A propaganda é a alma do negócio

Alguns posts atrás o blog comentou o lugar comum das propagandas das marcas de cerveja brasileiras e, em contrapartida, deu exemplos de anúncios mais criativos produzidos para algumas cervejarias europeias.

Pois o Velho Mundo também produziu esse anúncio. Na minha viagem a Portugal entre junho e julho – sobre a qual pretendo contar aqui algumas experiências botecogastronômicas –, não resisti e fotografei o cartaz da foto abaixo (desculpem pela qualidade; sou péssimo fotógrafo e pior ainda com a câmera do celular).

Estava afixado num ponto de ônibus de Vila Nova de Gaia, no norte do país, região do Douro, terra do vinho do Porto. Em pleno verão português, com o sol de 37 graus na cachola, uma taça de vinho refrescante como é o vinho verde era tudo o que eu passei a querer ali, naquele exato momento em que caminhava entre as caves locais, à beira do rio Douro, no meio da tarde.

Dessa sede eu só viria a dar cabo, na verdade, na semana passada, quando me reuni para jantar com minha confaria no bar Academia da Gula.

Já escrevi aqui sobre esse grande bar, administrado pela portuguesa Rosa Brito, natural de Barcelos, e sua filha, Daniela. Fica na Vila Mariana e prepara um excepcional bacalhau cru desfiado com cebola e azeitona, um bolinho de bacalhau perfeito e – apenas sob encomenda – um ótimo cozido português.

Para começar os trabalhos, abri uma garrafa de Quinta de Azevedo (importado pela Zahil, R$ 46,00 no www.vinhoszahil.com.br) e coloquei as coisas no seu devido lugar.

 

Academia da Gula. Rua Caravelas, 374, Vila Mariana, tel. (11) 5572-2571.

A Rosa e o petisco de nome impublicável

Foto: Renata Ursaia

Quem quiser saber o que é hospitalidade, deve conhecer a Academia da Gula (Rua Caravelas, 374, Vila Mariana, tel. 5572-2571; 7h/23h; sáb., 11h/17h30; fecha dom.; http://www.academiadagula.com.br/), um boteco improvável, numa esquina improvável a um quarteirão da 23 de maio que, dependendo do horário, terá tráfego complicado — provável desculpa para desviar seu caminho e estacionar numa das mesas do bar.

Rosa Brito, portuguesa de Barcelos, é a dona da casa.

Ela recebe os fregueses — quando Lula ainda não havia se mudado para Brasília, consta que passava por lá; entre eles, também, não é raro encontrar algum comissário ou piloto da Air France, empresa que hospeda seus funcionários no hotel vizinho e que sugere a eles o boteco como referência culinária na cidade — e os fornecedores, atende as mesas, atua na cozinha, fofoca com a filha e conta histórias verdadeiras de seus patrícios, que são melhores do que piada, a quem quiser voltar para casa com algum caso engraçado. Importante, sua filha (Daniela), a Sônia (garçonete da noite) e a Ilda (a do dia) são espertas a ponto de saber que bom atendimento e simpatia, para quem é botequeiro, equivalem a uma saideira. Por isso, seguem o exemplo de Dona Rosa.

Já estive na Academia da Gula três ou quatro vezes. A mais recente delas foi na noite de sexta-feira, quando recebi um amigo de Recife, bom de copo, aliás. Você não deve sair de lá sem:

1. abrir os trabalhos com os bolinhos de bacalhau (pequeninos, moldados na colher, R$ 16 a porção com 12 unidades) e uma garrafa de cerveja;

2. provar a alheira, estourada na chapa quente com um pouco de azeite (R$ 13);

3. pedir uma porção de bacalhau cru desfiado no punho, com azeite, cebola e salsinha (na foto, R$ 35), cujo nome que consta no cardápio é impublicável a uma hora destas;

4. despedir-se da Dona Rosa com um ‘até breve’.