No meio do caminho tinha três botecos

Bar da Lôra: o melhor do Mercado Central de BH

Bar da Lôra: o melhor do Mercado Central de BH

Este texto está sendo escrito e publicado com 26 dias de atraso, mas em se tratando de botecos belorizontinos, é sempre tempo de correr atrás do tempo perdido.

Minha visita mais recente a Belo Horizonte ocorreu no dia 26 de junho, quando fui acompanhar a semi-final da Copa das Confederações, a da vitória do Brasil sobre o Uruguai.

Pois bem. Uma vez que meu voo havia chegado por volta das 10 da manhã em BH, não consegui fazer o check-in no hotel antes do meio-dia. Aproveitei as duas horinhas livres daquela manhã ensolarada e segui para o Bar da Lôra, no Mercado Central, um dos meus botecos prediletos na cidade.

Ex-campeão do festival Comida di Buteco e quinto colocado na edição deste ano, o bar já estava cheio àquela hora. Motivos, na verdade, não faltam para que a freguesia cerque o pequeno balcão a que se resume o estabelecimento instalado numa esquina do mercado. O mais novo deles, ao menos para um forasteiro como eu, é o versão da lôra, tira-gosto que a casa inscreveu no festival. Compõe-se de linguiça, angu (polenta, para os paulistanos), carne de panela, jiló em conserva, mandioca cozida e um molho de linguiça que poderia muito ser oferecido sozinho, como um caldinho servido em copo americano rodeado por fatias de pão francês. Espetacular e com sustança suficiente para segurar a onda depois de uma megadose de cachaça Vale Verde e alguns copos de Original.

Durante o jogo, encontrei-me com Eduardo Maya, que vem a ser o melhor cicerone da cidade de BH. Não bastasse sua generosidade em receber a todos, foi ele quem criou, justamente, o Comida di Buteco. Uma vez mais ele surpreendeu, e desta vez não só a mim, mas também aos colegas paulistanos com que fui ao Mineirão — que, aliás, está mais lindo do que antes.

Bar do Véio: linguiça de arroz carreteiro, a invenção do ano

Bar do Véio: linguiça de arroz carreteiro, a invenção do ano

Seguimos, então, para o Bar do Véio, que fica escondido ali no bairro Caiçara, em um rápido desvio no meio do caminho entre a Pampulha (onde fica o Mineirão) e a região central. Ali tive a chance de degustar o que para mim, até o momento, é a invenção do ano: uma linguiça recheada de arroz carreteiro, que corresponde a 50% da porção tropa mineira. Os outros 50% são preenchidos com croquetes de mandioca deliciosos. A foto acima mostra bem o que é a linguiça de arroz carreteiro. É ou não é a invenção do ano?

Dali seguimos para o João da Carne, o terceiro e último botecaço do dia. Terceiro e último, convém dizer, porque o grau etílico da caravana paulistana foi vencido pela cerveja e pela soberba maciez da picanha servida pelo seu João, que atende ao público em companhia dos filhos.

João da Carne: orgulho do Carlos Prates / Fotos: divulgação Comida di Buteco
João da Carne: orgulho do Carlos Prates / Fotos: divulgação Comida di Buteco

Também contribuiu para que decidíssemos encerrar a noitada ali, a porção sonho de valsa, que reúne linguiça de carne de sol, linguiça de pernil, mandioca cozida no açafrão com creme de cebola, geleia e pimenta biquinho.

Em Beagá é assim. Sempre tem um boteco, ou dois, ou três, no meio do caminho.

Bar da Lora. Avenida Augusto de Lima, 744 loja 115, Mercado Central (saída Rua Santa Catarina), tel. (31) 3274-9409.

Bar do Véio. Rua Itaguaí, 406, Caiçara, tel. (31) 3415-8455.

João da Carne. Rua Sabinópolis, 172, Carlos Prates, tel. (31) 3462-4899.

BH + São Paulo = 24 horas de boteco neste sábado

Costelinha com molho de cachaça e rapadura acompanhada de pachá mineiro do Bar do Antônio (Pé-de-cana) / Foto: divulgação

Para falar a verdade nem é assim tão necessário arranjar um motivo especial para passar o sabadão entregue à boemia. Mas o dia de amanhã, 19 de maio, traz duas senhoras festas dedicadas à botecagem, uma em São Paulo, outra em Belo Horizonte – e cada uma delas com 12 horas de duração.

Em Beagá, os 41 botecos participantes da edição 2012 do festival Comida di Buteco – que chega a São Paulo em 1º de junho – vão participar da Festa de Saideira. A partir do meio-dia, eles vão servir os petiscos com os quais concorreram este ano, enquanto rolam os shows de Nando Reis, Monobloco e Aline Calixto. Ali pelo cair da tarde devem ser divulgados os botecos vencedores e seus tira-gostos maravilhosos. Vou faltar à festança desta vez, mas na terça-feira passada, durante um bate-e-volta à cidade, tive tempo de provar o prato de um dos concorrentes, o Bar do Antônio (Pé-de-cana), ali do Sion: uma deliciosa e úmida costelinha de porco assada com molho de cachaça e rapadura, acompanhada de pachá mineiro (queijo-de-minas empanado e frito). Faltou-me apenas uma dosezinha de cachaça para acompanhar – culpa do horário comercial…

Bolinho de bacalhau do Bar do Luiz Fernandes / Foto: Bob Paulino

Aqui em São Paulo, por sua vez, o anfitrião da festança é o Bar do Luiz Fernandes, que completa 42 anos. Dona Idalina e sua equipe devem estar neste momento trabalhando alucinadamente para dar conta de preparar os milhares de bolinhos e demais acepipes que serão servidos às 2.000 pessoas que devem se reunir, a partir das 16 horas, no Moinho Eventos (os ingressos estão esgotados). Além do lançamento do divino (um petisco feito com camarão) e de apresentar um cenário que remete ao Nordeste, em honra ao centenário de Luiz Gonzaga, o evento terá shows de Arlindo Cruz, Reinaldo, Neguinho da Beija-Flor e Dudu Nobre, entre outras 14 atrações divididas em dois palcos.

Menos pela música e mais pelos petiscos e a celebração de 42 anos, sim, eu estarei lá.

Saideira do Comida di Buteco 2012. Largo da Saideira (altura da Avenida Cristiano Machado, 3450, ao lado do Minas Shopping). 12h/0h. R$ 140,00. www.comidadibuteco.com.br.

Bar do Luiz Fernandes – 12 horas de boteco. Moinho Eventos (Rua Borges de Figueiredo, 510, Mooca). 16h/4h. R$ 150,00 (ingressos esgotados). http://www.bardoluizfernandes.com.br.

Junho de 2012: Comida di Buteco em SP!

Eduardo Maia (à esq.) e seus sócios: agora em São Paulo Foto: Leo Drumond/ Agência Nitro

 

Podem preparar seus paladares e sistemas digestivos: o festival gastronômico Comida di Buteco, que surgiu em Belo Horizonte e hoje está espalhado pelo interior do estado e capitais como Rio de Janeiro, Salvador e Goiânia, vai chegar a São Paulo em 2012.

Segundo Eduardo Maia, empresário e criador do festival, os paulistanos poderão escolher os melhores entre os melhores botecos de São Paulo no período de 1º de junho a 1º de julho.

Maia e sua equipe, aliás, já estão visitando anonimamente potenciais estabelecimentos candidatos.

11 botecos em 4 horas

Bar do Zezé: campeão de 2011 Fot: divulgação

Eu sabia que a tarefa não seria fácil: provar, em uma única tarde, o maior número de petiscos diferentes entre os bares concorrentes do Comida di Buteco 2011, reunidos no domingão durante a festa de Saideira do festival, em Belo Horizonte.

A tarefa se transformaria em uma missão quase impossível quando, a caminho do evento, fui interceptado por um telefonema de uma prima, convidando-me para um churrasco de família. Não tive como negar o convite, muito menos como dispensar os cortes que meu primo ia tirando da churrasqueira.

O fato é que a saideira da Saideira do Comida di Buteco – festa que começou no sábado – me esperava. Esta foi a terceira vez, em doze edições, que participei do evento. Comparada com as de 2006 e 2009, foi a mais bacana e bem organizada.

Os donos dos 41 botecos participantes, que tiveram de criar petiscos com ao menos um de uma lista de onze ingredientes típicos do Norte de Minas Gerais, mandaram muito bem no sabor e na apresentação de seus pratos. Não faltou cerveja gelada e no fim da festa havia táxi na porta, com preço cobrado de acordo como que marcava o taxímetro. Nada do péssimo hábito dos taxistas paulistanos de estorquir os passageiros com tarifas fechadas, como acontece nos garndes eventos – lembram-se do show do U2?

Muito bem: das 4 da tarde às 8 meia da noite, quando parei de provar os tira-gostos para acompanhar o anúncio dos vencedores do festival, consegui degustar 11 porções de petiscos diferentes. Tive sorte na minha seleção porque escolhido, entre eles, as sugestões do Bar da Lora, vencedora no ano passado e 3º lugar este ano, e do grande campeão, o Bar do Zezé.

Dá uma olhada na lista, pela ordem que os petiscos foram degustados:

1. Café Palhares – bolinho de carne de sol com molho, farofa de pequi e maionese

2. Köbes – carne de porco à moda, vinagrete de feijão andú e farofa de alho

3. Bartiquim – panhoca (pão italiano), creme de milho verde, carne de sol em cubos puxada na manteiga de garrafa acompanhada de requeijão do Norte, parmesão e salsinha

4. Bar Temático – carne de sol, jerimum, requeijão do Norte, vinagrete de conetro, queijo de manteiga e manteiga de garrafa

5. Bar da Leninha – pé de porco desossado e recheado com carne-seca e molho de pequi

6. Buteco do Filho – carne de sol na brasa com rapadura, bolinho de feijão andú recheado com requiejão escuro

7. Família Paulista – charque na manteiga de garrafa, creme de abóbora com gorgonzola e gengibre mais mandioca cozida e assada

8. Bar da Lora – carne de sol, linguiça defumada, mandioca na manteiga de garrafa, requeijão do Norte, molho de siriguela, melaço de rapadura e farinha de pequi

9. Bar do Zezé – músculo cozido, feijão andú, calabresa, bacon e mandioca amarela na manteiga de garrafa

10. Barção Moreira – carne de sereno de boi e de frango refogados na rapadura caramelada com farofa de pequi e creme de siriguela

11. Cantina da Ana – bolinho de crane de sol com molho acompanhado de farofa de pequi e maionese

Não foi pouca coisa, pois não me limitei a uma garfada ou espetada, nem dispensei a companhia da cerveja.

O melhor de tudo é que me pesei na manhã desta terça-feira e não ganhei um quilo sequer.

Quem disse mesmo que cerveja com petisco engordam?

Leia também post sobre o Bar da Lora, de outubro de 2010.