O MoDi — ou a boa relação entre preço e qualidade

Os 30 e poucos minutos de espera por uma mesa, na segunda vez em que fui ao MoDi, na noite de sexta passada, valeram a pena. Taí um restaurante bom, bacana e barato, que, um amigo me contou ontem à noite, vai ganhar uma segunda unidade no mesmo bairro de Higienópolis, na área externa do shopping.

Por que é bacana? O MoDi ocupa aquele imóvel de pé-direito alto no térreo do Edifício Paquita, no meio do quarteirão na Rua Alagoas, no trecho em frente ao Parque Buenos Aires, que já hospedou outros empreendimentos gastronômicos, como a padaria do chef Olivier Anquier. À esquerda da entrada, fica o bar e há mesas no térreo e no mezanino. O único senão, falando do ambiente, é a acústica sofrível.

Por que é bom? Porque o chef Diogo Silveira, que é um dos sócios, acerta a mão em receitas como a dobradinha à toscana com bruschetta de ervas e polenta mole (R$ 25), servida apenas na primeira semana do mês. Nas demais semanas, revezam-se outras opções de miúdos. Quero voltar na próxima-última, dedicada à língua de boi. Outra boa sugestão é o varênique sbagliato recheado de cebola caramelizada com queijo cremoso e chips de presunto cru (R$ 28).

Das entradas, vai melhor a bruschetta de cogumelos (R$ 11) do que o cone al mare, uma seleção de frutos do mar encharcados, quero dizer, empanados (R$ 11).

As sobremesas estavam mais ou menos: tanto o canollo quanto a torta de chocolate (R$ 11 cada um).

Em compensação, os preços dos vinhos são bem convidativos, a exemplo da taça do porto Graham’s Tawny (R$ 11) e da garrafa do tinto Urban Tempranillo, vendida a R$ 68.

Para não perder tempo, tome o cuidado de não seguir o exemplo deste blogueiro e chegue o mais cedo que puder, ou fora dos horários de pico no almoço e no jantar. A cozinha funciona do meio dia às 11 da noite.

MoDi Gastronomia. Rua Alagoas, 475, Higienópolis, tel. (11) 3564-7031.

PS: texto alterado pelo blogueiro, para corrigir uma informação. Diferentemente do que foi escrito, a casa não faz reservas.

 

O duelo das porchettas: Nova York x Itapecerica da Serra

Foi meu compadre Caio Mariano quem recomendou, de última hora, pelo what’sapp: “tenta ir no Porchetta”. Era meu penúltimo dia em Nova York e, ao ler a dica dele pensei: Caio não blefa, restam-me umas horinhas, vou fazer de tudo para ir lá.

E fui, e aproveitei para me encontrar com duas amigas ali, na porta do que eu imaginava ser um restaurante italiano. E tomei uma surpresa: até agora tenho dúvidas se o Porchetta é um restaurante (pequeno demais para isso, com assentos apenas em dois balcões internos e do lado de fora) ou um bar (não pode ser, pensando bem, já que não vi muita coisa para beber). Talvez seja uma lanchonete. O fato é que é o chamariz da casa é a receita da porchetta alla romana — na verdade o bar-restaurante-lanchonete prepara também um sanduíche de frango com acompanhamentos.

Originária da Emilia-Romagna, no centro da Itália, a porchetta é um corte que pega toda a lateral de um leitão, que por sua vez vai ao forno completamente desossado. A pele, porém, é mantida. Após muitas horas, umas cinco, pelo menos, assando a uma temperatura de 250 graus, essa capa ganhará uma deliciosa consistência de pururuca — generosamente, o Porchetta publica em seu site a receita.

Eu pedi a versão sanduba — do mesmo modo como se come nas ruas da região de Roma (12 dólares) — e a carne estava com uma textura macia, enriquecida pelo bom tempero de alecrim e outras ervas. O pão ciabata, crocante, era dos bons, menos aerados do que as ciabatas que costumamos comer nas padocas de São Paulo.

Essa surpresa novaiorquina me fez lembrar da primeira vez que provei a porchetta: foi na costelaria Rancho do Vinho, em Itapecerica da Serra. Faz uns quinze anos, eu era repórter da Playboy e havia ido até lá para experimentar a costela e conferir a adega da casa que, na ocasião, guardava uma considerável oferta de vinhos brasileiros.

Lembro-me do proprietário e chef Celso Frizon tirando lasca por lasca do interior da porchetta exposta no meio do salão desse restaurante à beira da rodovia Régis Bittencourt. A carne saia úmida, branquinha e muito bem temperada para rechear as duas bandas de pão francês.

Celso continua preparando a própria versão da porchetta alla romana, mas apenas sob encomenda e no Dr. Costela, novo nome do Rancho do Vinho. Para a receita, Celso lança mão de leitõezinhos de 7 a 8 quilos. Recheados com carne suína selecionada, ervas frescas, embutidos e outros temperos, a porchetta chegará aos 15 quilos e ficará pronta depois de 17 horas de forno. Por cada quilo, Celso cobra 65 reais.

Qual das duas é a melhor? A menos que você consiga ir a Nova York, confie em mim: sinceramente, temos aqui um empate.

Porchetta. 110 East 7th Street, Nova York, tel. 212-777-2151, http://www.porchettanyc.com

Dr. Costela. Rodovia Régis Bittencourt, quilômetro 293,5, Itapecerica da Serra (SP), tel. (11) 4147-1557, http://www.drcostela.com.br.

 

Acrópoles, o grego que nunca vai sair de moda no Bom Retiro

Salão do Acrópoles: um clássico / Foto: Miguel Icassatti

Salão do Acrópoles: um clássico / Foto: Miguel Icassatti

Nestes dias de temperaturas saarianas, as molduras com fotos de Mykonos, Santorini e outras ilhas rodeadas pelo Mediterrâneo, expostas nas paredes do restaurante Acrópoles, o grego do Bom Retiro, chegam a ser um alento, quando não uma miragem.

Com seu salão de clássica simplicidade, em meio às vitrines das lojas de confecção boas, antenadas e algo baratas da Rua da Graça e adjacências, o Acrópoles nunca vai sair de moda.

Maîtres e hostesses metidinhos por aí deveriam ter aulas de boas maneiras com Thrassyvoulos Georgios Petrakis, o Seu Trasso, para aprender como bem atender a freguesia. Aos 96 anos e munido de um largo sorriso, o dono do Acrópoles recebe um a um os visitantes e os acomoda à mesa. Chega o couvert, ele derrama um belo fio de azeite no prato à frente do cliente, para que seja passado no miolo de um gostoso pão com gergelim, e volta à porta do restaurante, à espera do próximo.

Embora o cardápio esteja listado na parede, é difícil escapar da mussaká (uma espécie de torta de berinjela, carne moída e batata, R$ 32,00) e do carneiro assado ao forno (R$ 36,00), precedidos da saladinha caipira (folhas, tomate, azeitona, R$ 22,00 a meia porção).

Em geral os pratos ficam expostos na cozinha, instalada no fundo do salão. O cliente escolhe o que quer comer, o item vai ao forno e é levado à mesa. Quem já está decidido pode ser poupado da difícil tarefa e começar os trabalhos com uma garrafa de cerveja (Serramalte, R$ 9,00).

Na hora da sobremesa, a torta de maçã é de uma delicadeza surpreendente — se você tiver a sorte de ter ao lado uma boa companhia, peça uma colher extra.

Para começar a digestão e fazer por tabela um programa dos mais paulistanos, caminhe 10 minutos até a Estação da Luz, onde está o Museu da Língua Portuguesa, ou à Pinacoteca, em frente, pela José Paulino. Mas vá pela sombra.

Acrópoles. Rua da Graça, 364, Bom Retiro, tel. (1) 3223-4386, http://www.restauranteacropoles.com.br

 

Pastelaria Brasileira: salgados roots

pastel

Em tempos de glamurização de tudo — até mesmo do bolovo, que já ganhou por aí a sua versão gourmet… —, foi um alento ter voltado à Pastelaria Brasileira e constatar que, desde minha última visita, um punhado de anos atrás, nada mudou por ali.

Anteontem à noite, antes de ir ao supermercado, parei para comer um pastel nesse endereço que, aberto em 1975, é um dos mais tradicionais da região de Perdizes, em frente ao Bourbon Shopping e uns metros adiante da entrada principal do Palmeiras.

Se na rua, àquela hora, o termômetro marcava uns 26 graus, ali dentro o calor era saariano, graças à ausência de ar-condicionado ou de ventiladores e à intensa produtividade dos tachos, dos quais saem coxinhas, rissoles, bolinhos e pasteis fritos na hora.

Pedi logo o pastel de carne (R$ 4,00), bem recheado, como sempre, e cuja massa não faz feio, mas não chega perto à dos pasteis de feira, onde, convenhamos, até os ruins são bons.

Em vez do caldo de cana de sempre, desta vez pedi uma cerveja. Só tinha Brahma e Original, e fiquei com a segunda (R$ 9,00).

Saí de lá ainda mais convicto de que poucas coisas são mais chiques do que um salgado roots.

Pastelaria Brasileira. Rua Turiaçu, 2113, Perdizes, tel. (11) 3672-8606, http://www.pastelariabrasileiraonline.com.br.

Feliz Ano Novo! *

 

Chope Brahma  no Léo: R$ 6,90 / Foto: Miguel Icassatti

Chope Brahma no Léo: R$ 6,90 / Foto: Miguel Icassatti

 

Ei, você, meu caro paulistano que deixou a cidade para curtir, bem longe, as festas de Natal e de Réveillon: não deixe para 2015 o que você pode fazer agora!

Torne real, já!, aquela sua resolução de Ano Novo, decidida ali, entre aquelas sete ondinhas que você pulou dias atrás. Sim, vá morar na praia! Sim, volte àquela vidinha tranquila no interior! Esta é a sua chance! Não adie seu sonho, escute o que eu digo e fique onde está! De Santos a Araçatuba, de Franca a Apiaí, passe bem longe de São Paulo, desvie pelo rodoanel e risque a cidade do seu mapa!

Putz, você teve de voltar ao trabalho nesta segunda, dia 6? Sem problemas! Esqueceu que já existe Skype? Facebook? E-mail? E que você pode programar as contas a pagar no serviço de débito automático de seu banco? Ou pelo site? Ou pelo celular?

Exercite sua pró-atividade e proponha a seu chefe: se você trabalhar em esquema home (ou beach home) office, quanto a empresa não vai economizar? Melhor ainda: que tal convidá-lo a experimentar essa nova modalidade de trabalho? Como dizia o Chorão, seu escritório pode ser a praia! Se o chefinho topar, você ainda vai ganhar um aumento. Certeza!

São Paulo está insuportavelmente quente nestes primeiros dias de 2014 – os termômetros da Avenida Sumaré, às 18h30 de sexta passada, marcavam inacreditáveis 34 graus! E não é que eu vi uns malucos fazendo cooper àquela hora – tadinhos, não têm praia par se refrescar —, e bem ali ao lado do corredor de ônibus?

Corredor de ônibus!? Taí mais um motivo – na verdade, 300 quilômetros de motivos, segundo o Haddad – para você não arredar o pé do calçadão de Pitangueiras ou da areia fofinha do Posto 9. Já pensou em ter de encarar todo aquele trânsito de dezembro de novo? Bate na madeira, né?

Tenho certeza que se você resolver voltar para essa maltrapilha Pauliceia, vai se decepcionar um bocado: muitas lojas e bares e restaurantes estão fechados. Nos estabelecimentos que estão abertos, veem-se várias mesas vazias. Eu juro! Nada a ver com São Paulo, certo?

Na mesma sexta-feira passada, fui ao Bar Léo, no centrão, e, pela primeira vez na minha vida, consegui sentar-me à mesa, e sem ter de esperar nenhum segundinho! Convenhamos, boteco sem aquele fervo tipicamente paulistano não tem a menor graça, né, não? Sem contar que o preço do chope, R$ 6,90, está pela hora da morte. Ao menos o canapé blumenau foi feito na hora (de linguiça moída crua, R$ 30,00 a porção)…

Ok, ok, eu sei que os ambulantes aí na Barra do Sahy devem estar cobrando os olhos da cara pela latinha de Heineken, mas, veja, depois do carnaval o preço vai baixar. Aqui em São Paulo, você sabe, isso não vai acontecer nem que a vaca tussa! Quando aquele italianinho que você gosta for reaberto, prepare-se: o cardápio estará reajustado, o manobrista vai te cobrar 20 paus e ainda vai estacionar seu Jetta na rua de trás – e em fila dupla.

E olha que coisa mais anticlímax: você passou a virada em Copacabana (mesmo sem o beijaço prometido), Trancoso, Paris, Punta…  E daqui a pouco vai ter de encarar a realidade das gravatas da Faria Lima, do mundaréu de gente nos trens da linha amarela… Precisa? Não, né? Continue vivendo seu sonho de verão, transforme sua vida num eterno sabático e recomece sua vida bem longe da 25, do Largo 13, da 23, da 9 de Julho (que está em obras) e de todos esses logradouros numéricos que só te causam urticária a cada vez que a repórter da rádio Sul América informa as condições do trânsito.

Aproveite a onda da Copa do Mundo para, por exemplo, abrir um negócio em Cuiabá. Arrende umas terras, monte uma pousada, aprenda a falar inglês e espanhol. Afinal, Chile e Austrália vão jogar na Arena Pantanal e você pode faturar uma boa grana ao receber bem essas duas torcidas. Com essa grana, quem sabe, você já não concebe uma sementinha para um novo empreendimento focado, por exemplo, nos Jogos Olímpicos do Rio 2016? Rio = praia = resolução-de-ano-novo-agora, nunca é demais lembrar!

E em vez de ficar meio jururu ao relembrar pelo instagram ou o face da balada sen-sa-ci-o-nal da virada em Jurerê, meu amigo, pare e pense: pra quê voltar? A qualidade de vida em Floripa não é demais? O povo não é lindo? Então… #ficaadica!

Do fundo do meu coração, torço para que você realize sonho de ir-se embora São Paulo. Feliz Ano Novo!

Bar Léo. Rua Aurora, 100, centro, tel. (11) 3221-0247.

*Este texto foi publicado originalmente no meu blog Guidemig. Na versão acima, acrescentei algumas correções ortográficas e de pontuação e atribuí outro título.

Finalmente, o Bardega

Bardega: vinho direto na máquina

Bardega: vinho direto na máquina

Nos últimos dois anos, São Paulo ganhou uma razoável quantidade de wine bars (ou bares dedicados ao vinho). Sem dúvida, uma boa notícia. A ideia comum a esses estabelecimentos é a de oferecer a possibilidade ao cliente de comprar uma boa variedade de vinhos em taça e não em garrafa. Assim, degusta-se várias opções pelo preço equivalente ao de uma garrafa.

O Bardega, inaugurado em 2012 na Vila Olímpia, desponta como o que tem a maior oferta de vinhos em taça: pelas minha inexatas contas passam de 100 os rótulos de tintos, brancos, espumantes e rosés. Quantidade impressionante.

Novato em visita à casa, não captei de imediato o esquema de autoatendimento. Até alcançar minha mesa, nenhum garçom, maître ou sommelier veio até a mim para perguntar se eu precisava de alguma ajuda. Mas o serviço funciona assim: você deve pegar um cartão com o sommelier e se dirigir às doze máquinas Enomatic, que evitam que o líquido de deteriore e onde são conservadas as garrafas [à direita, na foto]. Ao escolher o vinho, pode optar por doses de 30, 60 ou 120 mililitros (uma garrafa de vinho tem 750 mililitros). Basta posicionar uma taça embaixo da torneirinha da máquina, inserir o cartão e pronto. O vinho é despejado copo abaixo e o valor cobrado pela dose é incluído no cartão, que deverá ser pago à saída.

Degustei doses de 60 mililitros e, confesso, achei os preços um tanto salgados. Ok, não se pode comparar o preço cobrado no bar com o que geralmente se paga numa loja ou na importadora. Por outro lado, não faz sentido embutir uma quantia no preço relativa ao serviço do vinho, já que a casa apregoa o sistema self-service, certo? Donde só posso inferir que a margem de lucro da casa lhe é bem favorável.

Pelo português Vinha Grande, por exemplo, paguei R$ 16,00. O australiano Wakefield State Shiraz custou-me R$ 12,00 a dose de 120 mililitros do espanhol Viña Sastre Crianza saiu por R$ 32,00. De fato, os vinhos estavam em perfeitas condições. Os espumantes, por sua vez, devem ser pedidos a um barman no balcao montado no fundo do salão. Servido na taça flûte padrão, o rosé português Aida Maria custou R$ 20,00.

Do cardápio, provei o risoto de abóbora e o cozido de carne (R$ 28,00 cada porção). Os pratos muito saborosos, mas achei a ração muito pequena. Honestamente, não reclamaria se tivesse de desembolsar uns R$ 5,00 ou R$ 10,00 para comer um pouco mais.

Senti falta de um jerez na seleção de vinhos e, por isso, perguntei ao sommelier se eventualmente havia alguma opção fora das Enomatics. Infelizmente não, disse-me ele, que já chegou a disponibilizar umrótulo, mas desistiu por causa da baixa procura. Uma pena, taí uma bebida que merece ser descoberta pelos fãs de vinho.

 

Bardega. Rua Doutor Alceu de Campos Rodrigues, 218, Vila Olímpia, tel. (11) 2691-7578, http://www.bardega.com.br.

 

 

Bar do Giba e a voz do povo

Bar do Giba: eleito o boteco do ano por Veja São Paulo

Bar do Giba: eleito o boteco do ano por Veja São Paulo

Nesta semana circula mais uma edição anual do guia Comer & Beber de Veja São Paulo. Desta vez, a revista decidiu escolher os melhores bares, restaurantes e comidinhas da cidade pautada apenas pelo voto do internauta que visita o site da publicação. É a voz povo, digitalizada.

Se a voz do povo é a voz de Deus, Ele elegeu o fantástico Bar do Giba como o boteco do ano em São Paulo.

E Ele sabe mesmo o que faz. Havia uns bons anos que eu não ia ao Giba, até que, na sexta, recebi um convite-alerta do amigo Luis Alvim, para que fôssemos almoçar lá no sábado, antes que a maioria das bancas e assinantes da Vejinha recebessem seus exemplares e resolvessem conferir alguns dos melhores do ano já no sabadão.

Prontamente atendi, ou melhor, atendemos. Camila e eu chegamos por lá às 2 e meia da tarde e fomos os últimos a nos juntar à mesa. A turma já havia devorado uma paleta de cabrito e dado fim a umas caipirinhas e pasteizinhos (recomendo fortemente o de camarão e o de palmito).

Apesar do atraso, conseguimos alcançar os demais, ao pedirmos uma porção de barrinha de cereal (isto é, de barriga de porco frita), mais pasteizinhos e uma costela de cabrito, além de algumas garrafas de Serramalte e uma caipirinha feita com a boa cachaça Solar.

Não me perguntem o preço desses itens porque, como não há cardápio na casa, não tenho ideia do quanto nos foi cobrado por cada cosia que pedimos. Só sei que a conta total bateu nos R$ 540,00, o que significa que cada um deixou R$ 90,00 na casa.

Confesso que essa falta de menu me causa certa preguiça. Permaneço, portanto, no desfalcado time dos chatos que gostam de ver as opções e preços dos comes e bebes. Quem se queixava que o Giba só recebia pagamentos em dinheiro e cheque, a boa nova, ao menos para mim, é que cartões de débito agora são bem-vindos.

No mais, deixo meus parabéns para o Giba. Título merecidíssimo.

A lista completa dos vencedores de Comer & Beber de Veja São Paulo pode ser conferida aqui.

Bar do Giba. Avenida Moaci, 574, Moema, São Paulo, SP, tel. (11) 5535-9220.

O novo Riviera, primeiras impressões

Balcão do Riviera: um bar que gira ao seu redor

Balcão do Riviera: um bar que gira ao seu redor

Não são poucos os perigos que correm aqueles que tentam ressuscitar um bar ou um restaurante de passado glorioso. Ao tentar fazer com que a glória ressurja ancorada apenas no nome e na nostalgia dos que viveram aqueles dias, essas iniciativas acabam por virar meros pastiches, a exemplo do que ocorreu com o Pandoro, o Bar Brahma e o restaurante Carlino, três casos que não careciam de exumação.

Pois Facundo Guerra (Vegas, Lions, Volt) e Alex Atala (D.O.M. e Dalva e Dito) tornaram-se sócios e resolveram correr o risco, juntos, de dar nova vida ao Riviera, o célebre bar na esquina da Consolação com a Paulista inaugurado em 1949.

Consta que o Riviera surgiu como uma casa de chá, frequentada pela vizinhança abonada dos casarões de Higienópolis. Conheci o Riviera já em sua fase agonizante, no fim dos anos 1990, nada glamurosa, bem ao gosto de Rê Bordosa, personagem do cartunista Angeli que foi concebida ali. Lembro-me do chope ordinário, da escada curvilínea, das mesas espalhadas pelo tristonho salão de pé-direito alto.

Pois o Riviera a la Facundo e Atala, nestes primeiros dias, tem mais a ver com a festa que deve ter sido seus primórdios. No lugar das mesinhas, brotou no salão um imenso balcão central, ao redor do qual orbita todo o resto. É um ícone e tanto, para um ambiente que já contava com velhos símbolos como o pé-direito de uns 7 metros de altura, a fachada com tijolinhos de vidro através dos quais vê-se o néon do lado de fora e a tal escada, que leva ao mezanino.

No mezanino, aliás, há um outro bar, de formato ondulado, de frente para os janelões que dão vista para o viaduto que liga a Paulista e a Consolação à Rebouças e à Doutor Arnaldo. No espaço central espalham-se mesas e, no fundo acomodam-se músicos que devem fazer showzinhos de quinta a sábado (R$ 35 o couvert artístico para quem se instalar ali).

A escada e o balcão: velho e  novo ícones

A escada e o balcão: velho e novo ícones

Pois, para meu gosto, o mais legal é ficar no térreo, ao redor do balcão, de preferência na posição da foto acima. Dali pode-se ver bem o entra-e-sai e o sobe-e-desce, além dos barmen a trabalhar — tomei um bom sidecar, R$ 22, um manhattan apenas mediano, R$ 24 e um chope Heineken (R$ 7) muito bem tirado.

O cardápio — sem contar o menu executivo servido na hora do almoço, pensado por Atala, é claro — apresenta porções, como a de amendoim, a de ostras e a de mexilhão (em falta, no sábado) e a sanduíches. O royal, famosa sugestão do velho Riviera, vale a pedida (R$ 23, rosbife com queijo, tomate e pepino no pão de forma envolto em uma fina camada de ovo). O lancha (R$ 29, filé a milanesa com rúcula e tomate), por sua vez, veio um pouco encharcado em gordura.

Pois com o encardido que o tempo naturalmente trará ao balcão e a expertise, se bem empregada, de Facundo e Alex, para fazer os ajustes (em especial no serviço, desatento ou  impolido?), o novo Riviera terá provado que, sim, vale a pena correr certos riscos.

Riviera Bar. Avenida Paulista, 2584, tel. (11) 3231-3705, http://www.rivierabar.com.br

 

 

 

 

Brera, os panini ‘de boy’ e o bom exemplo do garçom

Passaram-se quatro ou cinco meses desde a inauguração do Brera, um bar-sanduicheria aberto nos Jardins, até que, na noite do sábado, fui conhecer a casa. E, antes de esclarecer o porquê, digo que gostei, e muito dali.

O Brera ocupa uma espécie de sobrado do lado esquerdo da rua, em sua parte plana. Um terraço em nível elevado em relação à calçada acomoda uma mesa coletiva ao redor da qual, em noites gostosas como foi a de sábado, turmas podem se reunir num certo clima de dolce far niente. Essa impressão ganha força ainda mais quando, de passagem, ouve-se pessoas falando em italiano. Algo que ali não acontece por acaso, porque alguns dos donos nasceram na Bota.

Lá dentro, num ambiente à meia-luz, as paredes são cobertas por réplicas com fotos em preto-em-branco de padeiros e padarias italianos do fim do século 19 e início do 20. Uma delas é esta:

Padeiro italiano, em foto de 1865: belas imagens nas paredes do Brera

Padeiro italiano, em foto de 1865: belas imagens nas paredes do Brera

Especializado em panino, o local trabalha com frios, queijos e demais ingredientes de primeira, expostos aos clientes no balcão instalado logo à direita da entrada do salão. A imensa maioria dos itens — da mortadela de Bolonha ao presunto de Parma — é importada da Itália. As exceções ficam por conta do pão (produção especial da padaria Em Nome do Pão, especialmente para o Brera, e que tem assim uma textura de ciabatta) e dos itens de salada. E os frios são cortados na hora, como bem fazem as boas padocas.

Para cada uma das 20 e poucas combinações, há dois tamanhos: o padrão, digamos assim, que vêm a mesa disposto sobre uma tábua e acompanhado e de uma salada, e o míni, que é servido num pão menor, quase do tamanho do nosso francês.

Primeiro, provei o langhe, que é montado com presunto cru de Parma maturado por 18 meses, queijo brie, tomate, azeite trufado piemontês (em tempo: bem suave, cujo delicado sabor integrou-se aos demais ingredientes) e rúcula (R$ 23,90/ R$ 12,50 o míni).

Langhe: boa opção de panino

Langhe: boa opção de panino

Em seguida, pedi o longobardo, composto de mortadela, qeuijo gorgonzola, tomate, anchovas e mostarda (R$ 22,90/ R$ 11,50), também saboroso.

A primeira boa surpresa, porém, tive logo que pedi uma taça de vinho para acompanhar a refeição. O syrah (R$ 14,00) havia acabado e o garçom me ofereceu o nero d’ávola, cuja taça custa R$ 19,00, pelo mesmo preço do primeiro.

Taí um exemplo que deveria ser seguido por todos os estabelecimentos.

Brera. Rua Ministro Rocha Azevedo, 1068, Jardins, tel. (11) 3895-5855.

 

Bar do Luiz: 43 anos em 12 horas de botecagem

Bar do Luiz: festança no Sambódromo

Bar do Luiz: festança no Sambódromo

Ainda dá tempo de garantir o ingresso para a quarta edição da festa “12 Horas de Boteco”, que o Bar do Luiz Fernandes vai realizar neste sábado, 24 de agosto, no Sambódromo do Anhembi, para celebrar os seus 43 anos de vida.

A partir das 15h10, vão rolar shows, em sequência, de Ana Clara, Bala de Troco, Toquinho, Leci Brandão, Demônios da Garoa, Diogo Nogueira, Osquestra Voadora, Mariene de Castro, Samba da Vela, Arlindo Cruz e a bateria da Mocidade Alegre.

O ingresso para a maratona custa R$ 300,00 e dá direito a uma camiseta da festa, acesso aos shows e consumo de bebidas e petiscos à vontade. Além dos famosos e deliciosos bolinhos de bacalhau do bar, será possível degustar as receitas das casas convidadas: o restaurante Mocotó, o Veloso Bar, a kombi do Rolando Massas, a churrascaria Anhembi e  o japonês Sushi Hiroshi.

São esperadas 6.000 pessoas na festa.

Informações: http://www.bardoluizfernandes.com.br