A dona da praia

Maria Nilza: o restaurante pé-na-areia / Foto: Miguel Icassatti

De volta ao tema Sul da Bahia na baixa temporada, preciso falar da Maria Nilza e de Guaiú.

Guaiú é uma vila que fica a 17 quilômetros do cais da balsa que liga Santo André a Santa Cruz Cabrália, mais um dos pedaços de litoral nos arredores de Porto Seguro que, felizmente, segue ignorado pela maioria da turba que lota a região na alta temporada. O acesso é fácil, pela BA-001, estrada que presenteia motorista e passageiros com um cenário repleto de coqueiros, ora uns platôs, ora campos encharcados em primeiro plano. De tombo, a praia (4 estrelas pelo GUIA QUATRO RODAS) tem areia clara e o Rio Guaiú desembocando no meio da enseada, formando umas lagoinhas bem legais para o banho. Um sossego só, sem frescuras nem nada que se pareça com aquele pseudoluxo artificial de praias como as Jurerês da vida.

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Nascida em Vitória da Conquista (BA), Maria Nilza Rosa Soares é a proprietária de um delicioso restaurante pé-na-areia ali em Guaiú (basta seguir as placas na estrada que será moleza encontrar o local). Em seu Restaurante Maria Nilza, Maria Nilza serve moquecas e pescados preparados, veja só, no forno a lenha (uma levíssima moqueca de peixe sai a R$ 55,00 para duas pessoas). Convém, aliás, encomendar o prato do almoço – a casa fecha às 4 da tarde – assim que se chega ali e definir o horário da refeição, que será servida pontualmente. Para segurar o apetite, vale muito a pena encarar a porção de pasteis de siri (R$ 12,00 com quatro unidades).

Estar em companhia de Maria Nilza, sim, é um luxo. O capricho na decoração da casa – do salão, uma espécie de cabana com teto de palha, aos quiosques e o deque, onde a única coisa que vai passar pela sua cabeça é a vontade de refestelar-se numa daquelas cadeiras e espreguiçadeiras com almofadas forradas de chita – e também no serviço de mesa denotam a atenção que a anfitriã dedica a quem chega ali.

Sair de lá, por fim, sem bater um papo nem tomar uma canequinha de chá feito com as ervas colhidas no jardim do restaurante será uma baita desfeita com Maria Nilza e um desperdício com você mesmo.

O sul da Bahia, na baixa, é o paraíso

Pelo segundo ano consecutivo viajei ao sul da Bahia, coincidentemente, no terceiro fim de semana do mês de agosto. Enquanto os termômetros em São Paulo marcavam temperaturas de um dígito, nos arredores de Porto Seguro, ao sul e ao norte, à sombra eu tinha uns 27 ou 28 graus. De modo que no sábado e no domingo, mesmo à noite, não precisei dispor da malha que havia colocado na mala, por garantia. Bem, as fotos deste post dão uma ideia de como tem sido o inverno naquele pedaço que vai de Trancoso a Guaiú.

Antes de passar à fotos, o que eu quero mesmo dizer é que esta é a melhor época para viajar a este trecho do litoral baiano, que conheci nos primeiros dias de 1995 e ao qual voltei quase duas dezenas de vezes, em quase todos os meses do ano.

E por que é esta é a melhor época? Aqui vão meus argumentos:

1. Por ser baixa temporada, os preços de passagens aéreas e das pousadas e hotéis são mais em conta. Desconfio que se tivesse ficado em São Paulo, o fim de semana teria me custado a mesma coisa.

Rio Buranhém, balsa entre Porto Seguro e Arraial D'Ajuda, sábado, meio-dia

2. No caso específico das passagens, é um bom momento também para quem adere aos programas de milhagens, já que os tíquetes podem ser emitidos em troca de uma pontuação menor. Em 2010, por exemplo, o bilhete Guarulhos-Porto Seguro-Guarulhos, pela TAM me custou 4.000 pontos. Desta vez, pela Gol, desfiz-me de 3000 milhas mais 250 reais pelos mesmos trechos. O avião decolou de Guarulhos às 22h45 de sexta e às 2 da manhã eu estava no hotel.

Praia do Rio Verde, Trancoso, sábado, por volta das 2 da tarde

3. Nesta época, até mesmo as pousadas e hotéis mais caros reduzem bem o preço das tarifas. O resort Costa Brasilis, por exemplo, tinha quartos a partir de R$ 220,00 a diária (no Booking.com). Como meu voo de volta a SP estava marcado para às 18 horas de domingo, resolvi ficar hospedado em Porto Seguro mesmo. Fui pão-duro, resolvi seguir a dica do Guia Quatro Rodas e hospedei-me no Estalagem Porto Seguro, um hotelzinho que fica num casarão colonial tombado pelo Patrimônio Histórico, numa rua tranquila. Silencioso, o hotel teve apenas três quartos ocupados no fim de semana (contando com o meu). Por cada diária desembolsei R$ 80,00. Fraquinho era apenas o café da manhã mas, convenhamos, por esse preço, eu não poderia exigir muito. Acredite, caro leitor, gastei R$ 6,00 a menos em cada diária em comparação com 2010, quando fiquei duas noites na Pousada Água Marinha, no Arraial D’Ajuda, a 100 passos do mar. 

Praia do Rio Verde, mais uma

4. Os preços nos restaurantes, nos bares e mesmo nas cabanas pé-na-areia também são mais em conta, mesmo lá para os lados de Trancoso.

Praia de Taípe, Arraial D'Ajuda, sábado, 4 da tarde

5. A fila para a balsa entre Porto Seguro e Arraial D’Ajuda e de Santa Cruz Cabrália a Santo André praticamente não existe, o que é um bênção para quem tem pouco tempo. 

Praia de Taípe, Arraial D'Ajuda, sábado, 4 da tarde ( outro lado da praia, só para não deixar dúvidas)

6. Seus ouvidos são poupados de todo tipo de axé music, dança disso e dança daquilo.

Praia de Guaiú, no distrito de Santo André, domingo, 1 da tarde

7. As férias de julho, meia estação, já passaram e os feriados do segundo semestre ainda estão longe. Isso significa uma coisa só: praias vaziinhas da silva, só para você.

Balsa entre Santo André e Santa Cruz Cabrália, domingo, 4 da tarde

8. Por fim, o fato de ser inverno não impede que se desfrute de temperaturas agradáveis tanto na areia quanto no mar. De quebra, um bom mergulho e um pedido de bênção a Iemanjá te fazem voltar a São Paulo com a cabeça zerada.

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