Salvem o Guanabara

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Fotos: Miguel Icassatti

Dia desses, resolvi levar minha família para dar uma volta no centro da cidade e almoçar por lá. Um passeio pelo centro, pra mim, é um pouco a tradução daquele pensamento de auto-ajuda: mais importante do que chegar ao objetivo, é você desfrutar do caminho.

Nesse sentido, fiquei por um lado contente com o que vi: ruas cheias de turistas e paulistanos a perambular pelos calçadões do centro velho, descobrindo ou revendo aqueles prédios lindos e as ruas históricas. Tem muita coisa legal acontecendo ali: Farol Santander lotado, Praça das Artes e a exposições, como a do Jean-Michel Basquiat no CCBB, que foi o nosso destino final.

Apesar desses pontos positivos, parece que não tem jeito: entra-e-sai prefeito, prefeito regional ou o que valha, e a gente percebe, se olhar bem, que ainda há muito abandono por lá: aquele comecinho da São João que leva ao Anhangabaú, em frente ao Martinelli, é um fedor só… O Vale do Anhangabaú, um deserto impermeável, cheira a xixi… Uma pena. Esse tipo de situação, tenho certeza, contribui para que as pessoas não se animem a frequentar a região.

Mas eu resisto. Passei por esse trajeto para chegar até o Ao Bar Guanabara, um dos mais antigos bares paulistanos, que foi aberto em 1910 na Rua Boa Vista e que desde 1968 ocupa a esquina da São João com o Vale do Anhangabaú, justamente. Nos bons tempos – talvez até uns dez anos atrás, o Guanabara era frequentado por políticos, advogados e empresários. Getulio Vargas e Santos Dumont, acredite, já estiveram ali. O bar rivalizava com o Lírico, na Líbero Badaró, e o Café Girondino, na Boa Vista com o Largo de São Bento.

O Guanabara passou por uma reforma pouco antes da Copa dos 7 a 1, tem um salão lindíssimo, amplo, com um mezanino e janelões (hoje protegidos por tristes grades) abertos para o Vale, mesas cobertas por toalhas brancas e colunas imponentes.

São receitas clássicas dali a coxinha creme (R$ 5,50), sanduíches, como o filé a pereira (filé-mignon, queijo-do-reino, pepino e alface, a R$ 23,00) e até um pintado assado na brasa com molho tártaro e arroz a grega (R$ 132,00).

Eu pedi uma feijoada, que no cardápio era recomendo para uma pessoa, mas que três pessoas comeriam facilmente: 45 reais, acompanhada de arroz, farofa, torresmo, três bistecas, couve, molho de pimenta e uma boa batidinha de limão.

Até aí, tudo corria bem, até que notei problemas nas duas mesas mais próximas. Numa delas, o casal pediu para devolver a carne, que havia sido pedida ao ponto e veio esturricada.

Na outra, uma mesa grande, com 7 ou 8 pessoas, o comensal chamou o gerente e reclamou, dizendo que a carne que havia sido servida a ele não era picanha, que é o que ele tinha pedido. O gerente, a bem da verdade, nem hesitou, tirou a carne da mesa e perguntou ao cliente se ele não queria escolher outra carne. Foi aí que achei estranho… Não era só trazer uma boa picanha ao reclamante?

Minutos depois paguei a conta e fui até a grelha assuntar com o churrasqueiro, que me confidenciou. Disse ele: “pois é, estão comprando carnes sem qualidade, o cliente tá certo em reclamar. Quem sabe assim o patrão não compra coisa melhor?”

Pois é. Minha sugestão é que os paulistanos, apesar dos pesares, não abandonem a região e seus símbolos urbanísticos, culturais e gastronômicos. Salvemos o centro. Salvemos o Guanabara.

Ao Bar Guanabara: Avenida São João, 128, centro.

Hot… dog ou pork?

 

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Hot Pork / Foto: Miguel Icassatti

Não vou entrar na discussão acerca da gourmetização do sanduíche, mas o fato é que cada vez menos o lanche feito de pão com salsicha vem sendo um simples lanche de pão com salsicha.

Na cidade do Porto, em Portugal, conheci finalmente um lugar chamado República dos Cachorros. “Finalmente” porque, sempre que pensava em ir pra lá, nas minhas recentes idas à cidade nos anos recentes, acabava me rendendo à Casa Guedes, vizinha, que tem um sanduíche de pernil sensacional (ainda me falta conferir a Santiago, endereço clássico das tradicionais francesinhas, e completar a trinca boêmia da Praça dos Poveiros).

Ali, eu pude comer um gostoso cachorro-quente à moda portuense. Ele leva um pão tipo baguete, uma salsicha caseira (fornecida há décadas por um senhor que prepara com exclusividade para a casa, e recheada de carne de porco), molho picante, queijo. O lanche é prensado na chapa e servido cortadinho, como aperitivo. Paguei 4 euros (uns 16 reais).

Aqui em São Paulo, ouso dizer que o Hot Pork, o cachorro-quente lançado pelo chef Jeferson Rueda, no centro, é um divisor de águas.

O sanduíche é servido num pão tostado de 16 centímetros de comprimento e uma salsicha feita ali mesmo, na lanchonete fica numa esquina atrás do prédio do antigo HIlton, só com carne de porco. Os temperos (ou acompanhamentos) incluem ketchup de maçã com especiarias, mostarda fermentada com maionese e tucupi e, bem à moda dos hot-dogs das esquinas nova-iorquinas, um picles de cebola roxa. Custa 15 reais.

Pra acompanhar o lanche, eu recomendo a cerveja da casa, levemente adocicada e refrescante, a WitPork, que sai a 12 reais.

Na minha opinião, nem o lanche da República dos Cachorros nem o Hot Pork são os melhores cachorros-quentes do mundo. São gostosos, levam ingredientes da melhor qualidade, mas jamais terão o sabor do dogão ordinário vendido na saída do Morumbi, que a gente come feliz da vida depois de uma vitória do Tricolor.

Hot Pork. Rua Bento Freitas, 454, Centro.

República dos Cachorros. Praça dos Poveiros, 30, Porto.

Dois botecos em um

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Fotos: Miguel Icassatti

Com um bom atraso, conto aqui uma breve e felicíssima experiência que tive nas duas horas livres em Madri, em fevereiro passado, durante a conexão do meu voo de volta do Porto ao Brasil – duas horas, que fique entendido, mais o tempo necessário para fazer os procedimentos de desembarque e embarque, além do trajeto de ida e volta entre o aeroporto de Barajas e a cidade, é claro.

Nesses 120 minutos, resolvi rever um boteco que conheci em 2015 e que desde então passou a ocupar minha lista dos prediletos: La Bodega Ardosa.

Peguei o metrô, desci na estação Tribunal e caminhei três quarteirões num friozinho danado, sob aquela chuvinha de molhar bobo, até a Ardosa, que fica muito perto do Mercado de Santo Ildefonso.

É um bar existe desde o fim do século 19, é a coisa mais linda, com ares de pub, cardápio escrito em lousas, gente, turistas a entrar e a sair o tempo todo, e um cardápio de tapas e pintxos muito bem feitos.

O relógio marcava umas 8 e meia da noite, o salão estava cheio e me aboletei no balcão. Pedi um copo de vinho Rioja e uma tortilla de batata, que veio servida com um pão absolutamente delicioso.

Tomei uma segunda taça e resolvi pedir a conta porque ainda tinha uns 30 minutos livres.

Foi quando lembrei que, entre a estação de metrô e o bar, eu havia passado por outros dois ou três bares que me pareceram interessantes.

Eis que junto da dolorosa, recebi um voucher para provar, gratuitamente, as “melhores batatas bravas do mundo”, num bar que fica exatamente ao lado de La Ardosa.

E foi o que fiz. Peguei minha mochila, sacola, guarda-chuva, voucher e desembarquei no balcão do bar vizinho, Casa Baranda.

No balcão, entreguei o papelzinho ao barman, pedi uma cerveja e ganhei uma porçãozinha de azeitonas como cortesia.

E, naquele balcão, diante de uma parede repleta e réplicas de cartazes de touradas, além de barris contendo vinhos Jerez, me dei conta desta maravilhosa tradição dos bares madrilenhos, que é a oferta de um pratinho com aperitivo a quem chega ao balcão.

Essa gentileza talvez seja a primeira lição de marketing que os bares do mundo todo poderiam aprender com os de Madri.

A segunda é essa ideia do voucher de cortesia para quem queira degustar uma porção em um outro bar. É claro que, vim a saber ao perguntar pro barman, o Casa Baranda pertence ao mesmo dono de La Bodega Ardosa. Enquanto eu bebia minha cerveja, vi um casal chegar com o mesmo voucher, pedir as batatas e enquanto esperava o preparo, consumir duas taças de vinho.

Não seria uma boa se alguns botecos paulistanos que são geridos pelos mesmos donos se inspirassem nessa história? Certamente sairiam ganhando. Portanto, #ficaadica.

 

Fado com patanisca – no Canindé!

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Foto: divulgação / facebook.com/caisdoportotaberna/

Vamos comer pataniscas?

As pataniscas são pedaços, iscas de bacalhau desfiado, passadas na farinha de trigo e no ovo, e temperadas com salsinha, sal, pimenta e azeitonas descaroçadas.

Já ouvi duas versões da origem desse petisco: uma que seria a região da Estremadura e outra, a região do Porto de Lisboa, onde os mercadores de bacalhau vindos da Galícia, ao norte, jogavam fora as aparas do peixe e o pessoal mais pobre que vivia por ali reaproveitavam esses restos, até que criaram essa pequena maravilha.

Visualmente, lembra os bolinhos de arroz que nossas avós, pelo menos a minha, faziam com as sobras do almoço ou do jantar do dia anterior.

Em São Paulo, o primeiro lugar em que provei as pataniscas foi a Taberna do Cais do Porto, que fica no Canindé, na sede da Portuguesa de Desportos, a querida Lusa.

É um lugar muito acolhedor, simples, e que serve cozinha portuguesa tradicional. Nas noites de quinta a sábado – que é quando eu recomendo uma visita -, a dona Teresa Pires, dona da Taberna, nascida na região de Trás-os-Montes, faz apresentações de fado.

Boa pedida para esta noite, que tal?

Taberna do Cais do Porto. Rua Comendador Nestor Pereira, 33, Canindé, Portuguesa de Desportos.

 

 

De volta à Mercearia ZN

Fotos: divulgação / merceariazn.com.br

A Zona Norte de São Paulo é a região onde cresci e tenho muitos amigos de uma vida inteira. Volto lá sempre que posso, e para encontra-los.

Um desses encontros recentes foi na Mercearia ZN, um bar que existe há quase duas décadas e que fica no Jardim França, ali próximo à Água Fria, Tucuruvi, em uma região residencial, em meio a prédios altos e ainda belos casarões.

O Mercearia ZN foi aberto em outubro de 1999, tem quase 19 anos, portanto, na época em que a cidade vivia o boom dos chamados “botecos-chiques”, conceito no qual podemos dizer que se enquadram bares como o Filial, na Vila Madalena, o Juarez e o Original, em Moema, talvez o primeiro a se encaixar nessa definição. São, digamos assim, botecos não tão pés-sujos, ao contrário, que têm decoração vintage, à moda dos anos 40 e 50, com azulejos nas paredes, que valorizam o chope bem tirado e que dedicam atenção também à cozinha.

Nessas duas décadas muitos desses botecos-chiques ficaram só na modinha e morreram.

Os bons estão aí até hoje e o Mercearia ZN é um deles. O bar tem um ambiente muito gostoso e eu destaco especialmente a varanda, bem agradável, que semicircular, que acompanha o desenho da calçada. Uma curiosidade, falando ainda do ambiente, é que as fotos expostas nas paredes foram selecionadas pelo saudoso Rudá de Andrade, cineasta, escritor, um dos fundadores do MIS (o Museu da Imagem e do Som) e filho dos escritores Oswald de Andrade e Patricia Galvão, a Pagu.

O cardápio variado, que lá no início foi montado pelo chef Sergio Arno, tem coisas bacanas: a começar pelo balcão de acepipes frios, queijos e conservas (12,50 cada 100 gramas). Eu recomendo também o bolinho de mandioca com queijo-coalho e carne-seca (7,55 a unidade) e o escondidinho de carne-seca com purê de mandioca (43,99 a porção).

Para beber, eu recomendo fortemente o chope, talvez um dos melhores da zona norte e da cidade, daqueles leves, tirados com delicadeza para que se preserve o colarinho, a temperatura e a qualidade da bebida. Para o ouvinte ter uma ideia, a serpentina – que é aquela mangueira refrigerada que conecta o barril à chopeira, tem 150 metros de extensão e é, justamente, o que garante a temperatura da bebida.

Mercearia ZN. Rua Casa Forte, 438, Jardim França.

 

Camdem, a melhor cozinha de pub em SP

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Scottish egg do Camdem House / Foto: divulgação camdemhouse.com.br

Boteco é um ambiente, uma conquista universais. Cada país ou cultura tem o seu “pé-sujo” típico. Na Alemanha, por exemplo, existem os Knipes, que são lugares majoritariamente frequentados por homens, em especial torcedores de futebol, que se reúnem para assistir às partidas, bater papo e beber cerveja – a cozinha desses lugares é que costuma ser sofrível.

No Japão (e em São Paulo, conforme já recomendamos aqui na coluna) há os yzakaias, que são pontos de encontro para beber saquê, uísque e comer petiscos quentes (nada de sushi!). Na Península Ibérica estão os bares de tapas espanhóis e as tascas portuguesas, que há meu ver são as ancestrais dos botecos brasileiros.

Todos esses lugares, porém, guardam semelhança entre si e parentesco direto com os Pubs britânicos.

Pub é a corruptela de “Public House”, estabelecimento que, na terra que será herdada por vossas altezas os bisnetos da rainha Elizabeth II, tem permissão real para vender bebidas alcoólicas.

Estima-se que na Grã-Bretanha existam perto de 60.000 pubs. Assim, nos pequenos vilarejos pelo interior, ou mesmo nos bairros, acabam por ser um ponto de encontro e de referência das comunidades locais.

Não ocorre o mesmo com os nossos queridos botecos?

Pois é, eu fiz essa digressão porque recentemente eu estive num Pub paulistano que, diferentemente dos demais – que se destacam por ter bandas de rock ao vivo e um clima de paquera bem marcante, casos do Finnegan´s, do Kia Ora e do All Black, por exmeplo – me chamou a atenção pela alta qualidade dos petiscos.

Estou falando do Camdem House, no Itaim Bibi, um pub em geral tranquilo, ideal para quem queira petiscar algo diferente e conversar.

Eu provei o fish and chips, tradicionalíssima porção de peixe fresco empanado com batata-frita, (34 reais), que na versão da casa vem molho tártaro e purê de ervilhas.

Também experimentei as sausage rolls, que são pedaços de linguiça caseira envoltas em massa folhada e servidos com molho barbecue (35 reais).

E há ainda outro clássico britânico, o scottish egg, que aqui no Brasil chamamos por bolovo.

Para beber há uma interessante seleção de cervejas inglesas, é claro, em garrafa, além de cervejas tiradas da torneira na hora. Algumas delas, em certos dias da semana, até entram em promoção.

Entre as inglesas de garrafa está a Old Speckled Hen, uma bitter ale, amarga, da qual gosto muito (25 reais). E entre as seis opções da torneira, há sempre um rótulo rotativo a cada semana e a Bamberg Pilsen, do interior de São Paulo, cujo pint (copo de 568 mililitros) custa 15 reais – e foi a que eu tomei.

Candem House. Rua Manoel Guedes, 243, Itaim Bibi.

Komah, o coreano na Barra Funda

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Yukhoe, um dos pratos do Komah / Foto: divulgação Komah

Eu tenho muito carinho pelos coreanos, porque durante minha infância e adolescência no bairro do Pari, tive vários amigos nascidos na Coreia do Sul: o Luis Cha, o Hye, o Jun, a Patricia, entre muitos outros – e, salvo engano, um amigo nortecoreano, o Sung.

Desse convívio, eu lembro das lojas de confecção pela região do Brás, dos mercadinhos e de algumas coisas que aprendi a comer com eles e a gostar. Por exemplo, a sopa coreana (repleta de vegetais, ovo – que cozinhava no próprio calor da sopa e muita pimenta) e algo mais exótico, que provei uma vez no restaurante de um amigo, que foi um contra-filé temperado com mel e grelhado em uma churrasqueira portátil que era encaixada em um buraco que havia no meio da mesa.

Passaram-se muitos anos até que eu provasse alguma receita coreana novamente, e foi no Bueno, um yzakaia (ou boteco japonês), que saiu da Liberdade e foi para a Alameda Santos. Ali vale a pena provar o bibimbap, que é uma espécie de um mexidão de arroz com vegetais, carne e ovo, preparado em panela de pedra superquente.

E recentemente estive duas vezes no Komah, uma casa que foi aberta na Barra Funda em 2016 pelo cozinheiro Paulo Shin, que criou receitas coreanas clássicas com toques contemporâneos e que também faz receitas que aprendeu com a mãe.

A melhor maneira de provar essas delícias é por meio do Banquete, que é como a casa chama o menu degustação.

Por 80 reais, uma pechincha!, estão incluídos os BANCHANS (que são uns acompanhamentos e conservas) e coisas deliciosas.

A primeira delas é o YUKHOE, um bife tartare (que nós botequeiros costumamos chamar de carne de onça), feito com carne bovina congelada e gema curada no shoyu.

O KIMCHI BOKUMBAP é uma omelete cremosa servida com arroz apimentado, um prato muito gostoso.

E eu gostei muito da SAMGIOPSAL, que é a barriga de porco assada, e que vem com uma casquinha, acompanhada de uma mistura apimentada composta de gergelim, arroz e cebolinha. É para ser comida com as mãos, enrolada com folhas de dois tipos de alface, como se fosse uma trouxinha.

Por fim, o GALBI JIM, que é uma costela de boi com shoyu e gengibre.

Para beber, eu destaco as opções de cervejas, são 6, entre elas a Maniacs Pilsen, bem refrescante e levinha.

Uma vez que o Komah é pequeno – atende a 30 pessoas por vez, num salão bem casual, de frente para a cozinha aberta – este feriado pode ser uma boa alternativa a quem queira conhecer um lugar que vem fazendo sucesso e que fica fora dos roteiros boêmios tradicionais.

Komah. Rua Cônego Vicente Miguel Marino, 378, Barra Funda.

Uma segunda-feira na Pompeia

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Fotos: Miguel Icassatti

Segunda-feira é para os fortes. E para os garçons, cozinheiros, barmen que deram um duro danado no fim de semana, em geral, é dia de folga. Muitos bares e restaurantes nem abrem – no Rio de Janeiro, inclusive, rola já há uns quinze anos, toda segunda-feira à tarde, o Samba do Trabalhador, no Clube Renascença, no Andaraí, zona norte do Rio. Eu estive lá uns atrás e é uma balada simplesmente sensacional, que recebe muitos desses profissionais da boemia.

Pois existem algumas exceções que, felizmente, ficam abertas para receber os botequeiros nas noites de segunda-feira. E uma delas é o Petiskin do Bob, um boteco muito legal que fica no bairro da Pompeia.

O relógio marcava precisamente 8h22 da noite de segunda-feira quando cheguei ao Petiskin e toda as mesas estavam ocupadas: tanto as da calçada como as do salão. Sobrou apenas o “carretel”, conforme me indicou a garçonete, que na verdade eram dois desses carreteis de cabos elétricos que empilhados, faziam a função de balcão, no meio-fio mesmo.

Olha, fiquei contente por ver um bar cheio em plena segunda-feira!

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Enquanto esperava por uma mesa, tomei uma cerveja ali mesmo. Fiquei observando as lousinhas penduradas nas paredes e numa árvore em frente ao bar e percebi que a especialidade da casa são os pratos e petiscos com frutos do mar: moqueca e bobó de camarão (para duas pessoas, 115,90 cada um), casquinha de frutos do mar (24 reais a unidade) e os bons pasteizinhos de camarão (27 reais a porção dos 6 unidades) chamaram minha atenção entre outras receitas.

Para beber há de tudo um pouco: cervejas (Heineken, 13 reais), uns 15 rótulos de cachaça (a Solar, de Parati, por exemplo, sai a 15 reais a dose) e drinques. Eu pedi uma caipirinha (19,50), que veio com pouco gelo, mas pedi mais à garçonete, que me trouxe prontamente e pude dar um upgrade no meu próprio copo.

No fim das conta, foi uma segunda-feira, vamos dizer, de primeira!

Petiskin do Bob. Rua Miranda de Azevedo, 658, Pompeia.

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Conexão Floripa-Perdizes

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Fotos meia-boca: Miguel Icassatti

Você deve conhecer o Bar das Batidas, em Pinheiros. Talvez não por esse nome, mas se eu disser que ele fica atrás da Igreja de Nossa Senhora do MontSerrat e que, por isso, é conhecido por um apelido que presta uma, ahnnn, digamos, homenagem ao padre, vai se lembrar de qual bar estou falando?

Pois bem, não vamos falar dele, mas de um outro bar que fica também atrás de uma igreja, no caso da Igreja de São Geraldo das Perdizes, que por sua vez está instalada no Largo Padre Péricles.

Eu estou falando do Armazém Garnizé, um boteco que foi inaugurado no fim de 2017 e que vem atraindo um público meio no boca a boca, gente da região, jornalistas, hipsters.

Tem um ambiente sem muita firula, bem alternativo, com balcão de cimento queimado, paredes com reboco do azulejo.

Ele pertence a um casal que veio de Santa Catarina e tem como destaque uma boa carta de cervejas artesanais e especiais sobretudo brasileiras, que varia de tempos em tempos.

Sempre estão disponíveis pelo menos uma ou duas opções de chope – o Coruja Pilsen, do Rio Grande do Sul sai a 14 reais, por exemplo – e várias ervejas em garrafa e lata e dos mais diferentes estilos: além da Pilsen tem as India Pale Ale (IPA) e a American Pale Ale (APA), que são mais amargas, entre outras.

As gaúchas – não por acaso, no Brasil há cerca de 680 microcervejarias e o estado do estado do Rio Grande do Sul é o campeão, com cerca de 150 delas – acabam por se destacar. A Tupiniquim sai a 23 reais e a Clementina a 27 reais.

Há apenas três, poucas mas boas opções de cachaça: as catarinenses Byllard (7 reais a dose) e Imperador (17 reais a dose), além da mineira Porto do Viana (15 reais a dose).

A cozinha, que fica num canto do salão, tem dez opões de petiscos, duas de sanduíche e três de tábuas de queijos e embutidos.

Gostei bastante da porção de tulipa de frango com molhos de pimenta e de iogurte e ervas finas. Sai 30 reais e vem bem servida.

Entre os sanduíches, o de pernil custa 18 reais e é bem gostoso.

Armazém Garnizé. Largo Padre Péricles, 110 (ali na divisa entre Perdizes e Barra Funda).