
Sampler, menu degustação da Cervejaria Nacional / Foto: Mário Rodrigues Jr.
Antes da implantação da civilizada lei anti-fumo, eu pensava duas, três vezes antes de chegar a um bar de ambiente fechado. Saudade zero daquele fumacê. A bem da verdade, a memória daqueles tempos ainda provocam em mim certa desconfiança, razão pela qual levei um tempo para conhecer a Cervejaria Nacional, em Pinheiros. Mas um convite do meu amigo Marco Santo Mauro, expert em vinhos, grande e exigente bom-de-garfo, acabou por me convencer a ir até lá. Saí de lá bem surpreso.
O bar ocupa um improvável prédio de três pavimentos no meio do quarteirão da Rua Pedroso de Morais, entre as ruas Cardeal Arcoverde e Teodoro Sampaio. No térreo ficam os tanques de fermentação e maturação dos cinco tipos de chope fabricados na casa. O primeiro andar, sob luz baixa, é uma espécie de corredor com mesas do lado esquerdo e um imenso balcão à direita, de onde é possível observar sacas de malte na produção da bebida. A quem tiver idade suficiente para se lembrar da finada Brewpub, na Rua da Consolação, fará um inevitável déjà vu. No andar superior avista-se a cozinha ao fundo, precedida de um salão mais iluminado e formal, eu diria, como um restaurante.
Leia também:
Venga! para São Paulo, venga!
O ovo da dona onça
A mais gostosa e divertida maneira de experimentar a cerveja produzida na casa é o sampler, menu desgustação que inclui doses de 160 mililitros dos cinco tipos fabricados ali e que custa justíssimos R$ 14,00: domina (weiss, de trigo), y-îara (pilsen), mula (india pale ale), kurupira (ale) e sási (stout). Como mostra a foto acima, os copos são apresentados sobre uma plataforma de madeira, em uma sequência baseada na densidade da cor da cerveja e com a sugestão que se deguste da esquerda (mais clara) para a direita (mais escura, stout).
Subverti a ordem de degustação e deixei por último a mula (india pale ale), de maior teor alcoólico (7,5%), aroma mais marcante, frutado e delicioso paladar amargo. Das cinco é, sem dúvida, a melhor. Gostei também da domina (weiss), turva, adocicada e bem refrescante. Mais leve de todas, a stout poderia ser um pouco menos aguada. O aroma de café torrado cria uma expectativa que o paladar não confirma. Ainda assim, como eu disse acima, pedir um sampler é bem divertido.
Chamou-me atenção também a gentileza e o preparo dos garçons e garçonetes, que prestam informações básicas sobre as cervejas da casa. Taí um exemplo a ser seguido pela concorrência.
Entre os comes, experimentei a alheira (R$ 18,00 a porção), a linguiça picante e a temperada com erva-doce (R$ 12,00 cada porção de 150 gramas), aprovadas! A rabada com agrião (R$ 32,00) decepcionou-me um pouco. Vem, ok, no ponto e bem temperada, mas servida sem osso, com a carne como que desfiada e prensada, em meio a uma polenta de textura rugosa demais.
Fiquei curioso para provar a porção de coxa de pato grelhada. Na próxima, certamente.
Cervejaria Nacional. Rua Pedroso de Morais, 604, Pinheiros, tel. (11) 3034-4863, www.cervejarianacional.com.br