Um boteco hardcore

O que aconteceu com os velhos punks? Jão, guitarrista do Ratos de Porão, ao menos, tornou-se sócio de um bar, o Underdog, que é um baita de um bar, embora pequeno, em Pinheiros. Reproduções de cartazes de turnês do R.D.P. cobrem as paredes.

Está enganado quem pensa, porém, que Jão posa de patrão. Ao contrário, posta-se do lado de lá do balcão, serve doses dos bebes (17 reais a de uísque Jack Daniel’s) e dá uma força ao parceiro que administra a parrilla.

Da parrilla, é bom dizer, sai 100% do que há para comer: carnes bem churrasqueadas e sem frescuras, à moda argentina. Para começar, vale pedir um choripan (pão com linguiça, 9 reais). Gostei muito do skirt (entranhas bovinas, 25 reais), assado na medida certa, servido com pão francês fatiado, e também do hambúrguer, que é feito com costela (20 reais, mais 2 reais com bacon e mais 2 reais com queijo).

Pequeno, o salão comporta duas ou três mesas e mais duas banquetas, razão pela qual muita gente se acomoda nas outras poucas mesas armadas na calçada. O modus operandi do freguês é mais ou menos este: entrar, olhar os preços na parede, fazer o pedido, pegar uma cerveja (Duvel, 22 reais; Dundee e Vedette, 19 reais cada uma), deixar o nome com o garçom e dar um tempo do lado de fora.

O bônus para quem consegue um lugarzinho lá dentro é o som, cuja seleção em geral tem a mão de Jão, é claro. Na noite em que estive lá, rolou de Rush a Smiths e Nick 13.

Punk, sim. Radical, não.

Underdog. Rua João Moura, 541, Pinheiros. Abre de quinta a sábado, das 18h às 23h.