O duelo das porchettas: Nova York x Itapecerica da Serra

Foi meu compadre Caio Mariano quem recomendou, de última hora, pelo what’sapp: “tenta ir no Porchetta”. Era meu penúltimo dia em Nova York e, ao ler a dica dele pensei: Caio não blefa, restam-me umas horinhas, vou fazer de tudo para ir lá.

E fui, e aproveitei para me encontrar com duas amigas ali, na porta do que eu imaginava ser um restaurante italiano. E tomei uma surpresa: até agora tenho dúvidas se o Porchetta é um restaurante (pequeno demais para isso, com assentos apenas em dois balcões internos e do lado de fora) ou um bar (não pode ser, pensando bem, já que não vi muita coisa para beber). Talvez seja uma lanchonete. O fato é que é o chamariz da casa é a receita da porchetta alla romana — na verdade o bar-restaurante-lanchonete prepara também um sanduíche de frango com acompanhamentos.

Originária da Emilia-Romagna, no centro da Itália, a porchetta é um corte que pega toda a lateral de um leitão, que por sua vez vai ao forno completamente desossado. A pele, porém, é mantida. Após muitas horas, umas cinco, pelo menos, assando a uma temperatura de 250 graus, essa capa ganhará uma deliciosa consistência de pururuca — generosamente, o Porchetta publica em seu site a receita.

Eu pedi a versão sanduba — do mesmo modo como se come nas ruas da região de Roma (12 dólares) — e a carne estava com uma textura macia, enriquecida pelo bom tempero de alecrim e outras ervas. O pão ciabata, crocante, era dos bons, menos aerados do que as ciabatas que costumamos comer nas padocas de São Paulo.

Essa surpresa novaiorquina me fez lembrar da primeira vez que provei a porchetta: foi na costelaria Rancho do Vinho, em Itapecerica da Serra. Faz uns quinze anos, eu era repórter da Playboy e havia ido até lá para experimentar a costela e conferir a adega da casa que, na ocasião, guardava uma considerável oferta de vinhos brasileiros.

Lembro-me do proprietário e chef Celso Frizon tirando lasca por lasca do interior da porchetta exposta no meio do salão desse restaurante à beira da rodovia Régis Bittencourt. A carne saia úmida, branquinha e muito bem temperada para rechear as duas bandas de pão francês.

Celso continua preparando a própria versão da porchetta alla romana, mas apenas sob encomenda e no Dr. Costela, novo nome do Rancho do Vinho. Para a receita, Celso lança mão de leitõezinhos de 7 a 8 quilos. Recheados com carne suína selecionada, ervas frescas, embutidos e outros temperos, a porchetta chegará aos 15 quilos e ficará pronta depois de 17 horas de forno. Por cada quilo, Celso cobra 65 reais.

Qual das duas é a melhor? A menos que você consiga ir a Nova York, confie em mim: sinceramente, temos aqui um empate.

Porchetta. 110 East 7th Street, Nova York, tel. 212-777-2151, http://www.porchettanyc.com

Dr. Costela. Rodovia Régis Bittencourt, quilômetro 293,5, Itapecerica da Serra (SP), tel. (11) 4147-1557, http://www.drcostela.com.br.

 

Acrópoles, o grego que nunca vai sair de moda no Bom Retiro

Salão do Acrópoles: um clássico / Foto: Miguel Icassatti

Salão do Acrópoles: um clássico / Foto: Miguel Icassatti

Nestes dias de temperaturas saarianas, as molduras com fotos de Mykonos, Santorini e outras ilhas rodeadas pelo Mediterrâneo, expostas nas paredes do restaurante Acrópoles, o grego do Bom Retiro, chegam a ser um alento, quando não uma miragem.

Com seu salão de clássica simplicidade, em meio às vitrines das lojas de confecção boas, antenadas e algo baratas da Rua da Graça e adjacências, o Acrópoles nunca vai sair de moda.

Maîtres e hostesses metidinhos por aí deveriam ter aulas de boas maneiras com Thrassyvoulos Georgios Petrakis, o Seu Trasso, para aprender como bem atender a freguesia. Aos 96 anos e munido de um largo sorriso, o dono do Acrópoles recebe um a um os visitantes e os acomoda à mesa. Chega o couvert, ele derrama um belo fio de azeite no prato à frente do cliente, para que seja passado no miolo de um gostoso pão com gergelim, e volta à porta do restaurante, à espera do próximo.

Embora o cardápio esteja listado na parede, é difícil escapar da mussaká (uma espécie de torta de berinjela, carne moída e batata, R$ 32,00) e do carneiro assado ao forno (R$ 36,00), precedidos da saladinha caipira (folhas, tomate, azeitona, R$ 22,00 a meia porção).

Em geral os pratos ficam expostos na cozinha, instalada no fundo do salão. O cliente escolhe o que quer comer, o item vai ao forno e é levado à mesa. Quem já está decidido pode ser poupado da difícil tarefa e começar os trabalhos com uma garrafa de cerveja (Serramalte, R$ 9,00).

Na hora da sobremesa, a torta de maçã é de uma delicadeza surpreendente — se você tiver a sorte de ter ao lado uma boa companhia, peça uma colher extra.

Para começar a digestão e fazer por tabela um programa dos mais paulistanos, caminhe 10 minutos até a Estação da Luz, onde está o Museu da Língua Portuguesa, ou à Pinacoteca, em frente, pela José Paulino. Mas vá pela sombra.

Acrópoles. Rua da Graça, 364, Bom Retiro, tel. (1) 3223-4386, http://www.restauranteacropoles.com.br

 

Bar do Giba e a voz do povo

Bar do Giba: eleito o boteco do ano por Veja São Paulo

Bar do Giba: eleito o boteco do ano por Veja São Paulo

Nesta semana circula mais uma edição anual do guia Comer & Beber de Veja São Paulo. Desta vez, a revista decidiu escolher os melhores bares, restaurantes e comidinhas da cidade pautada apenas pelo voto do internauta que visita o site da publicação. É a voz povo, digitalizada.

Se a voz do povo é a voz de Deus, Ele elegeu o fantástico Bar do Giba como o boteco do ano em São Paulo.

E Ele sabe mesmo o que faz. Havia uns bons anos que eu não ia ao Giba, até que, na sexta, recebi um convite-alerta do amigo Luis Alvim, para que fôssemos almoçar lá no sábado, antes que a maioria das bancas e assinantes da Vejinha recebessem seus exemplares e resolvessem conferir alguns dos melhores do ano já no sabadão.

Prontamente atendi, ou melhor, atendemos. Camila e eu chegamos por lá às 2 e meia da tarde e fomos os últimos a nos juntar à mesa. A turma já havia devorado uma paleta de cabrito e dado fim a umas caipirinhas e pasteizinhos (recomendo fortemente o de camarão e o de palmito).

Apesar do atraso, conseguimos alcançar os demais, ao pedirmos uma porção de barrinha de cereal (isto é, de barriga de porco frita), mais pasteizinhos e uma costela de cabrito, além de algumas garrafas de Serramalte e uma caipirinha feita com a boa cachaça Solar.

Não me perguntem o preço desses itens porque, como não há cardápio na casa, não tenho ideia do quanto nos foi cobrado por cada cosia que pedimos. Só sei que a conta total bateu nos R$ 540,00, o que significa que cada um deixou R$ 90,00 na casa.

Confesso que essa falta de menu me causa certa preguiça. Permaneço, portanto, no desfalcado time dos chatos que gostam de ver as opções e preços dos comes e bebes. Quem se queixava que o Giba só recebia pagamentos em dinheiro e cheque, a boa nova, ao menos para mim, é que cartões de débito agora são bem-vindos.

No mais, deixo meus parabéns para o Giba. Título merecidíssimo.

A lista completa dos vencedores de Comer & Beber de Veja São Paulo pode ser conferida aqui.

Bar do Giba. Avenida Moaci, 574, Moema, São Paulo, SP, tel. (11) 5535-9220.

Bar do Luiz: 43 anos em 12 horas de botecagem

Bar do Luiz: festança no Sambódromo

Bar do Luiz: festança no Sambódromo

Ainda dá tempo de garantir o ingresso para a quarta edição da festa “12 Horas de Boteco”, que o Bar do Luiz Fernandes vai realizar neste sábado, 24 de agosto, no Sambódromo do Anhembi, para celebrar os seus 43 anos de vida.

A partir das 15h10, vão rolar shows, em sequência, de Ana Clara, Bala de Troco, Toquinho, Leci Brandão, Demônios da Garoa, Diogo Nogueira, Osquestra Voadora, Mariene de Castro, Samba da Vela, Arlindo Cruz e a bateria da Mocidade Alegre.

O ingresso para a maratona custa R$ 300,00 e dá direito a uma camiseta da festa, acesso aos shows e consumo de bebidas e petiscos à vontade. Além dos famosos e deliciosos bolinhos de bacalhau do bar, será possível degustar as receitas das casas convidadas: o restaurante Mocotó, o Veloso Bar, a kombi do Rolando Massas, a churrascaria Anhembi e  o japonês Sushi Hiroshi.

São esperadas 6.000 pessoas na festa.

Informações: http://www.bardoluizfernandes.com.br

 

Mistura confusa

Foto: Xando Pereira

Foto: Xando Pereira

Se ousasse definir Itapuã, eu diria que esse bairro onde fica a famosa praia estão mais para Lauro de Freitas, Arembepe, Itacimirim e Praia do Forte do que propriamente para Salvador. Parte integrante da orla norte da capital baiana, Itapuã fica a cerca de 30 quilômetros da região mais central e turística da cidade, composta pelo emaranhado de bairros formado por Barra, Ondina, Rio Vermelho, Pituba, Nazaré, Campo Grande e Pelourinho. Para quem quer distância do fervor soteropolitano e busca pedaços de areia mais sossegados, sol e coco fresco, Itapuã é o que há.

Condomínios residenciais e pousadas escoltam o farol, à esquerda e à direita, tendo o mar verde azulado e bravo à frente, em trechos com pedras que formam piscinas naturais e curtas faixas de areia divididas por poucos banhistas e surfistas locais – bem, ao menos foi o que vi no fim de semana passado.
Para minha sorte, é por ali que fica o restaurante Mistura, especializado em peixes e frutos do mar, que eu queria conhecer havia tempos. Para falar a verdade, a visita não empolgou.
Para fugir do lugar comum das moquecas, pedimos, eu e minha mulher, o robaleto com legumes (R$ 54,00) e o penne ao molho cremoso de camarão (R$ 49,00).
O cardápio descreve que no molho da massa entra queijo grana padano. Se entra mesmo, deve ser tão pouquinho que não percebi. Ao menos o ponto de cozimento do penne e do camarão estava bom, correto.
Já o robaleto mostrou-se absolutamente insosso. O sabor sumiu em meio ao do tomate concassê e o leve amargor dos aspargos que acompanham o pescado.
Para beber, pedimos uma garrafa do chileno Terranoble Sauvignon Blanc 2011 (R$ 68,00) e água mineral – confesso que fiquei surpreso quando veio à mesa uma garrafa da água italiana Panna, por caros R$ 13,00.
E fiquei incomodado com o atendimento. O garçom demorou ao menos 10 minutos para terminar de nos atender, porque começava a tomar nota de uma coisa, parava para atender a mesa ao lado, voltava a falar conosco e interrompia novamente o serviço.
Espero que na próxima vez que voltar à casa a experiência seja melhor.
Mistura.Rua Professor Souza Brito, 41, Itapuã, Salvador, tel. (71) 3375-2623, http://www.restaurantemistura.com.br.

Um peruano em Brasília

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Foto: Ligia Skowronski

 

Em viagem a Brasília no fim de semana passado para a cobertura da estreia da seleção brasileira na Copa das Confederações, jantei no sábado na companhia de amigos no peruano Taypá.

Meus amigos alertaram-me que a casa é um sucesso na capital do país, razão pela qual tivemos de chegar às 20 horas ao restaurante. Nós não havíamos feito reserva.

De fato, a casa lotou logo depois que chegamos, mérito do chef Marco Espinoza, peruano que comanda também o Lima Gastrô Bar, no Rio de Janeiro, e de seu auxiliar, o compatriota Giancarlo Arakaki.

Eles propõem mudanças no cardápio a cada seis meses e, entre as novidades, está a adoção de pratos da cozinha nikkei, que funde as gastronomias andina e japonesa.

Eleito o melhor restaurante da cidade pelos jurados da edição “Veja Brasília – Comer & Beber 2013/2014”, o Taypá apresentou altos e baixos na minha visita.

A noite começou muito bem. Éramos cinco à mesa e pedimos, de entrada, o ceviche taypá (R$ 52,00), uma série de três tipos diferentes dessa especialidade, à escolha do cliente. Optamos pelos de atum com leche de tigre (caldo de peixe com alho, gengibre e limão), criollo (peixe branco e polvo com crème de coentro) e o clássico, apenas de peixe.

Para acompanhar, pedimos uma garrafa do Leyda Sauvignon Blanc (R$ 65,00, talvez um pouco menos, se não me engano). Uma delícia.<

Quando partimos para os pratos principais, fiquei um tanto decepcionado com minha pedida, o cerdo glaseado en soya (barriga de porco ao shoyu com aroma de especiarias, acompanhada de arroz salteado oriental, R$ 48,00). Embora o ponto de cozimento estivesse bom — a carne fica cinco horas na panela —, o sabor do shoyu dominou o prato e roubou o sabor da carne. Um lamentável desequilíbrio.

Em compensação, fechamos bem a noite com um malbec ao qual sempre reputo boa relação entre preço e qualidade, o argentino Alto las Hormigas.

Taypá. SHIS QI 17, conjunto F, loja 208, Fashion Park, Lago Sul, (61) 3248-0403 e 3364-0403. http://www.taypa.com.br.

BBB: Bacalhau Bom e Barato

Um dos salões da Casa Portuguesa: ambiente faz lembrar a região do Alentejo / Foto: divulgação

 

Semana sim, semana não — às vezes, semana sim, a outra também — saio para almoçar na Casa Portuguesa.

Esse restaurante simpaticíssimo, que ocupa um sobrado de esquina e cujos salões têm paredes pintadas de branco que me fazem lembrar as casinhas caiadas da região do Alentejo, prepara e vende os pratos de bacalhau mais baratos de Pinheiros e adjacências.

Ok, quando me sento à mesa, quase sempre uma daquelas instaladas ao lado da estante repleta de garrafas de vinho verde e tinto nas prateleiras, não espero encontrar o melhor dos cod ghadus morhua, o melhor e mais caro tipo de bacalhau — refiro-me ao ingrediente.

Mas nunca saio de lá arrependido por, uma vez mais, ter feito a opção pelo BBB, bacalhau bom e barato servido ali.

De segunda a sexta, há duas opções de prato do dia, que saem a R$ 23,00 cada uma. A partir de segunda, o menu varia entre bacalhau à gomes de sá e à eliseu (arroz de bacalhau com grão de bico); com natas e a brás (terças); ao forno e à gomes de sá especial (quartas); zé do pipo e com grão de bico (quintas); caldeirada, à brás e à gomes de sá especial (sextas).

Minha receita preferida, porém, é a do bacalhau à lagareiro (frito em posta, servido com batatas ao murro, brócolis e alho assado, R$ 38,00). Em geral, abro os trabalhos com dois bolinhos de bacalhau (R$ 3,00 cada um), divido essa receita e uma entrada (que pode ser a alheira, R$ 21,00) com mais uma pessoa.

Para beber, há rótulos de vinhos de diferentes regiões de Portugal, dos mais simples (a exemplo do Porca de Murça, R$ 35,00, produzido no Douro) aos que têm boa relação entre preço e qualidade, como o EA (Eugenio Almeida, alentejano, R$ 62,00).

Na falta de um bom vinho do Porto para acompanhar o pastel de nata na sobremesa (R$ 5,50), vale pedir um expresso bem tirado (R$ 3,00).

Atenção: a casa só atende durante o almoço.

Casa Portuguesa. Rua Cunha Gago, 656, Pinheiros, tel. (11) 3819-1987. http://www.casaportuguesa.com.br

O Cão Véio é legal mesmo?

Balcão do Cào Véio / Foto: Miguel Icassatti

Minutos depois que postei a foto acima no Instagram e no Facebook, um amigo me perguntou: “e aí, o Cão Véio é legal mesmo?”

Pensei um pouco, demorei alguns minutos a responder e disse: “Eu gostei, velho”.

Entendo a pergunta do meu amigo. Fazia tempo que não havia tanta expectativa diante da abertura de um bar, como ocorre agora com o Cão Véio.

Afinal, entre os idealizadores do bar estão o músico Badauí, da banda CPM 22, e o chef Henrique Fogaça, do restaurante Sal.

Cão Véio: gastropub / Foto: Fernando Moraes

O que primeiro chama a atenção do bar é a quantidade de tatuagens exibidas pelos garçons, garçonetes, barman, clientes e patrões. Sem essa fauna, o bar perderia muito de sua atmosfera.

Se Badauí dá expediente atrás do balcão do bar todas as noites, a presença de Fogaça se aparece nas receitas que ele criou. É comida substanciosa, em que diferentes variedades de carne são a base, muito bem preparadas, aliás.

Provei o pedigree, uma espécie de escondidinho de cabrito com queijo gratinado (talvez maçaricado). Custa R$ 18 a porção individual, que é pequena, mas como dizia minha vó Leonor, “sustenta”.

Em seguida, pedi um sanduíche de copa lombo com vinagrete de maçã (R$19). Para quem esperava algo gordo, me surpreendi com a extrema leveza da textura e do sabor. A carne estava desfiada e cozida na medida ideal.

Para beber, há cerca de quarenta rótulos de cerveja à venda. Eu estava a fim de tomar uma Duvel, mas os R$ 30 pedidos pela garrafa – no Mambo, você compra por R$ 13 — me fizeram migrar para uma Eisenbahn Strong Golden Ale (R$ 13) e depois para uma Rogue American Pale Ale (R$ 18).

É para esse capítulo das bebidas, portanto, que vai minha gongada: senti falta de uma ou duas opções de cerveja de garrafa que me custasse menos de 10 reais.

Mas no fim das contas e em complemento à pergunta feita pelo meu amigo lá no início desse texto, eu diria que o Cão Véio entrega o que promete: comida bem feita, bebida decente e um astral de pub bem legal.

Cão Véio. Rua João Moura, 871, Pinheiros, tel. (11) 4371-7433.

 

 

O melhor sanduíche do mundo


Pão, carne, repolho e maionese. Sem mais / Foto: Miguel Icassatti

Quando o Peru’s mudou de endereço, em 2007, do velho, acanhado e surrado salão na Rua Júlio de Castilhos para o megaponto na Rua Cajuru, eu choraminguei. O velho boteco do Belenzinho, em que eu comia o maior e melhor churrasco da minha infância, havia se tornado um restaurante enorme, com decoração mais moderna, serviço de bufê e estação de grelhados, mais ou menos como um daqueles restaurantes de estrada, tipo Graal.

Por isso, quando quero comer o melhor sanduíche do mundo, me acomodo no balcão logo à entrada e guardo uma distância respeitosa para o salão. Não consigo mais ver a chapa pelando de quente, a carne fritando, a fumaça mas fico de olho na boqueta, à espera do meu lanche.

Nesses últimos seis anos, voltei ao Peru’s umas três ou quatro vezes — menos do que gostaria — e, na real, pude constatar que naquilo que o Peru’s me é caro, que é fazer o melhor sanduíche do mundo, ele continua o mesmo, inigualável.

O melhor sanduíche do mundo compõe-se de pão francês crocante, contra-filé temperado, molho de repolho e maionese (R$ 13,60). Na versão completa, a do segundo melhor sanduíche do mundo, cabem ainda alface, queijo e tomate (R$ 15,70).

Felizmente, o meu sanduba continua o mesmo. Fui eu quem mudei, troquei o guaraná da infância pelo chopinho.

Peru’s. Rua Cajuru, 1164, Belenzinho, tel. (11) 2694-6861, http://www.perussandubas.com.br

 

Passeio iberopaulistano – parte II


Balcão do sancho Bar y Tapas / Foto: Cida Souza

Três dias depois da visita ao Tonel, fui finalmente conhecer o Sancho Bar y Tapas, que, ironicamente, fica a três quarteirões da minha casa. Para minha frustração, vi mais defeitos do que qualidades no bar.

O ambiente é festivo e faz lembrar o astral dos endereços do mesmo tipo encontrados, por exemplo, em Barcelona, em Sevilha e Madri. Outro ponto positivo da casa é a oferta de bebidas. A seleção de cervejas não é enorme, mas foge do trivial e tem preços honestos: Backer Pale Ale a R$ 9,90 e as espanholas Estrella Galicia e Estrella Damm Barcelona, respectivamente, a R$ 5,90 e R$ 8,90. Entre os drinques, o pisco sour, correto, custou-me R$ 18.

Decepcionei-me, porém, com dois dos três itens que selecionei do cardápio: as croquetas de jamón (croquetes de presunto cru, R$ 19 a porção com 6 unidades), por exemplo, tinham um recheio com gosto acentuado de maisena — fiquei procurando o sabor do jamón e não encontrei…

O rabo de toro con polenta (R$ 17), a meu ver, poderia ser descrito no cardápio como polenta com rabada, já que a quantidade de carne, desfiada, é mínima. E, se por um lado não notei nenhum defeito nas patatas bravas (R$ 12), por outro tenho de dizer que já provei melhores.

Sancho Bar y Tapas. Rua Augusta, 1415, Consolação, tel. (11) 3141-1956.