Não sei de quem foi a ideia, mas ela é genial: hoje termina no Rio de Janeiro o 1º Seminário Internacional do Bar Tradicional, que discute, entre outros assuntos, a história, o clima e o espaço dedicado aos botequins. O apocalíptico tema “Crise atual e estratégias de preservação” vai fechar o evento nesta tarde, que acontece na Estudantina (Praça Tiradentes, 81, centro).
Calma, gente, vamos tomar uma gelada? Não sei qual será a conclusão dos debatedores, mas os bares tradicionais não estão em crise nem no Rio nem em São Paulo ou em qualquer outro canto do país. Uns morrem, é verdade, outros nascem já clássicos, outros sobrevivem por décadas. Assim é a vida, certo?
Tanto não há crise, graças a Gobbo, o anjo protetor dos bares, que doze endereços tradicionais do Rio de Janeiro passam a ser considerados Patrimônio Cultural da Cidade, de acordo com decreto assinado na abertura do seminnário, ontem, pelo prefeito Eduardo Paes. Os mais jovens da lista estão na ativa desde a década de 1930! São eles:
Café Lamas (viva o filé à oswaldo aranha!), Bar Luiz (chopinho e salsichão, que combinação!), Nova Capela (cabrito na madruga), Restaurante Pastoria, o “28” (mais cabrito), Casa Paladino (e sua omelete de bacalhau), Adega Flor de Coimbra (b’linhux d’ b’c’lhau!), Armazém Senado (tremoço e azeitona pra acompanhar a cerveja), Bar Brasil (chope centenário), Bar Lagoa (que lindo!), Cosmopolita (aqui o embaixador do Brasil nos EUA Oswaldo Aranha inventou o… filé à oswaldo aranha), Armazém São Thiago (e aquela polpetta, hein?) e Adega Pérola (sushi de português, isto é, sardinha marinada e enrolada).
Pois terá meu voto nas eleições municipais paulistanas de 2012 o candidato honesto, capaz, comprometido com o ideal de fazer de São Paulo uma cidade melhor e que tiver ideia semelhante a essa dos cariocas, ou seja, de valorizar os botecos e restaurantes mais antigos e tradicionais como um Patrimônio Cultural local. Para dar uma mãozinha, vai aqui a minha lista, também com 12 indicados e seu respectivo ano de abertura. Como critério de seleção, além de minha preferência pessoal, adotei a idade: Todos são mais velhos do que este blogueiro.
1. Bar do Alemão (1968), sanduba de rosbife, samba e choro à paulistana.
2. Bar do Vito (1942), roll-mops (sardinha na salmoura) e cerveja.
3. Bar do Luiz Fernandes (1970) e os bolinhos de carne e de bacalhau feitos pela Dona Idalina.
4. Bar do Luiz Nozoie (1962) e as cervejas mais bem geladas da cidade.
5. Elídio Bar (1973), o balcão de petiscos merece um tombamento à parte. Mas eu quero a versão antiga do bar de volta!
6. Estadão (1968), o melhor sanduíche de pernil deste lado do universo.
7. Frevo (1956), depois do cinema, sempre.
8. Jabuti (1967). Polvo à vinagrete e estamos conversados.
9. A Juriti (1957). Rãs e batidas de coco.
10. Léo (1940), o chope. O bolinho de bacalhau. As manhãs de sábado. E seus descendentes Barão e Amigo Leal.
11. Moraes (1929) e seu filé.
12. Pé Pra Fora (1970), a melhor varanda e o melhor filé aperitivo.
13 (…putz, errei na conta!). Valadares (1962), batata serragem e cerveja para fazer descer os testículos de boi.
E para você, que boteco mereceria o título de Patrimônio Cultural paulistano?