petisco que não ultrapasse os dois dígitos, certo?

Tá certo, na real cada uma das porções a seguir — de linguiça de cordeiro com molho de iogurte, de linguiça de porco com uma espécie de vinagrete e de bolinhos de queijo (esta com 8 unidades) — custa R$ 11,00. Mas se você pedi-las em um combinado, o mix sai por R$ 28,00.

Entre as bebidas, ok, os preços seguem mais ou menos o que se vê no mercado: um meio pint das cervejas ales inglesas Old Speckled Hen e London Pride (cerca de 280 mililitros) sai por R$ 9,00. Cada pint, R$ 17,00. Mas há promoções, como a do pint de Heineken que às terças custa R$ 10,00. Ontem não pude, porém, beber a London Pride porque estava em falta desde dias atrás e o importador não havia reabastecido a casa, uma pena.

Ao menos às terças e quartas, dias em que não há música ao vivo — de quinta a sábado bandas tocam rock e a casa cobra entrada de R$ 10,00 a R$ 25,00, dependendo do horário de acesso —, o clima na happy hour é sossegado. Sobram lugares no balcão, algumas mesas ficam vagas e o papo é embalado por uma trilha que contempla Led Zeppelin, Deep Purple, Queen, The Firm e outros nomes do rock britânico. Nada mau.

The Queen’s Head. Rua Tucambira, 163, Centro Brasileiro Britânico, Pinheiros, tel. (11) 3774-3778, http://www.queenshead.com.br.

 

BH + São Paulo = 24 horas de boteco neste sábado

Costelinha com molho de cachaça e rapadura acompanhada de pachá mineiro do Bar do Antônio (Pé-de-cana) / Foto: divulgação

Para falar a verdade nem é assim tão necessário arranjar um motivo especial para passar o sabadão entregue à boemia. Mas o dia de amanhã, 19 de maio, traz duas senhoras festas dedicadas à botecagem, uma em São Paulo, outra em Belo Horizonte – e cada uma delas com 12 horas de duração.

Em Beagá, os 41 botecos participantes da edição 2012 do festival Comida di Buteco – que chega a São Paulo em 1º de junho – vão participar da Festa de Saideira. A partir do meio-dia, eles vão servir os petiscos com os quais concorreram este ano, enquanto rolam os shows de Nando Reis, Monobloco e Aline Calixto. Ali pelo cair da tarde devem ser divulgados os botecos vencedores e seus tira-gostos maravilhosos. Vou faltar à festança desta vez, mas na terça-feira passada, durante um bate-e-volta à cidade, tive tempo de provar o prato de um dos concorrentes, o Bar do Antônio (Pé-de-cana), ali do Sion: uma deliciosa e úmida costelinha de porco assada com molho de cachaça e rapadura, acompanhada de pachá mineiro (queijo-de-minas empanado e frito). Faltou-me apenas uma dosezinha de cachaça para acompanhar – culpa do horário comercial…

Bolinho de bacalhau do Bar do Luiz Fernandes / Foto: Bob Paulino

Aqui em São Paulo, por sua vez, o anfitrião da festança é o Bar do Luiz Fernandes, que completa 42 anos. Dona Idalina e sua equipe devem estar neste momento trabalhando alucinadamente para dar conta de preparar os milhares de bolinhos e demais acepipes que serão servidos às 2.000 pessoas que devem se reunir, a partir das 16 horas, no Moinho Eventos (os ingressos estão esgotados). Além do lançamento do divino (um petisco feito com camarão) e de apresentar um cenário que remete ao Nordeste, em honra ao centenário de Luiz Gonzaga, o evento terá shows de Arlindo Cruz, Reinaldo, Neguinho da Beija-Flor e Dudu Nobre, entre outras 14 atrações divididas em dois palcos.

Menos pela música e mais pelos petiscos e a celebração de 42 anos, sim, eu estarei lá.

Saideira do Comida di Buteco 2012. Largo da Saideira (altura da Avenida Cristiano Machado, 3450, ao lado do Minas Shopping). 12h/0h. R$ 140,00. www.comidadibuteco.com.br.

Bar do Luiz Fernandes – 12 horas de boteco. Moinho Eventos (Rua Borges de Figueiredo, 510, Mooca). 16h/4h. R$ 150,00 (ingressos esgotados). http://www.bardoluizfernandes.com.br.