5 bares para ver a Copa, nos 5 cantos da cidade

 

Vamos falar a verdade: os dois melhores lugares para assistir a um jogo de futebol, seja do meu Tricolor ou da seleção, são 1. a arquibancada, 2. o sofá da sala do meu apê.

Mas se considerarmos que Copa do Mundo é uma festa, que essa balada possa também ser curtida em uma mesa de bar. Se esse é o seu caso, caro leitor, e mesmo que você já esquematizado tudo para a o jogo de abertura, lembre-se que teremos outras 63 partidas. O blog indica cinco bares, um em cada região da cidade, nos quais vale a pena reunir a galera para assistir Neymar, Messi, CR7 e cia.

ZONA NORTE

Bar do Luiz Fernandes — Nos dias de jogo do Brasil o melhor boteco da ZN está preparando a balada “7 horas de festa”. O bar vai ser ponto de encontro daqueles que quiserem esticar para a sede da Associação dos Oficiais da Polícia Militar de São Paulo. Nos R$ 150 (+ R$ 10 de transfer ida de volta) do pacote de cada dia está tudo incluso: bebida (chope e água à vontade), comida (bolinhos de carne e de bacalhau, sanduíche de churrsaco à vinagrete e calabresa apimentada; massas, churros e cachorro quente do Rolando Massinha; e baião-de-dois, dadinho de tapioca e caldinho de feijão de corda, do Mocotó) e samba. No dia 12, o esquenta tem Edu Batata e Grego e depois do jogo Brasil x Croácia — que será transmitido num telão HD de 90 metros quadrados —, o som fica a cargo de Leci Brandão. No dia 17 (Brasil x México), os Demônios da Garoa comandam a maloca e no dia 23 (Brasil x Camarões), Neguinho da Beija-Flor. Quem quiser apenas ver os jogos no próprio bar, vai poder, é claro. Rua Augusto Tolle, 610, Mandaqui, tel. (11) 2976-3556.

 

ZONA LESTE

Elídio Bar — Na primeira Copa sem a presença de seu mentor, Elídio Raimundi, o boteco tocado agora por suas filhas vai organizar um bolão para todos os jogos que rolarem às quartas-feiras: dia 18, Espanha x Chile e Austrália x Holanda; dia 25, Honduras x Suíça e Equador x França. O vencedor ganha uma feijoada, que é uma das melhores da cidade. Rua Isabel Dias, 57, Mooca, tel. (11) 2966-5805.

 

ZONA OESTE

Valadares — Esse clássico da boemia paulistana não está com nenhuma programação especial para a Copa do Mundo. O que, convenhamos, pode até ser uma boa notícia. Mas desde as 11 da manhã, horário em que a casa abre, as cinco TVs estarão ligadas nas partidas. Portanto, o melhor a fazer é descolar uma mesa legal, pedir uma Serramalte (R$ 9), uma porção de batata serragem (R$ 15) ou de testículos de boi (R$ 32) e secar os gringos. Rua Faustolo, 463, Lapa, tel. (11) 3862-6167.

 

ZONA SUL

Quintal do Espeto — Antes e depois dos jogos do Brasil, a moçada terá música ao vivo. Na hora do apito, telão e aparelhos de TV estarão espalhados pelos diversos ambientes. Parte do salão das três unidades estará destinada para os que fizerem reserva, parte para quem arriscar na hora, por ordem de chegada. Para acompanhar a caipirinha (cachaça Espírito de Minas, limão rosa, tangerina e canela, R$ 18) ou a cerveja Original (R$ 8,90), o espetinho de picanha sai por R$ 9,90. Avenida Pavão, 872, Moema, tel. (11) 5095-6565. Mais dois endereços.

 

CENTRO

Aconchego Carioca — A cada jogo estarão à disposição 40 pacotes da Torcida Aconchego (R$ 72), que dá direito a 4 cervejas, uma porção mista de bolinhos (virado, feijoada etc) e uma camiseta. Quem quiser optar pelo cardápio regular da casa, pode começar com uma taça do chope Delirium Tremens (R$ 19), seguir com uma porção de bolinho de aipim com bobó (R$ 26, com 6 unidades) e fechar com o bobó de camarão, prataço dos bons, por R$ 86 (paar duas pessoas). Alameda Jaú, 1372, Jardim Paulista, tel. (11) 3062-8262.

Bar do Giba e a voz do povo

Bar do Giba: eleito o boteco do ano por Veja São Paulo

Bar do Giba: eleito o boteco do ano por Veja São Paulo

Nesta semana circula mais uma edição anual do guia Comer & Beber de Veja São Paulo. Desta vez, a revista decidiu escolher os melhores bares, restaurantes e comidinhas da cidade pautada apenas pelo voto do internauta que visita o site da publicação. É a voz povo, digitalizada.

Se a voz do povo é a voz de Deus, Ele elegeu o fantástico Bar do Giba como o boteco do ano em São Paulo.

E Ele sabe mesmo o que faz. Havia uns bons anos que eu não ia ao Giba, até que, na sexta, recebi um convite-alerta do amigo Luis Alvim, para que fôssemos almoçar lá no sábado, antes que a maioria das bancas e assinantes da Vejinha recebessem seus exemplares e resolvessem conferir alguns dos melhores do ano já no sabadão.

Prontamente atendi, ou melhor, atendemos. Camila e eu chegamos por lá às 2 e meia da tarde e fomos os últimos a nos juntar à mesa. A turma já havia devorado uma paleta de cabrito e dado fim a umas caipirinhas e pasteizinhos (recomendo fortemente o de camarão e o de palmito).

Apesar do atraso, conseguimos alcançar os demais, ao pedirmos uma porção de barrinha de cereal (isto é, de barriga de porco frita), mais pasteizinhos e uma costela de cabrito, além de algumas garrafas de Serramalte e uma caipirinha feita com a boa cachaça Solar.

Não me perguntem o preço desses itens porque, como não há cardápio na casa, não tenho ideia do quanto nos foi cobrado por cada cosia que pedimos. Só sei que a conta total bateu nos R$ 540,00, o que significa que cada um deixou R$ 90,00 na casa.

Confesso que essa falta de menu me causa certa preguiça. Permaneço, portanto, no desfalcado time dos chatos que gostam de ver as opções e preços dos comes e bebes. Quem se queixava que o Giba só recebia pagamentos em dinheiro e cheque, a boa nova, ao menos para mim, é que cartões de débito agora são bem-vindos.

No mais, deixo meus parabéns para o Giba. Título merecidíssimo.

A lista completa dos vencedores de Comer & Beber de Veja São Paulo pode ser conferida aqui.

Bar do Giba. Avenida Moaci, 574, Moema, São Paulo, SP, tel. (11) 5535-9220.

No meio do caminho tinha três botecos

Bar da Lôra: o melhor do Mercado Central de BH

Bar da Lôra: o melhor do Mercado Central de BH

Este texto está sendo escrito e publicado com 26 dias de atraso, mas em se tratando de botecos belorizontinos, é sempre tempo de correr atrás do tempo perdido.

Minha visita mais recente a Belo Horizonte ocorreu no dia 26 de junho, quando fui acompanhar a semi-final da Copa das Confederações, a da vitória do Brasil sobre o Uruguai.

Pois bem. Uma vez que meu voo havia chegado por volta das 10 da manhã em BH, não consegui fazer o check-in no hotel antes do meio-dia. Aproveitei as duas horinhas livres daquela manhã ensolarada e segui para o Bar da Lôra, no Mercado Central, um dos meus botecos prediletos na cidade.

Ex-campeão do festival Comida di Buteco e quinto colocado na edição deste ano, o bar já estava cheio àquela hora. Motivos, na verdade, não faltam para que a freguesia cerque o pequeno balcão a que se resume o estabelecimento instalado numa esquina do mercado. O mais novo deles, ao menos para um forasteiro como eu, é o versão da lôra, tira-gosto que a casa inscreveu no festival. Compõe-se de linguiça, angu (polenta, para os paulistanos), carne de panela, jiló em conserva, mandioca cozida e um molho de linguiça que poderia muito ser oferecido sozinho, como um caldinho servido em copo americano rodeado por fatias de pão francês. Espetacular e com sustança suficiente para segurar a onda depois de uma megadose de cachaça Vale Verde e alguns copos de Original.

Durante o jogo, encontrei-me com Eduardo Maya, que vem a ser o melhor cicerone da cidade de BH. Não bastasse sua generosidade em receber a todos, foi ele quem criou, justamente, o Comida di Buteco. Uma vez mais ele surpreendeu, e desta vez não só a mim, mas também aos colegas paulistanos com que fui ao Mineirão — que, aliás, está mais lindo do que antes.

Bar do Véio: linguiça de arroz carreteiro, a invenção do ano

Bar do Véio: linguiça de arroz carreteiro, a invenção do ano

Seguimos, então, para o Bar do Véio, que fica escondido ali no bairro Caiçara, em um rápido desvio no meio do caminho entre a Pampulha (onde fica o Mineirão) e a região central. Ali tive a chance de degustar o que para mim, até o momento, é a invenção do ano: uma linguiça recheada de arroz carreteiro, que corresponde a 50% da porção tropa mineira. Os outros 50% são preenchidos com croquetes de mandioca deliciosos. A foto acima mostra bem o que é a linguiça de arroz carreteiro. É ou não é a invenção do ano?

Dali seguimos para o João da Carne, o terceiro e último botecaço do dia. Terceiro e último, convém dizer, porque o grau etílico da caravana paulistana foi vencido pela cerveja e pela soberba maciez da picanha servida pelo seu João, que atende ao público em companhia dos filhos.

João da Carne: orgulho do Carlos Prates / Fotos: divulgação Comida di Buteco
João da Carne: orgulho do Carlos Prates / Fotos: divulgação Comida di Buteco

Também contribuiu para que decidíssemos encerrar a noitada ali, a porção sonho de valsa, que reúne linguiça de carne de sol, linguiça de pernil, mandioca cozida no açafrão com creme de cebola, geleia e pimenta biquinho.

Em Beagá é assim. Sempre tem um boteco, ou dois, ou três, no meio do caminho.

Bar da Lora. Avenida Augusto de Lima, 744 loja 115, Mercado Central (saída Rua Santa Catarina), tel. (31) 3274-9409.

Bar do Véio. Rua Itaguaí, 406, Caiçara, tel. (31) 3415-8455.

João da Carne. Rua Sabinópolis, 172, Carlos Prates, tel. (31) 3462-4899.

Bar e bola

artilheiros-01

 

Hoje em dia, na impossibilidade de estar na arquibancada ou na numerada, tenho preferido o sofá da sala na hora de assistir a jogos de futebol.

Dia desses, na impossibilidade de estar no estádio — era Wembley, no caso — e no sofá de casa, pois uns amigos gringos queriam ver àquela partida em um bar, fui ao Artilheiros Bar.

Dois fatores fazem do Artilheiros uma boa opção para quem gosta de juntar futebol e bar:. 1. a bela coleção de capas de PLACAR reproduzidas nas paredes, como a da foto acima (edição n. 263, de abril de 1975); 2. os dois telões, que permitem que o freguês/torcedor acompanhe o desenrolar dos jogos à distância.

Quando começamos a falar de cardápio, a coisa muda um pouco. A porção de pasteizinhos (R$ 17,00 com dez unidades) é apenas razoável, assim como o espetinho que pedi (de linguiça, R$ 6,00, que veio um tanto frio à mesa).

Entre as bebidas, tudo nos conformes: Original bem gelada (R$ 8,50 a garrafa) e caipirinha bem feita (R$ 17,00, com cachaça Nega Fulô).

Um alerta: grupos tocam samba e pagode no fundo do salão, que não tem tratamento acústico adequando. Haja tímpanos.

Artilheiros Bar. Rua Mourato Coelho, 1194, Vila Madalena, tel. (11) 2922-0314, http://www.artilheirosbar.com.br.

 

Minha bola de capotão

 

Eu tinha 10 anos de idade – era fim de 1985 ou início de 1986. Costumava passar as tardes, depois da escola, na Portuguesa, às vezes na piscina, quase sempre jogando bola no “areião” – o campo de areia que fica ao lado do estádio, do bar que serve aaind hoje um vigoroso caldo verde, e de um dos ginásios do clube – ou nas quadras ao fundo desse campo.

A Lusa não tinha CT. E só os profissionais, acho, treinavam no gramado do Canindé. Por isso, em determinados dias, minha turma tinha de dar espaço para os treinos do time infantil, ou infanto-juvenil, não sei ao certo, que aconteciam ali no areião.

Num desses dias em que fomos desalojados, fiquei próximo ao areião observando o treino. De repente um dos garotos chutou uma bola na direção da minha turma.

(Pude ver que ali que, além de treinarem num campo pior, os moleques das categorias de base usavam bolas mais velhas, com o couro já descascado, certamente descartadas pela turma de Toninho, Luís Pereira, Edu, Jorginho, Toquinho, Esquerdinha, alguns dos jogadores do bom time da Lusa à época, vice-campeão paulista de 1985.)

O treino seguiu, ninguém veio buscar a bola e passamos a jogar com ela.

Quando me dei conta, o treino havia acabado. Coloquei a bola debaixo do braço e fui até o técnico dos meninos da Lusa a fim de devolver a bola.

– Pode ficar com ela pra você – disse-me Félix, que havia acabado de guardar todo o material do treino. 

Goleiro titular da seleção brasileira na Copa de 70, Félix treinava os times de base da Portuguesa. Morreu hoje de manhã em São Paulo, aos 74 anos.

Naquele dia, voltei para casa feliz da vida carregando aquela velha bola, e contei do presentão ao meu avô.

Durante a Copa do México em 1986, essa bola virou uma espécie de talismã.

Nos jogos do Brasil, eu vestia minha amarelinha, ligava a TV, mandava minhas irmãs fazerem silêncio, sentava-me no centro do sofá, abraçava a bola e ficava dando dribles imaginários com ela na sala. 

No único jogo que rompi o ritual – fui assistir ao jogo no colégio, era sábado de quermesse – o Brasil foi eliminado pela França.

 

O Elídio Bar não morreu

Elídio Raimondi e seu mítico balcão: legado mantido / Foto: Mario Rodrigues

Conversei há pouco com Celeste Raimondi, uma das três filhas de Elídio Raimondi, um dos grandes nomes da gastronomia boêmia de São Paulo, que morreu no dia 2 de maio, aos 76 anos. “Meu pai trabalhou no bar até sexta-feira, dia 27, foi internado no dia seguinte mas não resistiu aos problemas decorrentes de circulação arterial”, contou-me Celeste.

Elídio nos deixou, mas seu bar – na verdade, seus dois bares, já que além da matriz na Mooca ele abriu alguns anos atrás uma filial no mezanino do Mercado Municipal – continuará ativo, pelas mãos da própria Celeste e de suas duas irmãs, Suzete e Solange.

Elídio era um gênio. Ao manter durante décadas o balcão repleto de travessas com dezenas de tira-gostos diferentes, às quais os fregueses podiam recorrer diretamente enquanto ele próprio, muitas vezes, tirava uma caldeireta de chope, Elídio ajudou a definir um estilo paulistano de boteco, que foi copiado à exaustão.

São-paulino, conforme me contou certa vez, forrou a parede de seu bar com recortes de jornal e fotos de times históricos de futebol e mesmo quando já não era mais politicamente correto entusiasmar-se por balões juninos, Elídio manteve fotos desses colossos coloridos feitos de papel de seda e lançados a céu, outra de suas paixões. 

O Elídio bar ficou fechado apenas na quinta-feira, dia 3, por luto. “Vamos manter o legado de 53 anos do trabalho do meu pai”.

Ao falar desses 53 anos, na verdade Celeste revelou-me uma curiosidade. Pela contagem, digamos, oficial, o bar tal qual conheci em 1998, quando fiz minha primeira reportagem sobre o boteco, para a PLAYBOY, teria sido fundado em 1973. Naquele ano, Elídio passou a servir chope, mas já vinha dando expediente no boteco da Rua Isabel Dias, 57, desde 1959.

Explico: o pai de Elídio, João Raimondi, havia montado um bar naquele ponto, vendeu-o para terceiros, até que o jovem Elídio o recomprou em 1959, antes mesmo de casar, e transformou num dos melhores bares de que se tem notícia.

Elídio Bar. Rua Isabel Dias, 57, Mooca, tels. (11) 2966-5805 e 2021-3097.

 

Dois botecos que (sempre) me trazem boas lembranças

Pé Pra Fora: um dos grandes botecos de SP

 

Por dever de ofício, digamos assim, tenho de visitar e descobrir novos bares e restaurantes toda semana, a fim de apresentá-los a você, caro e raro leitor, aqui neste espaço.

Minha vida tem sido mais ou menos essa desde que fui contratado como repórter da PLAYBOY, em 1998, com a tarefa de escrever a página de bares na revista. Nunca fiz as contas exatas mas estimo que, desde então, já devo ter estado – a trabalho, logo, bebendo em serviço – em uns 800 a 1000 desses estabelecimentos em São Paulo e no Brasil. Nesse montante eu coloco também os bares que costumo visitar na condição de pessoa física e os dos países pelos quais passei.

Com tantos lugares a visitar, é de se supor, portanto, que eu não seja daqueles fregueses fiéis que costumam bater cartão num mesmo endereço. Fico meses, anos, até, sem voltar a um bar embora, é verdade, esteja acostumado dar as caras mais vezes naqueles que ficam no meu caminho, perto de casa ou do trabalho.  

Por coincidência, estive recentemente em dois dos melhores botecos de São Paulo, perto dos quais eu morei, mas aos quais não voltava há pelo menos um ano.

Um deles é o Bar do Jô, no Pari, onde participei recentemente de um encontro com meus amigos de colégio. Joilson Batista Araújo, o Jô, abriu o boteco em 1980, ao lado da papelaria Koisas do Arko e de um laticínio do qual não lembro mais o nome. Passados 31 anos, esses dois estabelecimentos já não existem mais e seu espaço foi anexado pelo Jô nas duas ampliações que fez na casa.

Com mesas na calçada, o Bar do Jô é porto seguro para as tardes do sábado, uma espécie de horário nobre local. Jô toma conta do seu boteco dia e noite e ainda arranja tempo para correr em provas de 20 quilômetros, meia-maratonas e maratonas.

As porções que saem da cozinha são grandes, satisfazem facilmente a duas ou três pessoas, caso da feijoada (R$ 50,00). Benfeitos são a caipirinha (R$ 10,00, com cachaça Nega Fulô) e os pastéis de carne, queijo e palmito (R$ 7,00 a porção com três unidades). E para um cidadão pariense como eu, voltar o bairro, rever o Jô, passar em frente ao Colégio Santo Antônio (hoje Bom Jesus), bem, são atrativos extras sempre bem-vindos.

O outro boteco, do qual tornei-me habitué ali por 1998, 1999, é o Pé Pra Fora. Aquela varanda, sempre cheia, festiva, às vezes florida, desde então me oferece a ilusão de que, numa tarde de sol, a praia está mais perto. Perdi a conta das vezes em que, vizinho dali, descia ao bar nas tardes de domingo para um almoço tardio, e os garçons ajeitavam uma mesa para mim diante de uma das TVs para que eu assistisse, mais bem acomodado até do que nas cativas do Morumbi, aos jogos do Tricolor.

Quarentão, o Pé Pra Fora mantém-se digno no serviço e na qualidade do que vende: o bolinho de bacalhau frito na hora (R$ 4,70) só encontra rivais no Bar Léo e no Bar do Luiz Fernandes. A empadinha de camarão (R$ 3,00) é bem decente, a Serramalte (R$ 6,80) está sempre gelada e o espeto misto, composto de alcatra, linguiça e lombo (R$ 48,20), haverá de deixar felizes o paladar e o apetite do caro leitor e de sua senhora.

Promessa para o Ano-Novo: não ficar tanto tempo longe desses botecaços.

Bar do Jô. Rua Conselheiro Dantas, 479, Pari, tel. (11) 3311-0347, http://www.bardojo.com.br.

Pé Pra Fora. Avenida Pompeia, 2517, Sumarezinho, tel. (11) 3672-4154, http://www.pepraforabar.com.br.

Dia do Rock, noite no Pub

The Pub, na Rua Augusta

Depois de um 13 de julho como hoje, Dia Mundial do Rock (veja galeria sobre as cidades rock’n roll pelo mundo), em que quase todo o facebook postou canções, vídeos de bandas, homenagens ao rock, aos Roques, on the rock’s etc, fiquei com vontade de dar um pulo no The Pub.

Aberto em 2009 na Rua Augusta, bem em frente ao Studio SP, é um pubzinho relativamente tranquilo, com bom rock’n roll nas caixas de som e ao vivo. Por bom rock’n roll quero dizer os representantes mais mainstream, tipo Beatles, Rolling Stones, Iggy Pop, David Bowie, ainda que seria uma boa ideia conciliar esses nomes com outros da laia de um Sonic Youth ou Yo La Tengo.

A oferta de cervejas é bacana também, seja em garrafas, seja saída das torneiras. Um half pint, medida equivalente a quase 240 mililitros ou uma caldeireta, da cerveja inglesa Newcastle Brown Ale, sair por R$ 10,50.

E o cardápio, confesso que fiquei surpreso, traz opções bem feitas, como a farta porção de hotwings (asas de frango fritas, acompanhadas de molho de pimenta, R$ 17,00, com seis unidades).

Longa vida ao rock, como diz aquela música.

The Pub. Rua Augusta, 576, Consolação, tel. 3804-3894, http://www.thepubaugusta.com.

E por falar em estádios…

Estádio Olímpico de Berlim Foto: Camila Antunes

Sempre que chego pela primeira vez a uma cidade procuro conhecer dois tipos de atração: estádios de futebol e mercados (sob a aba do chapéu “mercado” incluo feiras de rua, camelódromos e supermercados).

Mas é de estádios que quero falar. Num momento em que os principais estádios brasileiros estão em reforma para a Copa do Mundo de 2014 – a exceção do Morumbi, o mais importante de todos!, que, não sei não, ainda acho que vai receber alguns joguinhos do mundial – é interessante saber que a bola vai rolar por velhos-novos gramados, antes esquecidos.

Como pode ser visto nesta galeria de estádios publicada pelo viajeaqui, o Brasileirão 2011 terá partidas em Pituaçu (Salvador), no Presidente Vargas, em Fortaleza, e até em Macaé, no litoral norte do estado do Rio de Janeiro.

Aos torcedores mais fanáticos, eis um bom motivo para seguir os times e conhecer novas cidades, não só em dia de jogos.

É verdade que os clubes e/ou cidades e/ou estados que administram os estádios pelo país ainda estão engatinhando no que poderíamos chamar de “turismo de futebol”. As exceções, eu diria, são poucas.

Uma delas é o Estádio do Pacaembu, em São Paulo, onde fica o maravilhoso Museu do Futebol e cuja infra-estrutura fica disponível a qualquer pessoa que queira, por exemplo, fazer uma caminhada na pista ao redor do gramado ou mesmo tomar um sol na arquibancada.

Ao Morumbi é possível fazer visitas programadas, com direito a conhecer a espetacular sala de troféus, entre outras instalações.

Lembro-me que, quando criança, explorei o Mineirão, onde já assisti diversos jogos, e pude até pisar no gramado.

Fora do Brasil foram inesquecíveis:

– a visita a La Bombonera, do Boca Juniors, em Buenos Aires, onde estive por duas vezes: a primeira, em 2004, fiz a visita guiada pelos vestiários, loja, sala de imprensa, museu e gramado. Naquele dia, por sorte, Carlitos Tevez, que ainda jogava pelo Boca Juniors, estava no clube e pude tirar uma fotinho ao lado dele. Voltei ao estádio em 2009, quando assisti a um empate de 2 a 2 do time da casa com o Argentinos Juniors.

– as duas vezes em que fui ao Estádio Olímpico de Berlim. A primeira delas, na companhia de dois amigos, assisti a estreia do Brasil na Copa de 2006, o 1 a 0 contra a Croácia, gol de Kaká. Naquele dia tive a prova de que Deus existe: apesar de um amigo ter se perdido bem na hora que o jogo ia começar, ele conseguiu ver o jogo. Enquanto procurava por ele, eu encontrei um ingresso para a partida, jogado na alamenda que liga a estação de metrô ao estádio. Não localizei meu amigo – só fui revê-lo tarde da noite, já no nosso motorhome como qual rodamos a Alemanha – mas vendi o ingresso pelos mesmos 300 euros que tive de desembolsar ao cambista de quem comprei a entrada (que dava acesso ao setor destinado à amável torcida croata). Na segunda vez, em 2008, fiz um passeio por toda a área do estádio, que tem uma arquitetura monumental, como se pode ver pelas fotos deste post (desculpem pela qualidade das imagens).

No detalhe, a pira olímpica

– na mesma Copa, assisti no Estádio Olímpico de Munique ao jogo entre Alemanha e Argentina, que acontecia no Estádio Olímpico de Berlim. Como? Simples: a organização da Copa de 2006 instalou um megatelão no meio do gramado do estádio de Munique para que todos os torcedores e turistas que estavam na cidade pudessem torcer pelas equipes. Foi muito legal (ainda mais porque deu Alemanha, hehe)!

– o jogo entre Real Madrid e Atlético de Bilbao, em dezembro de 2006, no Santiago Bernabéu. Em sua fase “galática”, o Real tinha na equipe Ronaldo, Beckham, Roberto Carlos, Emerson, Raúl, Van Nistelrooy, Robinho, entre outros. O Real ganhou de virada, com gols de Ronaldo e Roberto Carlos. Não pude conhecer os bastidores do estádio mas fiquei impressionado com a organização dos setores, a acústica (se eu estivesse no lugar do jogador do Bilbao que foi expulso e tomou a mais sonora vaia de todos os tempos, eu teria saído do gramado aos prantos) e o acesso: há uma estação de metrô na porta, exatamente na porta do Bernabéu.

– a estreia do St. Pauli na segunda divisão do Campeonato Alemão de 2008-2009, em seu estádio em Hamburgo. Havia pelo menos 20.000 pessoas nas arquibancadas, em uma partida às 18 horas de uma sexta-feira. O bacana é que esse estádio é o único na Alemanha que tem autorização para que seja vendida cerveja na arquibancada, conforme contei aqui mesmo no Boteclando.

Mas preciso contar uma coisa: nenhuma dessas experiências se compara ao dia em que o São Paulo ganhou seu primeiro título da Taça Libertadores, em 1992, em pleno Morumbi. Eu estava lá.

Um frango para o Timão

É nos momentos difíceis que a amizade é submetida às maiores provas. Por isso quero agradecer aos amigos corinthianos que, após a derrota do meu São Paulo para o Avaí na quinta-feira passada, deixaram mensagens e mais mensagens de solidariedade no meu telefone celular.

Mais do que agradecer, quero retribuir tamanha demonstração de amizade e homenageá-los com a foto abaixo, clicada em uma das viagens que fiz a Hamburgo, na Alemanha, onde mora minha irmã.

Assim que saiu o gol do Neymar na final do paulistinha de ontem, o segundo do Santos, sabe-se lá o porquê, lembrei-me desse restaurante, que fica numa das ruas mais movimentadas do bairro português, a três ou quatro quadras do porto da cidade.

Essa região, que fica, aliás, às margens do Rio Elba, ganha uma intensa agitação nos meses de verão, que começa daqui a pouco no hemisfério norte.

O curioso é que na Churrascaria O Frango, gostoso, mesmo, é o bolinho de bacalhau.

Churrascaria O Frango: Reimarusstrasse, 17, Neustadt, Hamburgo,  Alemanha.