Os novos e os clássicos drinques no SubAstor

 

Não sei quanto a você, mas na minha opinião a dobradinha Astor e SubAstor é o bunker perfeito para a temporada de noites frias. A combinação entre boa cozinha, salões e balcões invariavelmente floridos e coquetelaria respeitável é matadora.

Tenho sentido falta das caipirinhas do Tarcísio, barman que foi promovido a gerente do Pirajá (bar que pertence aos mesmos donos do Astor) do Morumbi Shopping) e que de vez em quando trazia de suas férias na Zona da Mata mineira boas garrafas de cachaça.

Em compensação, Neto, que atendia no SubAstor, subiu para o balcão do Astor e tem segurado a bronca com louvor: mandou muito bem no negroni e no manhattan que pedi.

Estive lá na semana passada e pude conferir um dos 20 novos drinques criados pelo barman Fabio La Pietra para o Sub. O apelo desses novos birinaites é a experiência sensorial. Foram reunidos num menu coquetéis que aguçam os sentidos — caso de uma receita servida em taça de prata, que estimularia o tato.

O frappê à la negroni (foto) é uma releitura do clássico da coquetelaria internacional, cuja base mescla vermute tinto com gim. Aqui é misturada a com creme, ganha um paladar levemente adocicada e é servida numa taça de frappé. Sai por 28 mangos.

Não achei ruim, para falar a verdade, mas não fiquei tão empolgado com as novidades.

Num símbolo da boemia paulistana, como é o caso do Astor e de seu adendo Sub, prefiro ficar com a segurança dos clássicos.

Astor e SubAstor. Rua Delfina, 163, Vila Madalena, tel. (11) 3815-1364, SãoPaulo, SP

Bar e bola

artilheiros-01

 

Hoje em dia, na impossibilidade de estar na arquibancada ou na numerada, tenho preferido o sofá da sala na hora de assistir a jogos de futebol.

Dia desses, na impossibilidade de estar no estádio — era Wembley, no caso — e no sofá de casa, pois uns amigos gringos queriam ver àquela partida em um bar, fui ao Artilheiros Bar.

Dois fatores fazem do Artilheiros uma boa opção para quem gosta de juntar futebol e bar:. 1. a bela coleção de capas de PLACAR reproduzidas nas paredes, como a da foto acima (edição n. 263, de abril de 1975); 2. os dois telões, que permitem que o freguês/torcedor acompanhe o desenrolar dos jogos à distância.

Quando começamos a falar de cardápio, a coisa muda um pouco. A porção de pasteizinhos (R$ 17,00 com dez unidades) é apenas razoável, assim como o espetinho que pedi (de linguiça, R$ 6,00, que veio um tanto frio à mesa).

Entre as bebidas, tudo nos conformes: Original bem gelada (R$ 8,50 a garrafa) e caipirinha bem feita (R$ 17,00, com cachaça Nega Fulô).

Um alerta: grupos tocam samba e pagode no fundo do salão, que não tem tratamento acústico adequando. Haja tímpanos.

Artilheiros Bar. Rua Mourato Coelho, 1194, Vila Madalena, tel. (11) 2922-0314, http://www.artilheirosbar.com.br.

 

Sabiá desafinado

Sabiá: nem tão bom, nem tão ruim / Foto: Mario Rodrigues

Sabiá: nem tão bom, nem tão ruim / Foto: Mario Rodrigues

Dias atrás, fiquei no trabalho até mais tarde para evitar, na volta para casa, os transtornos decorrentes de mais uma manifestação na Paulista. Bateu a fome e tive de caçar algum bar com a cozinha aberta depois da meia-noite.

Eu não voltava ao Sabiá desde 2008, 2009, por aí. O salão vivia vazio, até que, de fato, fechou. O bar foi reaberto em 2011 e desde então uns amigos vinham comentado que, agora sim, o bar estava enchendo, legal e tal, e resolvi passar por lá.

O apetite, dizem, é o melhor cozinheiro. Mas convém não abusar de sua boa vontade, certo?

Pois é. Cheguei com fome e com sede e logo pedi um chope (bem tirado, R$ 5,50) e um pastel de camarão (gostoso, bem recheado, R$ 8,00).

Com o estômago já tranquilizado, relaxei e pedi uma dose de Claudionor (R$ 6,30), mais um sanduíche de bife à milanesa com rúcula (R$ 20,00).

Mas errei feio na pedida. E o bar desafinou legal na produção do sanduba. A começar pelo pão, que veio um pouco murcho. Para mim, se estiver 0,1% murcho, já é razão para reprovar. Com pão eu não brinco. E o recheio, confesso, me decepcionou. Faltou sal, tempero, sabor. Não valem os R$ 20,00 cobrados.

Antes de ir embora, tive tempo de flagrar algo que não gostaria. Eu estava aguardando pela nota fiscal, no caixa, quando vi um garçom devolvendo um copo de caldinho de feijão para o cozinheiro. O freguês havia reclamado da temperatura. Em vez de servir uma porção nova, aquecida, direto da panela, o que fez o cozinheiro?

Mandou pro microondas. Imperdoável.

Sabiá. Rua Purpurina, 370, Vila Madalena, tel. (11) 3032-1617.

 

Breja e bistrô

Coxinha de rabada: para abrir os trabalhos / Foto: Fernando Moraes

Expert em cervejas, consultor de pubs e chef de cozinha, o australiano Greigor Caisley é a  cabeça, o coração e os braços que comandam o agradabilíssimo Twelve Bistro, aberto cerca de um ano atrás num pedaço ainda imune ao costumeiro fuzuê que toma conta da Vila Madalena.

Para os dias e as noites mais quentes, vale a pena fincar a bandeira na varanda, embora o salão interno, decorado com recortes de um suplemento de culinária de um dominical australiano, seja bem aconchegante, escurinho, bom para ir a dois.

Há doze anos em São Paulo e com a experiência de quem trabalhou em restaurantes londrinos, no Buffet Ginger (de Nina Horta) e no Drake’s Pub, Greg, como todos o chamam, deu, sim, atenção à cozinha sem descuidar da oferta de cervejas na carta de bebidas.

Há cerca de 100 rótulos na lista, importados de uma dúzia de países e de variados tipos. O chope Bamberg Pilsen, produzido em Votorantim (SP), por exemplo, sai a R$ 5,00. A garrafinha de 330 mililitros da fantástica strong golden ale belga Duvel custa R$ 22,00 e a La Trappe Triple, produzida na Holanda, vale R$ 52,00 (750 mililitros).

As cervejas, aliás, são usadas na receita do fish’n chips (robalo frito em massa de cerveja com batata frita, R$ 36,00) e de sobremesas, a exemplo petit gateau com sorvete de Guinness (R$ 14,00), extremamente doce, e do pudim de pão com sorvete de cerveja de frutas vermelhas (R$ 12,00).

No almoço de hoje, eu e dois amigos abrimos os trabalhos com a deliciosa coxinha de rabada e o pastel de cordeiro ao curry e chutney de manga (R$ 16,00 cada porção). Entre os pratos principais, as três pedidas foram aprovadas: bife ancho com batatinha ao murro e mostarda de Dijon (R$ 38,00), robalo em crosta de castanha e coco com purê de banana da terra e molho de gengibre (R$ 42,00) e a fraldinha com purê de batata, uma das opções do menu de almoço da São Paulo Restaurant Week (R$ 31,90, com entrada e sobremesa), evento que termina no domingo, 16.

A quem pensa em aproveitar o último fim de semana do evento, taí uma boa sugestão.

Twelve Bistro. Rua Simão Álvares, 1018, Vila Madalena, tel. (11) 3562-7550, http://www.twelvebistro.com.br.

Venga! para São Paulo, venga!

Venga! em Ipanema, Rio / Foto: Leo Martins

Ontem à noite, durante a festa de 15 anos do bar Original, Edgar Costa contou ao blog em que pé estão os preparativos para a inauguração da filial paulistana do Venga!, bar de tapas carioca aberto em 2009 na Rua Dias Ferreira, no Leblon, e que no fim de 2010 ganhou uma unidade em Ipanema.

Edgar é um dos sócios da Companhia Tradicional de Comércio, que comanda, além do Original, o Pirajá, as pizzarias Bráz e Quintal do Bráz, a Lanchonete da Cidade e o Astor. Recentemente o grupo associou-se aos proprietários do Venga! para, enfim, dar cabo ao plano de abrir um bar de tapas legal em São Paulo. “Desta vez fizemos o caminho inverso”, diz Edgar, com o knowhow de quem exportou para o Rio as marcas Bráz e Astor. “Nenhum dos bares de tapas recentemente abertos em São Paulo se compara ao que os meninos do Venga! fizeram no Rio, no que diz respeito, por exemplo, à qualidade da comida”, completa.

As obras estão em pleno andamento. A casa tem previsão de abertura para o fim do mês de outubro, na Vila Madalena, no imóvel que fica de frente para o Astor, na esquina das ruas Turí e Delfina. “Estamos estudando alguns fornecedores, mas a princípio vamos replicar aqui o cardápio das casas do Rio, que está redondinho”, antecipa Edgar.

Que vengan, então, os pinchos, as sangrias, o polvo com batat e páprica picante e outras tapas!

Leia também:
A Mooca faz bem

Um breve balanço da primeira semana de 2011

Le Jazz / Foto: Cida Souza

Aos poucos, os bares e restaurantes da cidade vão retomando suas atividades após a merecida pausa de fim de ano. De quarta à noite ao almoço de hoje, passei por três lugares. Aqui vão minhas primeiras impressões gastronômicas de 2011:

Seu Domingos (Rua Fidalga, 289, Vila Madalena), quarta-feira à noite: este bar, inaugurado no finzinho de 2010, pertence ao empresário Flavio Pires, que legou à Vila Madalena endereços lendários como o Santa Casa e o Quitandinha, que passa por bom momento. Já a nova casa, aberta na esquina das ruas Fidalga e Aspicuelta, ainda não decolou. Tomei algumas garrafas de Serramalte (R$ 7,00) e provei proções absolutamente triviais, como a dos massudos bolinhos de arroz com gorgonzola e a de linguiça na chapa.

Così (Rua Barão de Tatuí, 302, Santa Cecília, http://www.restaurantecosi.com.br), jantar de quinta-feira: coincidentemente, decidi passar por lá justamente no dia em que o restaurante estava reabrindo. Notei que os preços subiram, em comparação com a visita mais recente, se não me engano em outubro. O polpettone está melhor do que antes. Já o agnolotti de cordeiro pareceu-me pesado demais. Ainda hoje pela manhã eu conversava com o prato.

Le Jazz (Rua dos Pinheiros, 254, Pinheiros, http://www.lejazz.com.br), almoço de hoje: salão incrivelmente cheio na primeira sexta-feira do ano – ainda bem que meu amigo havia feito reserva. Cheguei ávido para provar a porção de moulles et frites (mexilhão com batata frita), mas o garçom disse que só estaria disponível para o jantar. Tudo bem, a bisteca de porco com molho de cogumelos, brócolis e purê de batata recompensou.

E hoje à noite, o que vai ser?

Pizzas à gaúcha e piadina à paulista

Neste fim de semana chega às bancas do Rio Grande do Sul e às mais importantes de outras regiões do país, a edição 2010 de VEJA PORTO ALEGRE “Comer & Beber”, da qual participei como editor.

Vamos apresentar nessa publicação cerca de 560 endereços da grande Porto Alegre, entre restaurantes, casas de comidinhas e bares.

Porto Alegre, aliás, é berço de alguns dos botecos mais fantásticos do país. A Cidade Baixa – a Vila Madalena de lá – reúne lugares históricos e símbolos da boemia gaudéria, lado a lado com casas cheias de novidades e modismos. Esses lugares devem, portanto, ser percorridos sob inspiração da movida madrileña. Ou seja, a pé, com paradas em quantos bares você aguentar, nem que seja para um traguinho só.

Dias atrás, enquanto editava os textos da revista, percebi algo curioso. Muitos botecos portoalegrenses sugerem como petisco principal as suas versões para a napolitaníssima receita de pizza, assim como do sanduíche aberto no prato.

Será influência da cultura italiana, tão notável na culinária gaúcha? Sobre essa presença, convém dizer, o grande legado é a profusão de galeterias, casas especializadas em servir o galeto al primo canto, sempre cercado de massas e outros acompanhamentos.

É interessante notar, quando se pensa em petiscar, essa diferença nos costumes boêmios nas diferentes regiões do país. Se em São Paulo estamos mais acostumados a pedir porções ou unidades de bolinhos, croquetes etc., ao longo dos anos reparei que em Belo Horizonte, por exemplo, a moçada é chegada em tira-gostos com molhinhos, ensopados, daqueles em que se mergulha um pedaço de pão. O Rio de Janeiro exportou a ideia do balcão de petiscos, pra gente se servir. Mundo afora, e já que citei Madri, tem coisa mais legal que fazer uma degustação de tapas e pinxos tipicamente espanhóis?

Pois é, como aqui em São Paulo lugar bom pra comer pizza é mesmo a pizzaria – ou, no máximo, um balcão de padoca –, não me lembro de ver uma sugestão de redonda no cardápio de nenhum boteco, exceção feita também aos pizza-bares. (Não me lembro, não quer dizer que não exista.)

Mas como em São Paulo há de tudo um pouco, outro dia voltei ao Vianna, em Pinheiros, e entre trouxinhas de camarão, espetos de cafta etc, acabei pedindo uma piadina de mussarela com alecrim.

Piadina é uma espécie de pizza (há quem diga que é um tipo de pão…) de massa ultrafina, crocante, esticada e assada sobre uma chapa ou frigideira, de preferência. Nessa massa vão apenas farinha de trigo, sal e banha de porco ou azeite de oliva. As coberturas podem variar.

Embora eu não tenha encontrado registros, é inegável a semelhança entre a piadina – originária da região italiana da Emília-Romagna – e a pizza.

Para acompanhar uma garrafa de vinho e engatar um bate-papo sem hora para terminar, numa noite friazinha como a de hoje, ela vai muito bem.

Vianna. Rua Cristiano Viana, 315, Pinheiros, tel. (11) 3082-8228.

Desserviços de manobristas

Acostumado a deixar R$ 15,00 separados na carteira para pagar pelo serviço de manobrista nos bares da região da Vila Madalena e de Pinheiros, fiquei surpreso por ter gastado “apenas” R$ 10,00 na noite de ontem n o restaurante Le Jazz Brasserie.

O Le Jazz Brasserie, é bom dizer, está bombando há quase dois meses, desde que foi inaugurado em dezembro. Por seu ambiente, cardápio e estilo de serviço, arrisco dizer que, em São Paulo, a casa é a que mais se aproxima do conceito dos bistrôs e brasseries parisienses.

Vou ter de voltar lá num fim de semana para experimentar os mexilhões, disponíveis apenas aos sábados e domingos, mas aprovei a bem temperada terrine campagne (R$ 10,50) de entrada. Entre os principais há steak tartar, sanduíches, quiches, peito de pato, peixe do dia e omeletes, além de uma espécie de escondidinho de rabada (R$ 23,50) muito saboroso, em que a carne (misturada também a um pouco de músculo) vem bem desfiada e coberta com purê de batata e migalhas de pão gratinados.

Quem pede o couvert (R$ 4,50), em que o pão é reposto sem maiores esforços do comensal, surpreende-se com a jarrinha de água “da casa” que completa o trio de itens, composto também por manteiga.

O leitor mais atento há de reparar no preço dos pratos: R$ 10,50 + R$ 23,50 + R$ 4,50. Com os 10% do serviço, gastei menos de R$ 42,00. Tentei puxar na memória a última vez em que gastei esse valor em um bar, consumindo petiscos e tomando um chopinho, e não consegui encontrar. (Na verdade, a relação preço-qualidade nos bares será tema de post em outra oportunidade).

Soa coerente, portanto, que o valor cobrado pelo serviço de manobrista do Le Jazz – terceirizado, diga-se – seja um dos mais em conta na região.

Se tem uma coisa que me irrita é o preço que se paga nesta cidade pelo serviço de manobrista. Em regiões como Jardins, Itaim e Vila Madalena, chega a parecer que há um cartel formado por empresas desse setor.

Acabei de fazer um breve levantamento com base na edição especial “Comer & Beber” da VEJA SÃO PAULO e constatei que dos 35 bares indicados na região Pinheiros/Vila Madalena, oito cobram R$ 15,00 para manobrar os carros, quatro cobram R$ 14,00, onze cobram R$ 12,00 e apenas três cobram R$ 10,00. Detalhe: são preços publicados em setembro de 2009!

Sim, há também os bares e restaurantes que zelam pelo veículo do cliente e não cobram (os manobristas se contentam com as gorjetas) e existem aqueles que não dispõem do serviço.

Mas a regra é ter uma empresa terceirizada, que vai cobrar um absurdo para, sabe-se lá, deixar seu carro na rua, em geral num trecho em que é proibido estacionar.

Ok, se num exemplo de correção levarem seu carro a um estacionamento, a devolução pode reservar surpresas, que só serão descobertas mais tarde: um arranhão no para-choque, o banco irritantemente deixado fora de posição, o rádio sintozinado na rádio que você mais detesta, a demora de 10, 15, 20 minutos até o carro chegar. Afinal, não raro uma mesma equipe de manobristas atende a mais de um estabelecimento ao mesmo tempo. Alguém já reparou, por exemplo, no uniforme dos funcionários que correm para lá e para cá para dar conta dos carros que chegam aos bares no cruzamento das ruas Aspicuelta e Fradique Coutinho, na Vila Madalena?

Resultado: ou nos conformamos em deixar na mão dessa turma o valor equivalente ao de dois ou três copos de chope, ou corremos o risco de notar, como já aconteceu com este trouxa que vos escreve, que o estepe, o som e os CDs preferidos foram surrupiados do interior do querido carrinho que tanto tempo você levou para pagar.

Le Jazz. Rua dos Pinheiros, 254, Pinheiros, tel. (11) 2359-8141.

PS: mudando de assunto… na mesa ao lado da minha, não tive como não reparar na conversa de dois casais. Na verdade, numa das partes de um dos casais, uma senhora de fino trato, 50 e muitos ou 60 e poucos anos de idade, que soltou em alto e bom som três pérolas enquanto eu me entretia com meu escondidinho.
Divido com vocês:
1. “Eu já fui em muito motel na minha vida” (pela surpresa do marido, ele não deve ter sido a companhia em todas as vezes)

2. “Ah, Zé Augusto, você é o Berlusconi brasileiro” (para o marido)

3. “Esta bolsa aqui é aquela que paguei 725 euros. Repara na qualidade das ferragens”