Um outro dia, também no Pomodori Wine Bar

O Pomodori Wine Bar nasceu em 2006 já com seu lugar garantido entre os melhores de São Paulo. Definitivamente não é um bar em que o cliente vá gastar pouco. Mas os embutidos e o queijo que ele come e os vinhos que ele bebe ali são de primeira.

Ano passado teve sua capacidade ampliada para ainda exclusivos 35 lugares, incorporou o jazz ao seu nome, Pomodori Wine Jazz Bar, já que passou a ter apresentações ao vivo, e das boas.

Tornou-se, então, um bar completo: tem ótimo ambiente, ideal para ir sozinho, sim, sozinho, ou a dois; ótimo cardápio, ótima bebida e ótima música. E tem, já, ótimas histórias.

Como aquela farra que aconteceu num dia de junho do ano passado, logo após a conquista de Jeferson Rueda, um dos chefs da casa, como o melhor chef em eleição da revista Prazeres da Mesa.

O bar tinha ainda a configuração antiga, não havia o jazz no nome. Era capaz de acolher quinze fregueses apenas em volta do balcão mas, das 22h até as 3h, 4h da manhã, passaram pelo menos umas quatro ou cinco dezenas de pessoas por ali, convocadas de última hora, entre elas o primeiríssimo time da gastronomia paulistana.

Essa gente toda ia se acomodando do jeito que dava, abraçava o anfitrião, pegava sua taça, bebia e se juntava a um desafinado coral para acompanhar um trovador que, ao violão, tocava o que cada um pedia e sabia cantar.

Alex Atala, Benny Novak, Emmanuel Bassoleil, Cássio Piccolo, Norberto D’Oliveira, Manoel Beato, Bel Coelho, Erick Jacquin, Ricardo Bohn Gonçalves, Rodrigo Martins eram alguns dos tenores e contraltos presentes.

Não se sabe quantas garrafas de vinho – italiano, apenas – e de espumante foram consumidas naquela noite, mas em nenhum outro lugar do mundo, àquela hora, acontecia uma festa como aquela. E era só segunda-feira.

Um jacaré que bebe vinho

No fim do ano passado o Jacaré Grill, um dos bares mais tradicionais da Vila Madalena, lançou sua carta de vinhos. Escrevi um post sobre a novidade de então.

Não hesito em reafirmar que a iniciativa foi uma bem-vinda abertura de fronteiras entre os mundos da baixa gastronomia (representado pelo boteco em questão) e o da gastronomia refinada, no caso, o dos vinhos.

Como bem notou uma leitora deste blog num post que fiz na semana passada, a harmonia entre vinhos e comida de boteco não é nenhuma novidade, ao menos em países como Itália, França, Espanha e, até mesmo, na Argentina.

Lembro-me que em 2004, quando estive em Buenos Aires, fiquei impressionado com o fato de que uma taça de um bom vinho era mais barata do que uma garrafa de una gaseosa (um refrigerante).

Por que o mesmo não acontece aqui? Os corações e as mentes dos empresários do setor ainda precisam mudar bastante já que, muitas vezes, paga-se mais em um bar por uma garrafa de um vinho em geral medíocre do que em um restaurante que tem sommelier, adega climatizada e copos adequados.

As casas do grupo Rubaiyat, o Varanda Grill e até mesmo o Totò, entre outros exemplos de restaurante, cobram por uma garrafa quase que o preço que pagam na importadora. Ganham pouco por rolha, mas lucram no cardápio e ainda difundem o gosto pelo bom vinho.

E o “maior de idade” Jacaré segue na mesma direção. Depois de montar a carta de vinhos, o enófilo Ricardo Bohn Gonçalves volta à casa para fazer a harmonização entre vinhos e comida de boteco.

Na terça, 11, e na quinta, 13, às 20 horas, o jantar-degustação conduzido por Bohn Gonçalves terá duas entradas (pasteizinhos e a lingüiça com molho de maracaujá), dois pratos (carré de cordeiro e picanha) e uma sobremesa (pudim de leite). Cada um desses itens será acompanhado por um vinho diferente.

Para se inscrever é preciso telefonar para (11) 3676-1781 e pagar R$ 105,00. O valor inclui também água e serviço.

Jacaré Grill. Rua Harmonia, 321, Vila Madalena, tel. (11) 3816-0400.